Duas regi�es de Belo Horizonte com forte voca��o para o setor de servi�os, com�rcio e atendimento p�blico v�o se tornar mais independentes do Hipercentro. No Barreiro e em Venda Nova, a ampla estrutura j� existente de lojas, ag�ncias banc�rias, faculdades, escolas e �rg�os de atendimento ao cidad�o ganhar� refor�o de duas unidades do BH Resolve. Quem mora nessas regi�es e hoje precisa ir ao Centro da capital em busca de servi�os da prefeitura ter� solu��es perto de casa para quest�es relacionados a impostos municipais, fiscaliza��o, licenciamento e regula��o urbana, entre outros.
O projeto executivo para constru��o das unidades est� em fase final de elabora��o e deve ser entregue at� o fim do m�s. Feita a licita��o, as obras devem come�ar no segundo semestre, com previs�o de durar oito meses ap�s a assinatura do contrato. O in�cio das atividades est� previsto para meados do ano que vem. A ideia de ampliar a rede BH Resolve e de inaugurar o Hospital Metropolitano do Barreiro, prometido pela prefeitura para agosto deste ano, n�o atende apenas a uma demanda da popula��o local, mas confirma uma certa autonomia dessas regi�es.
“J� passei dois anos sem ir ao Centro de BH. E sempre que posso, evito”, afirma a aposentada Helenice Aparecida Silva, de 50 anos, que mora no Barreiro h� 43 anos. Ela n�o � exce��o. A filha de Helenice, a enfermeira Carolina In�cia Siqueira Silva, de 25, trabalha no Bairro Luxemburgo, na Regi�o Centro-Sul. “Mas n�o passo de l�. Vou pela Avenida Amazonas e j� acho complicado porque o tr�nsito � intenso. Fora o trabalho, prefiro resolver tudo por aqui. O Barreiro tem quase tudo o que a gente precisa no dia a dia. Para ir ao Centro s� mesmo por alguma quest�o burocr�tica, de documentos ou servi�os”, afirma. Caroline diz que as compras, o lazer, o servi�o de bancos, o cinema e a maior parte das suas demandas di�rias s�o resolvidas perto de casa. O servi�o de sa�de, que no caso de m�e e filha � particular, tamb�m n�o exige grandes deslocamentos. A mo�a acredita que a implanta��o do BH Resolve facilitar� ainda mais a vida de quem mora na regi�o.
Regionais Atualmente, cada uma das nove regionais da Prefeitura de Belo Horizonte conta com postos de atendimento ao cidad�o que oferecem alguns dos servi�os do BH Resolve. Mas com a nova unidade, a gest�o regionalizada passa para a Secretaria Municipal Adjunta de Moderniza��o, com padr�o �nico e amplia��o das atividades. No Barreiro, a amplia��o ser� de 500 para 750 atendimentos/dia, e em Venda Nova, de 400 para 600. Nesta �ltima, o BH Resolve funcionar� na Esta��o BH BUS, e no Barreiro, no Restaurante Popular. As obras ser�o custeadas com 90% de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) e 10% do munic�pio. Segundo a secret�ria-adjunta de Moderniza��o, todas ter�o 20 guich�s, pessoal qualificado e o padr�o de atendimento da unidade do Centro, onde 4 mil s�o atendidas.
Para os moradores, a descentraliza��o � mais que bem vinda, tendo em vista o crescimento do Barreiro, que hoje tem cerca de 300 mil moradores e de Venda Nova, com 270 mil. A hist�ria do Barreiro come�ou bem antes da de BH. Data de 1855 a primeira men��o ao nome Barreiro. A partir de 1948, a regi�o j� contava com uma administra��o separada e, em 1997, a Regi�o do Barreiro foi criado por meio de lei sancionada pelo prefeito Patrus Ananias. “O Barreiro tem potencial enorme e conta com infraestrutura industrial, de transporte, de com�rcio muito forte”, afirma o presidente da Associa��o de Moradores do Bairro Milion�rios, Anderson Siqueira. Ele destaca tamb�m o atendimento de servi�os p�blicos, que inclui Sine, Uai Barreiro, Procon, Juizado Especial de Pequenas Causas e uma vara c�vel.
