Processo para reconhecer santidade de padre que viveu em Minas come�a amanh�

Mission�rio, homem de grande espiritualidade e religioso empenhado em obras que mesclaram educa��o, amor � comunidade e aten��o aos jovens, idosos e necessitados. Assim foi a vida do padre belga J�lio Maria de Lombaerde (1878-1944), que viveu 32 anos no Brasil, metade dos quais em Minas, especialmente em Manhumirim, na Zona da Mata. Amanh�, na Matriz do Bom Jesus, na cidade distante 325 quil�metros de Belo Horizonte, a trajet�ria dele ganhar� mais destaque com o ato jur�dico de abertura do processo de beatifica��o e canoniza��o. As atividades incluem quatro dias de confer�ncias, oficinas e ora��es e ter�o a presen�a do postulador ou advogado da causa, o italiano Paolo Vilotta, que vir� de Roma, It�lia. As solenidades ser�o presididas pelo bispo de Caratinga, dom Emanuel Messias de Oliveira.

Entusiasmado com a iniciativa – a abertura do processo foi autorizada pelo Vaticano h� um ano –, o vice-postulador da causa, padre Heleno Raimundo da Silva, de Manhumirim, conta que o religioso j� intitulado servo de Deus trabalhou em tr�s continentes (�frica, Europa e Am�rica) –, embora n�o se registrem ainda milagres. “Temos muitas b�n��os e gra�as alcan�adas por intercess�o dele e, agora, come�aremos a fase diocesana, com pesquisas para dar suporte � causa de beatifica��o. Ele foi um mission�rio por excel�ncia. No pa�s, trabalhou tamb�m no Rio Grande do Norte, Par�, Amap�”, diz o vice-postulador.

Minas j� tem dois candidatos a santo, que s�o os beatos Padre Eust�quio e Nh� Chica. � espera de um milagre para a beatifica��o, est�o Padre Victor; Madre Tereza Margarida do Cora��o de Maria, conhecida como Nossa M�e; Irm� Benigna; Monsenhor Alderigi; Madre Maria Imaculada; Dom Vi�oso; Dom Luciano; Monsenhor Horta; Isabel Cristina; Floripes Dornelas de Jesus (Lola) e Padre Lib�rio. O holand�s Padre Eust�quio, que morreu em Belo Horizonte em 1943 aos 53 anos, dedicou-se ao sacerd�cio em Po� (SP) e Minas. Foi beatificado, em cerim�nia no est�dio do Mineir�o, em 15 de junho de 2006. J� Francisca de Paula de Jesus, a Nh� Chica, nascida em 1810, no distrito de Santo Ant�nio do Rio das Mortes Pequeno, em S�o Jo�o del-Rei, na Regi�o do Campo das Vertentes, foi beatificada com grande festa em 2013.

Dedica��o
Padre Heleno informa que a vida do religioso belga foi sempre de grande dedica��o �s obras sociais, �s pessoas em trajet�ria de risco e vulnerabilidade, � sa�de e � vida intelectual, j� que escreveu mais de 100 livros. O seu legado inclui, em Manhumirim, a constru��o do Semin�rio Apost�lico, Gin�sio Pio XI (obra marcante da arquitetura local, em harmonia com o semin�rio e a igreja matriz), Col�gio Santa Terezinha, Hospital Padre J�lio Maria, Patronato Agr�cola Santa Maria, que ainda hoje acolhe crian�as em situa��o de vulnerabilidade social, e Asilo S�o Vicente de Paulo, para idosos.

A semente plantada pelo servo de Deus se enraizou e se difundiu Brasil afora, pois fundou tr�s congrega��es religiosas: Filhas do Cora��o Imaculado de Maria, Mission�rios de Nossa Senhora do Sant�ssimo Sacramento e Irm�s Sacramentinas de Nossa Senhora. Na v�spera do Natal, a Congrega��o dos Mission�rios de Nossa Senhora do Sant�ssimo Sacramento, tamb�m conhecida como Congrega��o dos Mission�rios Sacramentinos de Nossa Senhora, lembrou os 70 anos de morte do padre J�lio Maria, que est� sepultado no distrito que leva seu nome, no munic�pio de Alto Jequitib�.

Simp�sio
J� est� em andamento um simp�sio de estudos, com palestras e oficinas sobre temas referentes � vida e � obra de padre J�lio Maria. V�o participar estudiosos de Minas, Amap�, Amazonas, Alagoas, Cear�, Pernambuco, Piau�, Esp�rito Santo, Rio de Janeiro, S�o Paulo, Paran� e Mato Grosso. Padre Heleno revela que, ap�s iniciado o processo, haver� “o longo e delicado trabalho das comiss�es, que levantar�o dados sobre a santidade do candidato, bem como a retid�o de suas a��es e prega��es. Uma vez conclu�da a etapa, os documentos ser�o enviados a Roma, quando se iniciar� nova fase. Aprovados os documentos, ser� necess�ria a comprova��o de dois milagres: um para a beatifica��o e outro para a canoniza��o”.

Como � o processo
Os processos de beatifica��o podem ser longos e demorar quase cinco d�cadas, como ocorreu no caso de Padre Eust�quio.

Tudo come�a com a fama de santidade e virtude do candidato a beato, junto a um clamor da popula��o. Os processos, com autoriza��o do Vaticano, come�am cinco anos depois da morte do candidato a beato.

Quando come�a o processo, a pedido de uma congrega��o, de uma diocese ou outra institui��o ou ordem religiosa, o candidato a beato pode ser chamado de “servo ou serva de Deus”. � preciso haver um milagre comprovado e que a medicina n�o consiga explicar, al�m de declara��o de gra�as alcan�adas, entre outras coisas.

A primeira parte do processo de beatifica��o se d� em n�vel diocesano e s� depois disso toda a documenta��o � enviada para Roma para an�lises, verifica��o das proced�ncias e outros aspectos.

Quando termina o processo de beatifica��o, come�a o de canoniza��o (tornar-se santo), sendo necess�ria a comprova��o de outro milagre.