
A sobretaxa ou sobretarifa na conta de �gua de quem gastar acima do consumo m�dio de 2014 e o racionamento come�ar�o em maio na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. As medidas dr�sticas foram anunciadas ontem pelo governo do estado depois da reuni�o da for�a-tarefa que culminou com a declara��o do estado de escassez h�drica na Grande BH, que j� vinha sendo avaliada desde janeiro, quando foi divulgada a necessidade de economia de 30% nos gastos dom�sticos, diante do n�vel baixo dos reservat�rios. E foi exatamente a falta de recupera��o dos mananciais, apesar das chuvas acima da m�dia em fevereiro, principalmente da bacia do Rio Manso, que pesou na decis�o de ontem. A 20 dias do t�rmino da esta��o das �guas (outubro a mar�o), as precipita��es m�dias do per�odo s�o as mais baixas das �ltimas tr�s temporadas. Para especialistas, o agravamento da crise h�drica refor�a a necessidade de conten��o dos gastos.
De outubro de 2014 a 1º de mar�o, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registrou m�dia mensal de 129,1 mil�metros de chuvas na Grande BH, o que representa 14,4% menos do que na temporada 2013/2014 (150,8 mil�metros) e 16,7% menor que na 2012/2013. Com isso, esta esta��o chuvosa � a mais seca das �ltimas tr�s temporadas, que em seu conjunto s�o consideradas as mais escassas dos �ltimos anos. Para ter uma ideia do vigor dessa estiagem, h� um ano eram 137 munic�pios mineiros com decreto de situa��o de emerg�ncia na Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) por causa de chuva. Ontem, havia apenas 18, e outros 127 em estado cr�tico por causa da seca.
Castigados pela falta de chuva, consumo crescente e perdas que chegam a 40% na distribui��o de �gua, os reservat�rios do Sistema Paraopeba tamb�m atingiram um n�vel 54,5% menor do que na �ltima esta��o chuvosa. O volume m�dio mensal do sistema foi de 33,6% da capacidade total de outubro de 2014 a 1º de mar�o deste ano, enquanto na temporada anterior (2013/2014) era de 73,8%, segundo a Copasa. “Essa seria a nossa reserva. Terminada a esta��o chuvosa, n�o teremos mais precipita��es significativas de abril em diante, ou seja, o abastecimento ter� de ser feito com o que resta nos len��is subterr�neos e nos reservat�rios”, alerta o meteorologista do Climatempo, professor Ruibran dos Reis.
Entre as medidas anunciadas pela Copasa para impedir o colapso de abastecimento est�o a sobretaxa para consumo superior � m�dia do ano passado, multa para quem desperdi�ar, rod�zio de fornecimento e racionamento. Pela proje��o do professor de engenharia hidr�ulica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Luiz Rafael Palmier, essas medidas deveriam ser adotadas apenas pouco depois de abril, quando a seca se impuser. “Em janeiro, a Copasa fez estimativas de quanto deveria ser economizado (30%), mas sem saber quanto de chuva viria. Quando eliminamos a chuva desse modelo, fica mais f�cil saber quanto resta de �gua nos reservat�rios, qual o n�vel dos len��is subterr�neos para recarga dos mananciais e quanto realmente se tem de reserva para atravessar a estiagem”, afirma.
SERRA AZUL � O MAIS CR�TICO
O sistema que se encontra mais esvaziado � o Serra Azul, em Juatuba, na regi�o metropolitana, que se encontra com 9,6% de seu volume total, mas chegou a concentrar apenas 5,66% em janeiro deste ano. O manancial foi o que desde ent�o recebeu maior volume de chuvas diretamente, chegando a 259,1 mil�metros apenas em fevereiro. O pior � o Vargem das Flores, entre Betim e Contagem, que conta atualmente com 30% de volume e recebeu no m�s passado 90,3 mil�metros de precipita��es. O outro reservat�rio que abastece o Sistema Paraopeba � o Rio Manso, em Brumadinho, que fechou ontem com volume de 43,1%. Ao todo, o complexo de abastecimento da Bacia do Rio Paraopeba estava ontem com 30,5%.
Seja como for, o conforto e a seguran�a que se tinha antes quanto ao regime de chuvas e a gest�o dos reservat�rios n�o se repetir�o mais, segundo os especialistas. “Antes, t�nhamos muitas sequ�ncias de chuva e um ou dois anos secos. Isso n�o afetava as capta��es superficiais porque os aqu�feros estavam carregados e mantinham a vaz�o durante a seca. Agora, a �gua dessa reserva est� se exaurindo”, diz o professor Luiz Palmier. “O regime de chuvas mudou com o aquecimento do planeta. Teremos de repensar tudo. Agora, n�o teremos mais chuvas bem distribu�das entre novembro e janeiro, mas dois meses muito intensos, capazes de causar muitos problemas, e o restante com uma seca mais vigorosa”, avalia o meteorologista Ruibran dos Reis.