A auxiliar de servi�os gerais e produ��o Maria Jos� Santos, de 45 anos, apoia os novos servi�os. “Mesmo com o Sine aqui, �s vezes, vou � unidade no BH Resolve do Centro porque a oferta de vagas � maior. A situa��o deve melhorar com a nova unidade no Barreiro”, afirma, enquanto aguarda oportunidade de emprego no Sine Barreiro.
Em Venda Nova, a autonomia � semelhante. Segundo o empres�rio Ivan Domingues, de 49, que mora h� 37 anos na regi�o, percorrer as avenidas Ant�nio Carlos ou Cristiano Machado para chegar ao Centro, s� se n�o houver alternativa. “Geralmente, ningu�m passa da barragem da Pampulha, porque tudo pode ser resolvido por aqui. Antes, as pessoas at� iam para o Centro em busca de um m�dico especialista, um servi�o de melhor qualidade. Hoje, n�o � mais necess�rio. E o que n�o tem, a gente pede pela internet, por telefone, e recebe em casa”, conta.
Em rela��o ao Barreiro, Venda Nova tem vantagem quando o assunto � sa�de, j� que � atendida pelo servi�o de urg�ncia e emerg�ncia do Hospital Risoleta Neves. Existe ainda unidade do Corpo de Bombeiros e a regi�o ganhou recentemente outro shopping.
Transporte � o maior problema
Apesar da infraestrutura comercial e de servi�os, Barreiro e Venda Nova enfrentam problemas com tr�nsito e transporte, que est�o no topo das reclama��es. Quem precisa ir ao Centro de BH precisa percorrer pelo menos 15 quil�metros.
Desde o ano passado, as duas regi�es passaram a ser atendidas pelo BRT/Move, com vantagem para Venda Nova que conta, em sua maior parte, com acesso por corredor exclusivo da Ant�nio Carlos. Sem essas faixas, o Move do Barreiro trafega no sistema de faixas exclusivas em alguns trechos.
“Nosso sistema de transporte � muito ruim. E tamb�m � preciso melhorar o quadro de hor�rio dos �nibus, ampliar as linhas. Quando o hospital do Barreiro come�ar a funcionar, por exemplo, a demanda ser� maior, o que exige uma reestrutura��o”, afirma o presidente da Associa��o de Moradores do Bairro Milion�rios, Anderson Siqueira. “De carro, s�o pelo menos 30 minutos, sem engarrafamento. Com tr�nsito congestionado, mais de uma hora”, afirma. O aposentado Jos� Moura, de 62, tamb�m reclama. “O transporte p�blico � prec�rio e ir de carro � impratic�vel, porque n�o tem lugar para parar e os estacionamentos s�o muito caros”. Ir ao Centro s� quando n�o h� alternativa.
Em Venda Nova, mesmo com o Move, a popula��o se queixa das baldea��es e do tempo de espera pelo �nibus nas esta��es de transfer�ncia ou nos terminais de integra��o Pampulha e S�o Gabriel. “As pessoas podem deixar o carro na esta��o para ir ao Centro de �nibus, mas a demora na esta��o, �s vezes, � t�o grande que n�o compensa”, afirma o empres�rio Ivan Domingues.
A BHTrans aponta a implanta��o do BRT/Move como uma das a��es para incentivar o uso do transporte coletivo. A implanta��o de faixas exclusivas para �nibus e de terminal de integra��o para atendimento das regi�es Oeste e Barreiro est�o na lista de interven��es a serem executadas. Outra aposta, o programa Pedala BH, que estimula o uso de bicicleta, pretende ampliar o n�mero de viagens de 1% para 6% nos pr�ximos anos. Atualmente, BH tem 74,42km de ciclovias, com rotas tamb�m no Barreiro e em Venda Nova. A empresa conta ainda com planejamento espec�fico para opera��es de tr�nsito, al�m de sistema de c�meras de monitoramento para agilizar a solu��o nos casos de congestionamento, entre outras estrat�gias de opera��o vi�ria.