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Estado de Minas

Seca obriga pr�dios a adiar limpeza de caixa-d'�gua

Com a obrigatoriedade de lavar o reservat�rio de seis em seis meses e sujeitos a multas, s�ndicos est�o em d�vida se executam o servi�o devido � escassez do recurso na Grande BH


postado em 11/03/2015 06:00 / atualizado em 11/03/2015 07:56

Márcio Fernandes Sartori, síndico de um condomínio no Caiçara, adiou o serviço de limpeza da caixa em seu prédio: 'Estamos preocupados, pois o fornecimento tem sido interrompido no bairro'(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
M�rcio Fernandes Sartori, s�ndico de um condom�nio no Cai�ara, adiou o servi�o de limpeza da caixa em seu pr�dio: 'Estamos preocupados, pois o fornecimento tem sido interrompido no bairro' (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Lavar ou n�o lavar a caixa-d’�gua do pr�dio – eis a quest�o, em tempos de crise h�drica, para os s�ndicos de condom�nios residenciais e comerciais de Belo Horizonte. Mesmo com a recomenda��o das autoridades de se fazer a limpeza do reservat�rio de seis em seis meses, muitos est�o adiando o servi�o para evitar o desperd�cio de milhares de litros e, principalmente, com medo da falta repentina do recurso natural nas torneiras. No alto do edif�cio onde mora no Bairro Cai�ara, na Regi�o Noroeste, o empres�rio da constru��o civil M�rcio Fernandes Sartori conta que o servi�o � feito todo in�cio de ano, mas, desta vez, achou melhor esperar. “Estamos preocupados com a situa��o, pois o fornecimento tem sido interrompido no bairro. Al�m disso, devemos levar em considera��o a reserva t�cnica para uso dos bombeiros, em caso de inc�ndio”, afirma o s�ndico.

Com oito andares e 12 apartamentos, o edif�cio disp�e de caixa-d’�gua para armazenar 10 mil litros e um reservat�rio, pr�ximo � garagem no subsolo, com a mesma capacidade. “S� para encher a reserva t�cnica de inc�ndio s�o necess�rios dois dias, com a �gua jorrando 24 horas. Mas, se houver queda na press�o, o quadro complica: fizemos os c�lculos e verificamos que precisaremos de uma semana”, diz Sartori. “A crise mudou a vida da pessoas. Temos consumo relativamente pequeno. Decidimos n�o molhar mais o jardim e pensamos at� em substitu�-lo por plantas artificiais. A faxina nas �reas internas tamb�m mudou, com um gasto bem menor de �gua”, diz o s�ndico, consciente que � fundamental, antes de tudo, garantir a sa�de e seguran�a das fam�lias residentes.

J� na Regi�o Leste, o administrador de um pr�dio de dois blocos, cada um com 18 andares, concorda com as medidas tomadas pelas autoridades para economizar. “Temos tr�s caixas-d’�gua, duas maiores sobre cada bloco e uma menor, na garagem. H� dois anos, fizemos a limpeza. Deixamos a bomba desligada um dia antes para esgotar a �gua que vai para os moradores e ela acabou de madrugada. Sobrou a reserva t�cnica de inc�ndio, gastamos mais de uma hora para esvaziar, enfim, jogamos toda a �gua fora”, relata o s�ndico, que preferiu n�o se identificar. Nessa tarefa, ele estima ter desperdi�ado 100 mil litros de �gua e, por isso, j� pensa em n�o fazer a manuten��o este ano. “J� tinha adiado a limpeza exatamente para impedir o desperd�cio. Acho que n�o � hora de tomarmos esta atitude”, comentou. No Bairro Cidade Nova, na Regi�o Nordeste, um pr�dio de seis andares est� h� dois anos sem limpeza da caixa. Os moradores reclamaram de sujeira descendo pelos canos, mas acabaram achando melhor n�o jogar �gua fora nesse in�cio de ano.

O certo � que a limpeza das caixas dos pr�dios virou um dilema em BH. Mesmo com obrigatoriedade de manuten��o das caixas-d’�gua e sujeitos a multas pelo descumprimento da lei municipal, que determina a limpeza de desinfec��o semestral, os s�ndicos driblam seu planejamento. O motivo, segundo especialistas, � que toda a �gua armazenada tem que ser retirada e, na maioria das vezes, milhares de litros s�o desperdi�ados. Outro problema � que a �gua da reserva t�cnica de inc�ndio, compartimento pr�prio para os hidrantes, n�o pode ser esgotada no dia a dia.

RECOMENDA��ES A Copasa recomenda que, devido � crise h�drica, a limpeza das caixas-d’�gua seja feita somente ap�s o uso de toda a �gua estocada. Segundo os t�cnicos da estatal, o servi�o deve ser feito com o restante da �gua que ficar no fundo da caixa. “A companhia tamb�m recomenda manter a caixa-d’�gua bem tampada para que nenhum bicho ou impureza contamine a �gua tratada que chega aos im�veis. Se a caixa for subterr�nea, � indispens�vel observar se ela tem prote��o contra a �gua de chuva”, informou, em nota, a empresa.

DESPERD�CIO NA RESERVA T�CNICA Como a reserva t�cnica n�o pode ser esvaziada, milhares de litros de �gua s�o jogados fora todas as vezes que as caixas-d’�gua s�o esvaziadas. “Essa lei tem que ser modificada. Imaginem nesses anos todos quantos milh�es de litros de �gua foram jogados fora”, alerta o assistente administrativo Alexandre Miguel Rodrigues, que trabalhou 17 anos como profissional de limpeza de reservat�rios. Preocupado com a situa��o da crise h�drica na Grande BH, Rodrigues afirma que procurou diversas autoridades e �rg�os para tratar o assunto. “J� tentei contato com o Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam), Copasa, fui a C�mara Municipal, Assembleia Legislativa, e nada. Somente eu, em 2007, desperdicei 740 mil litros de �gua em limpeza dos reservat�rios.”

A implanta��o da reserva t�cnica de inc�ndio est� prevista na Lei de Preven��o contra Inc�ndio e P�nico. O Corpo de Bombeiros afirma que ela � importante para evitar inc�ndios e responsabiliza as empresas que executam o servi�o pelo desperd�cio. “Acredito que essas empresas t�m que dar outra destina��o a essa �gua, como coloc�-la em outro recipiente e aproveit�-la de outra forma, principalmente neste momento que estamos vivendo. Eu, particularmente,n�o vejo como problema da seguran�a contra o inc�ndio”, explica o capit�o Frederico Pascoal, da diretoria de Atividades T�cnicas dos bombeiros. O militar afirma que n�o h� previs�o para a mudan�a da legisla��o.

A Lei Municipal 6.673, de 1994, que trata das normas para assegurar a qualidade da �gua armazenada em reservat�rios, prev� que a limpeza e desinfec��o das caixas-d’�gua tem que ser feita em, no m�ximo, a cada seis meses. Os moradores est�o sujeitos a penalidades como advert�ncia e multa de R$ 1.842.


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