
Ningu�m sabe ao certo como muitas dessas plantas surgiram na paisagem da capital. Para uns, algu�m jogou sementes nos canteiros, para outros o mamoeiro brotou no lugar onde estavam sacos de lixo e h� quem diga que tudo foi obra dos passarinhos. O motivo, na verdade, n�o est� � altura do cuidado que moradores e trabalhadores vizinhos devotam �s moitas de bananeira, ao milharal quase no ponto de dar espigas ou nas flores de mangueiras que come�am a despontar. “Esse mamoeiro aqui n�o foi plantado, foi nascido”, explica Belmiro Pereira Santos, funcion�rio de uma resid�ncia na Rua Piau�, no Bairro Funcion�rios, na Regi�o Centro-Sul, ao admirar um p� de mam�o na esquina com Avenida Get�lio Vargas. “Molho todos os dias”, afirma.
A �rvore, carregada de frutos verdes e pequenos, brotou no asfalto, ao lado de um poste e sob o emaranhado de fios. Ao passar, a servidora p�blica V�nia Freire, acompanhada da filha S�lvia, estudante de engenharia da computa��o, gostou do que viu. “Perto da minha casa, aqui no bairro, tem muitas mangueiras, mas � a primeira vez que vejo este mamoeiro. Al�m de humanizar a cidade, vai matar a fome de algu�m”, comentou V�nia. A poucos metros, um p� de amora, ainda em crescimento, ganha chamego especial dos motoristas no ponto de t�xi.

A manuten��o de todas as �rvores existentes em logradouros p�blicos da cidade � de responsabilidade da PBH, que n�o recomenda o plantio de frut�feras nos passeios. O motivo � evitar acidentes, principalmente com crian�as que tentam subir nos galhos ou jogam pedras para que os frutos caiam. J� em alguns pontos de t�xi, os condutores reclamam de transtornos causados pela queda dos frutos sobre os ve�culos.

As bananeiras s�o bem tratadas pelos funcion�rios e o dono de uma oficina de amortecedores quase em frente � moita tropical. O propriet�rio Miguel Augusto de Castro Rodrigues conta que, h� tr�s anos, a PBH retirou uma �rvore que oferecia riscos aos pedestres e deixou ali um buraco. “Gosto muito da natureza, de plantas, ent�o consegui uma muda de bananeira e plantei. Antes de os cachos ficarem maduros, a gente corta e depois divide as pencas entre n�s”, revela Miguel.
Na tarde de s�bado, o professor de hist�ria Daniel Alecrim n�o se cansava de observar as bananeiras e o mamoeiro. “O lugar fica limpo, pois as pessoas cuidam”, observou Daniel, natural de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha e residente na capital. “Essas plantas s�o �timo exemplo para nossos governantes. Basta cuidar bem do pa�s que teremos bons frutos em educa��o, sa�de e transporte”, ressaltou Daniel, que apresentou, na esquina da Rua Mato Grosso com Amazonas, uma goiabeira j� frondosa.

O inesperado tamb�m causa surpresa no Bairro Floresta. Na Contorno com Rua Marechal Deodoro h� v�rios p�s de milho que enchem os olhos de quem passa. “Dizem que um homem andou por aqui jogando as sementes em v�rios cantos. Agora, as plantas viraram o xod� de todo mundo”, conta o dono de um bar. “T� parecendo que vai dar milho”, comenta Edgard, de 8, com o pai, o dentista Paulo M�rcio Carvalho Silva. “N�o � de hoje que estamos esperando esse milho”, responde o dentista durante a sua caminhada pelo bairro.
Invent�rio interrompido
O invent�rio da arboriza��o urbana come�ou em outubro de 2011 com a estimativa de que houvesse 300 mil esp�cies em Belo Horizonte. At� hoje, foram cadastradas 246.529, com base em 50 crit�rios (patologia, infesta��o por cupins, risco de quedas etc.) e, ao longo do tempo, o trabalhou mostrou que h� em torno de 465 mil �rvores. O servi�o, j� executado nas regionais Leste, Oeste, Noroeste, Centro-Sul e Pampulha, ser� interrompido, pois terminou o conv�nio com a institui��o respons�vel, a Universidade Federal de Lavras (Ufla). Para continuar, a parceria ter� que ser formalizada novamente.