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Estado de Minas

Hospitais especializados em oncologia s�o sufocados por cortes de verba

Enquanto isso, disparam os n�meros de diagn�sticos e de �bitos por c�ncer em Minas


postado em 08/04/2015 06:00 / atualizado em 08/04/2015 07:12

Jurandi: falta de sangue adiou várias vezes cirurgia para tratar câncer no intestino(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Jurandi: falta de sangue adiou v�rias vezes cirurgia para tratar c�ncer no intestino (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Um mal cr�nico e cujo diagn�stico costuma ser devastador, o c�ncer tem imposto a pacientes desafios ainda maiores do que o drama de lutar pela cura. Quem busca o tratamento de tumores em Minas vem sofrendo com os resultados de restri��es or�ament�rias e atraso nos repasses de verbas para hospitais credenciados, com repercuss�o na realiza��o de exames, compra de medicamentos e procedimentos como r�dio e quimioterapia. Outra parte do problema vem da defasagem dos valores pagos pela tabela do Sistema �nico de Sa�de (SUS), que n�o acompanha o pre�o das inova��es tecnol�gicas e das novas medica��es. Os problemas no servi�o oncol�gico do estado contrastam com o atual cen�rio da doen�a, com incid�ncia crescente.

De acordo com o Instituto Nacional de C�ncer, enquanto em 2002 foram estimados 39 mil novos casos de c�ncer em Minas, a previs�o para 2015 � 57,6% maior: 61,5 mil doentes. Segundo o DataSUS, do Minist�rio da Sa�de, nos 10 anos entre 2002 e 2012 – �ltimo dado analisado –, ocorreram 178.893 �bitos por c�ncer em Minas, com um crescimento em torno de 45% entre o ano inicial e o final. Aproximadamente 77% das mortes foram registradas entre a popula��o acima de 50 anos, o que evidencia a rela��o da doen�a com o envelhecimento. Dados que consideram apenas os �bitos em hospitais do SUS tamb�m indicam a tend�ncia de alta no problema: entre 2010 e 2014, houve aumento de 26,6% no total de mortes – um salto de 5.563 para 7.043.

Lidar com esse mal que n�o para de matar tem sido tarefa �rdua para os servi�os oncol�gicos na capital. De acordo com o coordenador do Servi�o de Oncologia do Hospital das Cl�nicas da UFMG, Andr� M�rcio Murad, o estoque de medicamentos � sempre baixo. No primeiro bimestre, a unidade conviveu com atraso e restri��es de verbas da Uni�o, e chegou a bloquear as primeiras consultas a pacientes. Agora, mesmo com a aprova��o do or�amento federal, ainda h� problemas. “Muitas vezes, deixamos de prescrever uma medica��o mais adequada, porque n�o h� o rem�dio ou porque � caro demais. Quando n�o tem, o paciente fica aguardando a compra”, disse. A estimativa do m�dico � de que entre 30% e 40% dos tratamentos e rem�dios estejam de algum modo desfasados, porque os valores pagos pelo SUS n�o foram atualizados. “O pior � que pacientes v�o � Justi�a e o hospital � obrigado a fazer compras de urg�ncia, a custos ainda mais altos”, explicou. O coordenador relata ainda que h� muita dificuldade para realiza��o de radioterapia.

No Hospital M�rio Penna, no Bairro Luxemburgo, Centro-Sul da Capital, respons�vel pelo tratamento de 70% dos novos casos de c�ncer na Regi�o Metropolitana de BH e 22% no estado, a situa��o n�o � diferente. A d�vida de R$ 11 milh�es acumulada nos dois primeiros meses por falta de verbas do governo federal quase levou � suspens�o do atendimento. Com o retorno dos repasses, a situa��o melhorou, mas ainda restam R$ 4 milh�es a pagar. “O c�ncer � uma doen�a que n�o pode esperar tr�mites burocr�ticos. O que aconteceu em janeiro e fevereiro n�o pode voltar a ocorrer”, disse o superintendente comercial da unidade, Alexandre Ferreira.

O drama se repete no Hospital S�o Francisco, na Regi�o Nordeste de BH. De acordo com o diretor cl�nico do Servi�o de Oncologia, Leandro Ramos, a unidade ficou dois meses sem receber verbas federais. “A situa��o est� se normalizando, mas ainda temos dificuldades para comprar medicamentos e manter servi�os importantes, como nutri��o, assist�ncia social e terapia ocupacional. Apesar das dificuldades, n�o houve desassist�ncia.”

No Hospital S�o Francisco, a m�dia � de 30 pacientes atendidos por dia na Cl�nica de Quimioterapia. Todos os atendidos pela entidade filantr�pica de sa�de s�o do SUS. Com 1,2 mil atendimentos em 2014, s�o muitos os dramas e as hist�rias de supera��o reunidas na Rua Itapagipe, Bairro Conc�rdia. N�o bastasse o abatimento de Jurandi S�vio – pai de quatro filhos com idades entre 7 e 34 anos – ao receber o diagn�stico de c�ncer no intestino, o auxiliar de hotelaria teve de enfrentar tempos de luta at� chegar ao S�o Francisco. At� a cirurgia, em novembro, a falta de sangue fez com que ele amargasse 45 dias de interna��o no Hospital J�lia Kubitscheck � espera de doadores. Esse per�odo, de acordo com o auxiliar, foi o mais dif�cil desde o diagn�stico. “Fiquei em jejum quatro domingos, na expectativa da cirurgia na segunda-feira. Chegava o dia e a cirurgia era cancelada, por falta de sangue”, ressalta.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Sa�de informou que cerca de 50% da demanda atendida na capital � de pacientes do interior, e que n�o h� d�ficit de leitos em BH, considerando a popula��o da capital. Atualmente, s�o 6.221 leitos do SUS e 4.103 leitos que n�o pertencem � rede, o que resulta em super�vit de 2.851 leitos, pelas contas do munic�pio. Procurado para comentar os valores da tabela, o Minist�rio da Sa�de n�o retornou aos pedidos de entrevista. De acordo com a Secretaria de Estado de Sa�de, em 28 institui��es habilitadas, o intervalo m�dio entre o diagn�stico e o in�cio do tratamento � de aproximadamente 62 dias, considerados todos os casos em Minas Gerais. Esse tempo varia entre os v�rios tipos de c�ncer.

 



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