
Glaucil�ndia –Para o povo p�o e circo. Mas, se n�o tem como contar com as duas coisas, � melhor ter alimento no lugar da divers�o. Com este pensamento, o prefeito da pequena Glaucil�ndia (Norte de Minas), Geraldo Martins de Freitas (PMDB), decidiu suspender o carnaval da cidade, com o argumento de que vai usar o dinheiro da prefeitura que seria gasto na folia, R$ 30 mil, para comprar cestas b�sicas e outros benef�cios para os moradores da zona rural do munic�pio que foram atingidos pela estiagem prolongada. A medida provocou pol�mica na cidade – de 3,2 mil habitantes, com a rea��o contr�ria do com�rcio local.
Outras cidades de Minas Gerais tiveram que suspender o carnaval por causa da crise h�drica. Glaucil�ndia n�o tem problemas no abastecimento, com a popula��o recebendo �gua captada em po�o tubular. “Mas, o nosso grande problema � que mais de 80% das lavouras de milho e feij�o foram perdidas”, justifica o prefeito Geraldo Freitas. Segundo ele, a estiagem prolongada prejudicou cerca de 400 fam�lias da zona rural,que dever�o ser contempladas com cestas b�sicas e sistemas simplicados de abastecimento de �gua, a serem adquiridos com os R$ 30 mil que seriam gastos com a contrata��o de bandas e montagem de palco e aparelhagem de som para o carnaval.
A medida provocou pol�mica na cidade, com os moradores se dividindo em rela��o ao cancelamento da folia para “comprar comida para os flagelados da seca”. “Sou contra a suspens�o da festa porque o carnaval � praticamente o �nico per�odo do ano que recebemos pessoas de outra cidade que d�o maior movimento no lugar”, afirmou Edite Alves dos Santos, dona de uma lanchonete na cidade.
Dona de um bar e mercearia em Glaucil�ndia, Gabriela Ferreira Pinto de Ara�jo protesta: “a gente paga os impostos em dia. Quando chega a �poca de ganhar alguma coisa no carnaval, ficamos sem o nosso ganha-p�o”. Gabriela disse que n�o pode ser contra o argumento do prefeito de querer auxiliar os antigos pela seca. “Mas, quero que seja provado que o dinheiro ser� mesmo aplicacado em coisas para ajudar quem precisa”. Django Nunes Ferreira, propriet�rio de outro bar na cidade,disse que tamb�m lamenta a n�o realiza��o do carnaval. “Mas, que sejam comprados mantimentos para ajudar quem sofre com a seca, n�o posso ficar contra”. Para amenizar a queda no faturamento, Django decidiu promover um “carnaval particular” no espa�o do seu estabelecimento que � dedicado a uma danceteria. “Para “n�o passar em branco, teremos som mec�nico, com musicas de carnaval e forr�”,informa.
J� a moradora Maria dos Anjos apoiou a suspens�o do carnaval. Ela � propriet�ria de um restaurante, que tem como clientela professores e servidores p�blicos. “Eu n�o gosto de carnaval. Sem a festa, a cidade tem paz e tranq�ilidade”, considera. A dom�stica Luciene Pereira dos Anjos tamb�m se declara a favor da medida tomada pelo executivo municipal. “� muito melhor ajudar as pessoas do que gastar dinheiro no carnaval”, disse. Entre os moradores de Glaucil�ndia, um dos poucos que n�o entra na pol�mica sobre a n�o realiza��o do carnaval � Constantino Luiz Neto. “Sou neutro”, diz. Ele explica: “sou pastor e pra mim, pouco importa realizar ou n�o o carnaval. N�o discuto isso”.
Na zona rural de Glaucil�ndia, a suspens�o do carnaval � comemorada com a esperan�a para a chegada de alguma ajuda para quem perdeu tudo coma seca. � o caso do agricultor Jer�nimo Roque Martins, de 70 anos, da comunidade de �gua Boa. Ele se viu obrigado arrancar os p�s de milho, sem colher nada, depois de ver a lavoura de um hectare destru�da pelo sol forte. “Essa medida foi muto boa. Carnaval s� traz desaven�a pra cidade. A gente que mora na zona rural est� precisando de muita ajuda mesmo”, relata ele.