Quem chega hoje a Francisco S�, cidade de 23,4 mil habitantes, a 485 quil�metros de Belo Horizonte, n�o encontra mais aquele aspecto desolador, com vegeta��o esturricada e carca�as de animais no meio do pasto, verificado ao longo de quase oito meses, quando a regi�o enfrentou uma das piores secas da hist�ria. O verde voltou e os agricultores come�aram a se animar, plantando suas ro�as. Mas � falsa a impress�o de que est� tudo bem. O munic�pio, onde foi decretado estado de emerg�ncia em 25 de setembro, continua sofrendo com a heran�a da estiagem, com racionamento na �rea urbana e milhares de fam�lias da zona rural abastecidas por caminh�es-pipa.
Como medida para evitar o pior em 2015, a prefeitura decidiu manter o racionamento mesmo na �poca das chuvas. Mas a limita��o do abastecimento na �rea urbana ao per�odo de 9h �s 18h � apenas um paliativo. “Estamos nas m�os de Deus. N�o temos alternativa para resolver o problema da �gua se n�o chover”, diz o secret�rio.
Da barragem do S�o Domingos tamb�m � retirada a �gua transportada em caminh�es-pipa para a zona rural. Segundo a prefeitura, cerca de 7 mil fam�lias de 100 comunidades continuam sendo abastecidas por 12 ve�culos, como em pleno per�odo seca.
Morador da comunidade de Tra�adal, Jos� de Aguiar Neto recebe �gua do caminh�o que visita o lugar a cada 15 dias. Na localidade h� po�o tubular, mas a �gua � salobra – impr�pria para o consumo humano. N�o existe �gua de superf�cie, pois o C�rrego Tra�adal, completamente assoreado, permanece seco mesmo ap�s as �ltimas chuvas. O agricultor lamenta os preju�zos, pois quase perdeu seu gado. “Vendi 60 cabe�as pela metade do pre�o, para n�o deixar morrer de fome”, relata.
Os efeitos da estiagem prolongada s�o sentidos tamb�m em cidades como Monte Azul, no extremo Norte de Minas. O prefeito Jos� Edvaldo de Souza (PP) disse que a chuva do fim de outubro elevou para 60% o n�vel da barragem que abastece a �rea urbana. Por�m, mais de 600 fam�lias da zona rural continuam recebendo �gua por caminh�o-pipa. “Choveu no fim de outubro e no in�cio de novembro. Depois, faltou chuva e o pessoal perdeu tudo o que plantou. Continuamos precisando de muita chuva”, resume o prefeito.
