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Estado de Minas

�rvores frut�feras chamam a aten��o em ruas e avenidas de Belo Horizonte

Ruas e avenidas de BH fazem jus ao trecho da carta de Caminha, � �poca do descobrimento do Brasil, que completa hoje 515 anos. Bananeiras, mamoeiros e at� milho brotam nas cal�adas


postado em 22/04/2015 06:00 / atualizado em 22/04/2015 07:51

Bananeira na Rua Timbiras é orgulho do Barro Preto e chamou a atenção da estudante Rafaela Teixeira:
Bananeira na Rua Timbiras � orgulho do Barro Preto e chamou a aten��o da estudante Rafaela Teixeira: "� diferente de tudo na cidade e n�o tem agrot�xico" (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
O pomar urbano resiste bravamente � polui��o, ao vandalismo e � falta de chuvas. Em passeios de ruas e avenidas de Belo Horizonte, como se fosse num quintal do interior, pitangas, amoras, mam�o e banana d�o em penca, numa demonstra��o do que o solo da cidade � capaz. At� milharal entra nessa hist�ria. Tal fertilidade reafirma a voca��o do Brasil, que completa hoje 515 anos do descobrimento, para produzir bons frutos e fazer valer a sua “certid�o de nascimento” – a carta de Pero Vaz de Caminha (1450-1500). No documento enviado ao rei de Portugal, dom Manuel I, o Venturoso (1469-1521), o escriv�o da frota de Pedro �lvares Cabral (1467-1520) enalteceu o cen�rio: “�guas s�o muitas; infindas. E em tal maneira � graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-� nela tudo, por bem das �guas que tem”. As �guas j� n�o s�o como eram, pelo menos na Regi�o Sudeste, mas as frut�feras e gr�os mostram que, nas terras de BH, “em se plantando tudo d�”, como diz a tradu��o popular da frase c�lebre de Caminha.

Ningu�m sabe ao certo como muitas dessas plantas surgiram na paisagem da capital. Para uns, algu�m jogou sementes nos canteiros, para outros o mamoeiro brotou no lugar onde estavam sacos de lixo e h� quem diga que tudo foi obra dos passarinhos. O motivo, na verdade, n�o est� � altura do cuidado que moradores e trabalhadores vizinhos devotam �s moitas de bananeira, ao milharal quase no ponto de dar espigas ou nas flores de mangueiras que come�am a despontar. “Esse mamoeiro aqui n�o foi plantado, foi nascido”, explica Belmiro Pereira Santos, funcion�rio de uma resid�ncia na Rua Piau�, no Bairro Funcion�rios, na Regi�o Centro-Sul, ao admirar um p� de mam�o na esquina com Avenida Get�lio Vargas. “Molho todos os dias”, afirma.

A �rvore, carregada de frutos verdes e pequenos, brotou no asfalto, ao lado de um poste e sob o emaranhado de fios. Ao passar, a servidora p�blica V�nia Freire, acompanhada da filha S�lvia, estudante de engenharia da computa��o, gostou do que viu. “Perto da minha casa, aqui no bairro, tem muitas mangueiras, mas � a primeira vez que vejo este mamoeiro. Al�m de humanizar a cidade, vai matar a fome de algu�m”, comentou V�nia. A poucos metros, um p� de amora, ainda em crescimento, ganha chamego especial dos motoristas no ponto de t�xi.

Vânia Freire e a filha Sílvia pararam para admirar o mamoeiro carregado de frutos na Rua Piauí:
V�nia Freire e a filha S�lvia pararam para admirar o mamoeiro carregado de frutos na Rua Piau�: "Vai matar a fome de algu�m", diz a m�e (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
O invent�rio de arboriza��o urbana, da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), estima em cerca de 465 mil o n�mero de �rvores em passeios. “Desse total, 25% s�o frut�feras pr�prias para consumo humano”, diz a gerente de �reas Verdes e Arboriza��o Urbana da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Joseane Toledo, lembrando que, nessa conta, n�o entram as existentes nos 74 parques do munic�pio nem dos quintais, onde os pomares s�o mais frequentes. As esp�cies mais comuns, em ordem de quantidade, s�o goiabeira, mangueira, limoeiro, pitangueira, rom�zeira, amoreira, acerola, ameixeira, abacateiro e coqueiro.

