Os corpos das seis v�timas da trag�dia na BR-381, Fern�o Dias, em Oliveira, no Centro-Oeste de Minas, foram liberados na madrugada desta sexta-feira do Instituto M�dico Legal (IML) de Campo Belo, na mesma regi�o do estado, e seguem para o vel�rio em S�o Sebasti�o do Maranh�o, no Vale do Rio Doce. Segundo Wakhysmam Soares Pinheiro, secret�ria do prefeito da cidade, os funerais ser�o coletivos e v�o come�ar ainda na manh� de hoje, na matriz de S�o Sebasti�o para as fam�lias cat�licas, e no sindicato rural para os evang�licos.
Wakhysmam acredita que os sepultamentos v�o ocorrer ainda nesta sexta-feira, em raz�o do estado dos corpos das v�timas. A prefeitura decretou tr�s dias luto e com�rcio da pequena cidade, de cerca de 10 mil habitantes, amanheceu com as portas fechadas. Nas portas dos locais, h� avisos explicando a medida.

No asfalto da Rodovia Fern�o Dias (BR-381), entre sacos de cimento e os destro�os de uma carreta que os transportava e de uma van que levava pessoas de Jundia� (SP) para S�o Sebasti�o do Maranh�o, no Vale do Rio Doce, ficaram espalhados brinquedos de crian�a ainda embalados e roupas embrulhadas para presente. Lembran�as que seriam dadas a filhos, netos e bisnetos dos seis passageiros que voltavam de viagem de lazer e trabalho, mas que acabaram mortos no km 605, na altura de Oliveira, na Regi�o Centro-Oeste do estado. O acidente, que matou tamb�m o caminhoneiro, ocorreu ontem, por volta das 6h, e deixou estarrecida a cidade de 10 mil habitantes de onde era a maioria das v�timas: o com�rcio fechou, as aulas foram suspensas, o prefeito declarou luto de tr�s dias e nas ruas ningu�m comentava outro assunto. Entre os mortos estava uma professora, a funcion�ria do �nico restaurante do munic�pio, a cunhada de um vereador e o dono de uma transportadora.
De acordo com a Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF), a carreta que transportava cimento seguia de Belo Horizonte para S�o Paulo quando atravessou a mureta de divis�o de pistas, entrou na contram�o e atingiu a lateral da van que viajava de Jundia� para S�o Sebasti�o do Maranh�o. Morreram o motorista da carreta, Dejair Coelho de Souza, morador de Santa Gertrudes (SP), um dos motoristas da van e dono do ve�culo, Ivanildo Alves Shimith, e as passageiras Ana Rodrigues Carneiro, de 75, Aparecida Carneiro Morais Costa, de 32, Ana Guedes Gomes dos Santos, Maria Aparecida Fonseca Pires e Rita Ferreira de Souza Alves. O segundo motorista, que estava ao volante na van, Adriano Jos� da Silva, sobreviveu e deu entrada com trauma de cr�nio na Unidade Regional de Pronto-Atendimento de Lavras, no Sul de Minas. Consciente, ele precisou ser transferido para a Santa Casa de Miseric�rdia da cidade e, segundo funcion�rios, est� no Centro de Terapia Intensiva (CTI).
Parte dos presentes espalhados pelo asfalto seria distribu�da pela matriarca da fam�lia, Ana Carneiro, entre os netos e bisnetos das fam�lias de seus 12 filhos. “M�e j� estava para mais de um m�s em S�o Paulo e sempre quando voltava da visita aos meus irm�os trazia lembran�as. Estou passada, � for�a de rem�dios. Mas a gente tem de ser forte, por que minha irm� Cida deixou tr�s filhos pequenos que v�o precisar da gente, porque o ex-marido dela mora em Jundia�”, disse a dona de casa Laurita Carneiro.

COMO��O Por causa das mortes, S�o Sebasti�o do Maranh�o estava deserta na tarde de ontem. O com�rcio baixou as portas. Das sacadas e varandas de casas e edif�cios, faixas pretas indicavam luto. Nas esquinas das ruas de cal�amento de paralelep�pedo, pequenos grupos de senhoras enxugavam as l�grimas com len�os, enquanto ouviam as not�cias. Outros, de olhares at�nitos, pareciam n�o acreditar que as pessoas que conheciam estavam mortas. “Somos todos como uma s� fam�lia e uma trag�dia dessas nunca tinha acontecido por aqui. As pessoas est�o chocadas. Gente passando mal e sem saber o que fazer nos procurou e estamos tentando ajudar nos tr�mites, com as not�cias, a burocracia e os vel�rios”, disse a secret�ria municipal de Sa�de, Renessa Alves Damasceno.
Segundo ela, no in�cio houve grande apreens�o por not�cias e confirma��o de nomes. “Chegou a ter tumulto, informa��es desencontradas, principalmente porque muitas v�timas viviam na zona rural. As fam�lias nos pressionavam, desesperadas por informa��es. Foi um sufoco at� mais ou menos meio-dia, quando por fim confirmamos a morte das seis pessoas da cidade”, conta Renessa. De acordo com a secret�ria, viagens a S�o Paulo s�o comuns para moradores da regi�o. Muitos v�o trabalhar, fazer compras e visitar parentes que se fixaram no estado vizinho. Uma das v�timas, Ivanildo Shimith, era conhecido por ser dono de uma das transportadoras que fazem o trajeto com frequ�ncia.
Como a prefeitura, a igreja tamb�m tenta confortar parentes dos mortos. “A comunidade est� sem acreditar, ap�tica e muito mexida. As pessoas daqui s�o muito religiosas e por isso logo que ficamos sabendo iniciei visitas �s comunidades rurais para ajudar. Esta � uma trag�dia que vai marcar a hist�ria da comunidade para sempre e vai ser preciso muita f� para superar”, disse o padre Amarildo Dias da Silva.
Enquanto pregava na entrada de sua sorveteria uma faixa negra de luto pelos conterr�neos mortos, a comerciante Iria de F�tima Moreira, de 39, disse nunca ter visto a cidade t�o abalada. “Conhecia algumas v�timas... N�o somente eles, mas tamb�m pais, filhos, netos, compadres. N�o tem como n�o ficar triste tamb�m. Por isso resolvemos estender a faixa de luto. � uma forma de nos solidarizar e de dar alguma for�a para as pessoas”, resumiu.
