Bertha Maakaroun e Guilherme Paranaiba

A Copasa estuda alternativas de rod�zio de �gua para a Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte e eventual racionamento considerando as caracter�sticas topogr�ficas que interferem na distribui��o da rede. Entre as possibilidades avaliadas est� o corte de �gua durante horas do dia, o que poderia reduzir os preju�zos ao abastecimento de comunidades mais altas. “Tanto quanto poss�vel, queremos manter o par�metro m�nimo de distribui��o nas diferentes regi�es da cidade”, afirma a presidente da Copasa, Sinara Meireles Chenna, em entrevista exclusiva ao Estado de Minas. “Estamos fazendo um estudo hidr�ulico que indique medidas que minimizem o problema do relevo”, completa, assinalando que qualquer linha de corte que venha a ser estabelecida adotar� como base o consumo m�dio do ano anterior. Os dados est�o sendo levantados neste momento por zona de abastecimento.
Enquanto faz a avalia��o, a Copasa alerta: a mudan�a no comportamento em rela��o ao consumo de �gua veio para ficar, e n�o pode ser apenas uma rea��o de curto prazo � crise. Para a empresa, neste momento a regi�o metropolitana j� enfrenta uma situa��o de escassez h�drica. “Entre 25% e 30% do volume dos reservat�rios � uma situa��o cr�tica. Soma-se a isso o fato de que a previs�o de chuva para este ano � 50% inferior ao que choveu no ano passado. Temos obriga��o de trabalhar com o cen�rio mais desfavor�vel para buscar alternativas e n�o sermos surpreendidos”, sustenta. O Sistema Paraopeba, que ao lado do Rio das Velhas abastece a Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, � composto pelos reservat�rios Serra Azul, Rio Manso e Vargem das Flores e operava ontem com 30,5% de sua capacidade. A vaz�o do Velhas tamb�m vem apresentando n�veis cr�ticos .
A redu��o do consumo � fundamental para que os reservat�rios da regi�o metropolitana suportem at� o fim do ano, quando, segundo a presidente da Copasa, poder� estar conclu�da uma nova obra em estudo: a capta��o de 5 metros c�bicos por segundo do Rio Paraopeba para levar at� a Esta��o de Tratamento de �gua do Rio Manso. O custo da interven��o est� estimado em R$ 150 milh�es, recursos que est�o sendo buscados junto ao governo federal. A Copasa pretende concluir at� mar�o o projeto, com in�cio das obras em abril.
A nova capta��o ser� feita por meio de um aditivo a uma parceria p�blico-privada (PPP) firmada pelo governo passado. O contrato foi assinado em 20 de dezembro de 2013, entre o governo de Minas e um bra�o da construtora Odebrecht, para amplia��o da capacidade de transporte de �gua entre os reservat�rios de Rio Manso e Vargem das Flores. Com ela, a meta � ampliar a distribui��o, hoje de 4 metros c�bicos por segundo, para 5,8 metros c�bicos por segundo. A previs�o de t�rmino de ambas as interven��es, que se complementam, � para o m�s de dezembro – portanto, s� na pr�xima esta��o chuvosa.
Outra interven��o que est� sendo estudada pela Copasa para melhorar as condi��es de abastecimento � a capta��o de 1 metro c�bico por segundo do mesmo Rio Paraopeba, neste caso com liga��o at� o reservat�rio Serra Azul, o que tem n�vel mais cr�tico. Para isso, uma licita��o realizada no governo passado ser� homologada, garantindo o servi�o, com custo estimado em cerca de R$ 25 milh�es. Mas, segundo Sinara, uma avalia��o ser� necess�ria antes de autorizar a obra. Isso porque a �gua do Serra Azul � considerada de boa qualidade e exige apenas filtra��o. Em outras esta��es s�o necess�rios outros dois tipos de tratamento, como decanta��o e flocula��o da �gua. “A �gua do Rio Paraopeba n�o tem a mesma qualidade da do Serra Azul. S�o necess�rias adapta��es no tratamento”, diz a presidente.
Ca�a-gotas
Uma das expectativas da Copasa para minimizar os efeitos da crise � resolver as perdas do sistema – o volume de �gua produzido que n�o chega ao consumidor final, porque se extravia no caminho. Entre 2011 e 2014, o �ndice de perda – entre vazamentos e liga��es clandestinas – saltou de 36,9% para 39,9%. Oitenta funcion�rios da estatal, divididos em 40 equipes apenas na Regi�o Metropolitana de BH, j� come�aram a identificar falhas, mas ainda n�o h� um balan�o do servi�o. Esse tipo de trabalho � considerado demorado, de longo prazo. A presidente da Copasa cita o exemplo de Portugal, que tinha perdas de 40%, como em Minas, e conseguiu reduzi-las para 7%. “Mas eles levaram 20 anos para resolver o problema”, diz Sinara.
Os investimentos para regularizar o fornecimento de �gua a m�dio prazo, al�m das medidas para conter perdas do sistema, contudo, n�o v�o dispensar a mudan�a de comportamento dos moradores da regi�o metropolitana em rela��o � �gua. “Minas Gerais sempre foi tratada como a caixa d’�gua do Brasil. Nossos sistemas s�o fortemente dependentes de �guas nos mananciais. E tem chovido um volume muito inferior � m�dia hist�rica. Vai ser preciso mudar a cultura”, avisa Sinara, lembrando ainda que � fundamental uma pol�tica integrada com outros �rg�os do governo, como a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel, para a preserva��o de matas ciliares e dos mananciais.
Crise em debate
Vereadores de Belo Horizonte marcaram para a pr�xima quinta-feira, na sede do Legislativo municipal, audi�ncia p�blica para debater a crise da �gua na capital, com convite �s principais autoridades do estado ligadas � quest�o. Ontem, parlamentares visitaram a Copasa para se informar sobre a situa��o do abastecimento. Ouviram da presidente da estatal, Sinara Meireles Chenna, que a situa��o � cr�tica e que a cidade continua sujeita a racionamento, caso n�o seja atingida a meta de economia de 30% no consumo.