
Al�m de liderar o ranking dos casos de dengue em Belo Horizonte nos primeiros meses de 2015, o Barreiro, a regi�o mais populosa da capital, com 283 mil habitantes, registrou a maior alta entre todas as nove regionais administrativas. O �ltimo boletim divulgado mostra que os casos confirmados cresceram 440%, passando de 41 entre janeiro e 17 de abril do ano passado, para 222 no mesmo per�odo deste ano. Esse n�mero corresponde a 26% dos 845 casos confirmados este ano. Nas ruas dos 74 bairros que integram a regi�o, n�o � dif�cil encontrar uma pessoa que tenha o diagn�stico confirmado, est� com suspeita ou j� se curou.
M�dicos e gestores dos postos de sa�de afirmam que a pouca colabora��o da popula��o para receber os agentes de zoonoses � o principal desafio para combater o mosquito Aedes aegypti. H� casos de pessoas que, antes de liberar a entrada dos agentes de zoonoses da prefeitura, escondem recipientes com �gua parada, com medo de que a visita tenha car�ter coercitivo e de penaliza��o, embora o objetivo seja orientar e eliminar criat�rios do mosquito.
Em um dos postos de sa�de, a gerente da unidade informou que as pessoas com suspeitas da doen�a recebem todas as orienta��es e s�o informadas que precisam voltar no sexto dia dos sintomas para fazer o teste sorol�gico do sangue, que identifica a presen�a do anticorpo do v�rus da dengue e garante o diagn�stico sem d�vidas. Foi o que aconteceu com a atendente de telemarketing Debora Stephanie Alves, de 20 anos, que aguardava novo atendimento no posto de sa�de do Bairro Vila Pinho. Ela come�ou a perceber os sintomas em 13 de abril, mas, depois de receber o diagn�stico e come�ar o tratamento, n�o sentiu melhoras. “Parece que um trator passou em cima de mim. Tive febre, dor de cabe�a e vomitei. Como n�o melhorou, a m�dica orientou que eu voltasse”, disse a jovem. Segundo ela, no ano passado, as cinco pessoas com quem mora tiveram dengue. “S� tinha sobrado eu, mas agora tamb�m acabei doente”, afirma.

O estudante Thiago Gomes, de 25, tamb�m sofreu com o surto da doen�a no Barreiro. Morador do Bairro Milion�rios, ele diz que come�ou a passar mal h� duas semanas. Ele esteve duas vezes em um hospital particular em Nova Lima, na Grande BH, antes da confirma��o do diagn�stico. “Eu tive e minha irm� tamb�m teve dengue. Recebemos a visita dos agentes de zoonoses, mas l� em casa est� tudo certo e bem acondicionado. Recentemente, houve uma prolifera��o de pernilongos perto de casa”, conta o estudante, que se curou depois de muita hidrata��o.
O gerente de Controle de Zoonoses da Regional Barreiro, Vitor Rodrigues Dias, confirma a informa��o. “Eles esperam que vamos entrar e punir por causa daquela situa��o, mas n�o � isso. Qualquer agente de zoonoses est� orientado a informar a melhor forma de armazenar a �gua, com recipientes bem tampados. Se coletar �gua, tem que tampar imediatamente. Tem gente que deixa um tambor para pegar o recurso h�drico da chuva por meio de calhas e esquece aberto, imaginando que vai chover nos outros dias tamb�m”, afirma.
A reportagem do EM encontrou uma caixa d’�gua no Bairro Olaria sem estar totalmente lacrada. A pequena passagem � o suficiente para a entrada do mosquito, segundo especialistas. No mesmo bairro tamb�m foram vistos materiais em lotes vagos que tem potencial para acumular �gua, como latas de tinta e pequenos potes de pl�stico.
MAIS COMBATE Sobre o aumento de mais de 400% dos casos confirmados no Barreiro, o gerente de Controle de Zoonoses da regi�o tamb�m explica que o v�rus tipo 1 da dengue, que j� circulou por boa parte da cidade, ainda n�o tinha chegado � regi�o e agora apareceu e se prolifera com o ac�mulo de �gua estocada, devido ao medo do racionamento. “Tamb�m estamos refor�ando as visitas nos im�veis fechados. Se durante a semana o agente encontra uma casa sem ningu�m, ele volta a fazer uma tentativa no s�bado para eliminar os reservat�rios”, afirma.