A manuten��o de todas as �rvores existentes em logradouros p�blicos da cidade � de responsabilidade da PBH, que n�o recomenda o plantio de frut�feras nos passeios. O motivo � evitar acidentes, principalmente com crian�as que tentam subir nos galhos ou jogam pedras para que os frutos caiam. J� em alguns pontos de t�xi, os condutores reclamam de transtornos causados pela queda dos frutos sobre os ve�culos.

Ao observar uma goiabeira na Rua Mato Grosso, o professor de história Daniel Alecrim faz analogia:
Ao observar uma goiabeira na Rua Mato Grosso, o professor de hist�ria Daniel Alecrim faz analogia: "Basta cuidar bem do pa�s que teremos bons frutos em educa��o, sa�de e transporte" (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
CONTRASTES Uma das plantas mais t�picas do Brasil � orgulho no Bairro Barro Preto, na Regi�o Centro-Sul. Cinco cachos ainda verdes sobressaem na moita de nove bananeiras, de tamanhos variados, na Rua Timbiras, quase esquina com Avenida Amazonas. Logo adiante est� um p� de mam�o. A estudante Rafaela Teixeira, de 18 anos, passou e olhou com certo estranhamento: “� muito diferente de tudo na cidade, um contraste grande com o concreto dos pr�dios. Essas frutas s�o org�nicas, n�o t�m agrot�xico”.

As bananeiras s�o bem tratadas pelos funcion�rios e o dono de uma oficina de amortecedores quase em frente � moita tropical. O propriet�rio Miguel Augusto de Castro Rodrigues conta que, h� tr�s anos, a PBH retirou uma �rvore que oferecia riscos aos pedestres e deixou ali um buraco. “Gosto muito da natureza, de plantas, ent�o consegui uma muda de bananeira e plantei. Antes de os cachos ficarem maduros, a gente corta e depois divide as pencas entre n�s”, revela Miguel.
Na tarde de s�bado, o professor de hist�ria Daniel Alecrim n�o se cansava de observar as bananeiras e o mamoeiro. “O lugar fica limpo, pois as pessoas cuidam”, observou Daniel, natural de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha e residente na capital. “Essas plantas s�o �timo exemplo para nossos governantes. Basta cuidar bem do pa�s que teremos bons frutos em educa��o, sa�de e transporte”, ressaltou Daniel, que apresentou, na esquina da Rua Mato Grosso com Amazonas, uma goiabeira j� frondosa.

Um pé de milho no Bairro Floresta desperta a curiosidade do pequeno Edgard e de seu pai, o dentista Paulo Silva(foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
Um p� de milho no Bairro Floresta desperta a curiosidade do pequeno Edgard e de seu pai, o dentista Paulo Silva (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
SURPRESAS Basta caminhar por BH e descobrir outras partes do pomar urbano. H� goiabeiras na Cidade Nova, na Regi�o Nordeste; mangueiras no Jaguar�, na Pampulha; coqueiros na Serra; e pitangueiras no Belvedere, ambos na Centro-Sul. No canteiro central da Avenida do Contorno, no Bairro Santo Ant�nio, est� uma das surpresas: um p� de cana-de-a��car viceja na frente de duas mangueiras. “Estou sempre de olho no canavial. Quando estiver no ponto, vou cortar uma”, brinca Rodrigo dos Santos Leite, gar�om de um restaurante.

O inesperado tamb�m causa surpresa no Bairro Floresta. Na Contorno com Rua Marechal Deodoro h� v�rios p�s de milho que enchem os olhos de quem passa. “Dizem que um homem andou por aqui jogando as sementes em v�rios cantos. Agora, as plantas viraram o xod� de todo mundo”, conta o dono de um bar. “T� parecendo que vai dar milho”, comenta Edgard, de 8, com o pai, o dentista Paulo M�rcio Carvalho Silva. “N�o � de hoje que estamos esperando esse milho”, responde o dentista durante a sua caminhada pelo bairro.

Invent�rio interrompido

O invent�rio da arboriza��o urbana come�ou em outubro de 2011 com a estimativa de que houvesse 300 mil esp�cies em Belo Horizonte. At� hoje, foram cadastradas 246.529, com base em 50 crit�rios (patologia, infesta��o por cupins, risco de quedas etc.) e, ao longo do tempo, o trabalhou mostrou que h� em torno de 465 mil �rvores. O servi�o, j� executado nas regionais Leste, Oeste, Noroeste, Centro-Sul e Pampulha, ser� interrompido, pois terminou o conv�nio com a institui��o respons�vel, a Universidade Federal de Lavras (Ufla). Para continuar, a parceria ter� que ser formalizada novamente.


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