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Estado de Minas

Empres�rio cria sistema para captar de �gua da chuva e vira refer�ncia

Agostinho Miranda reduziu o consumo e o valor da conta pela metade depois que come�ou a captar �gua da chuva em casa. Experi�ncia bem-sucedida serviu de inspira��o para familiares e vizinhos


postado em 25/03/2015 06:00 / atualizado em 25/03/2015 07:06

Agostinho Miranda de Souza instalou um sistema de encanamento que canaliza água da chuva (foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
Agostinho Miranda de Souza instalou um sistema de encanamento que canaliza �gua da chuva (foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)

Para ele, o respeito � natureza e o combate ao desperd�cio s�o anteriores � crise h�drica que assombra o pa�s. Vem dos tempos de crian�a, do trabalho com cal�as curtas na horta do Bairro Milion�rios, na Regi�o do Barreiro, em Belo Horizonte. Agostinho Miranda de Souza, de 62 anos, conta emocionado os tempos de labuta, aos 10, “com os p�s descal�os” para ganhar trocados e ajudar a fam�lia numerosa – a m�e teve 18 filhos. A lida com o m�nimo, com o essencial, vem de sempre. O mo�o � exemplo para os mais pr�ximos e para os vizinhos. Para lidar com o risco iminente da falta d’�gua, al�m de reaproveitar os restos da m�quina de lavar, como muitos, Agostinho construiu uma engenhoca para guardar a chuva. Tamanho sucesso, a medida teve efeito multiplicador e j� � realidade na casa de parentes e inspira��o para vizinhos.

Com o encanamento especial na casa da Rua Maurilio Gomes da Silveira, o empres�rio do ramo de eletromec�nica baixou em 56% o custo na conta de �gua, enquanto o consumo caiu de 12 para 7 metros c�bicos. S�o cerca de mil litros coletados em uma hora de chuva moderada. O feito � motivo de orgulho para Agostinho. Ainda mais para a mulher, Ana Maria de Souza. Ela conta que logo que ouviu sobre a seca em todo o Brasil, especialmente sobre a situa��o em Minas Gerais, tratou de arranjar alguns gal�es para dar uso ao que viesse do c�u. Sem falar nas a��es de economia, j� praticadas em casa, como o tempo m�nimo de torneiras e chuveiros abertos.

Ana Maria conta que, logo que soube da crise, pediu para o marido providenciar os gal�es para o aproveitamento da �gua das calhas. Agostinho n�o s� providenciou os reservat�rios, como tamb�m bolou um projeto de encanamento para todo o telhado, com quatro coletores especiais. Um deles diretamente ligado a uma caixa d’�gua extra com capacidade para 500 litros. H� ainda um “ladr�o” no sistema para que a �gua seja renovada. Os gal�es no quintal ainda t�m uma grade com um filtro para que apenas a �gua seja coletada. “A gente passou a economizar e ainda a ter mais �gua para lavar terreiro, tapetes, cortinas, azulejos, banheiros e at� a roupa de cama”, orgulha-se Ana Maria.

Caixa de 500 litros armazena água da chuva no bairro Milionários, no Barreiro(foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
Caixa de 500 litros armazena �gua da chuva no bairro Milion�rios, no Barreiro (foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)

Para a dona de casa, n�o basta ter inten��o: “Tamb�m � preciso ter disposi��o e atitude, porque temos que carregar os gal�es e cuidar da limpeza da �gua recolhida”. Durante a visita da reportagem, choveu o suficiente para que os gal�es de 20, 30 e 50 litros transbordassem no quintal. “� uma pena a gente n�o ter condi��o de guardar mais �gua. A vontade � de poder distribuir para todo mundo”, diz Agostinho. O empres�rio demonstra ainda a preocupa��o em manter o telhado limpo para receber a chuva. “Poderia ser ainda melhor se as telhas fossem de melhor qualidade”, avalia.

Nunca desperdi�ar

Dos tempos de 17 irm�os – hoje s�o apenas quatro –, entre tantos os ensinamentos dos pais, Agostinho traz a li��o das responsabilidades em fam�lia. De n�o desperdi�ar nunca. “Fome a gente nunca passou, mas s� fui colocar um chinelo nos p�s com 14 anos”, conta. O empres�rio passeia com a emo��o pela linha da vida. Vai da felicidade � toa da inf�ncia de trabalho e escola, dos “jogos de bola” debaixo de chuva no campinho do Barreiro, � satisfa��o de ver os tr�s filhos muito bem criados, da felicidade vinda com o casal de netos.

Homem de paz e bem, Agostinho s� n�o d� conta de esconder a revolta em rela��o � corrup��o que toma conta do pa�s. Lamenta que a crise h�drica, “que a situa��o tenha chegado ao ponto que chegou”. Para o empres�rio, se o poder p�blico tivesse vontade pol�tica “a realidade seria outra”. Da aposentadoria pelos quase 30 anos de trabalho como eletromec�nico, e dos cinco sal�rios m�nimos, ficou 1,5. Mais um motivo de revolta. Entretanto, em boa companhia, dono de for�a e atitude exemplares, Agostinho n�o desiste nem baixa a cabe�a: “Estou feliz de fazer a nossa parte.”

 

Reservat�rios mais cheios
O n�vel dos reservat�rios que abastecem a Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte melhorou com a chuva dos �ltimos dias. O destaque fica por conta do Rio Manso, que ontem superou a metade de sua capacidade, com 50,2%, pela primeira vez este ano. O avan�o, por�m, est� longe dos registros anteriores. Em 2013, o n�vel da represa se manteve em 100% de fevereiro a junho. Em mar�o do ano passado, era de 91,7%. Houve tamb�m melhoria dos n�veis dos reservat�rios Serra Azul, que estava em 13,7% ontem; Vargem das Flores, com 38,2%; deixando o Sistema Paropeba com 36,9% de sua capacidade, o que n�o elimina a possibilidade de racionamento. J� a vaz�o do Rio das Velhas, na segunda-feira, foi de 104,6 metros c�bicos por segundo, mas o aumento da vaz�o altera com maior frequ�ncia, devido � varia��o de chuva.


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