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Estado de Minas

Shoppings de BH barram adolescentes desacompanhados dos pais e geram revolta

Os malls adotaram o procedimento de identifica��o de jovens na portaria, depois de uma onda de rolezinhos em 2014. A medida causa indigna��o em pais e filhos na capital


postado em 01/05/2015 06:00 / atualizado em 01/05/2015 07:16

Adolescentes desacompanhadas de pais e respons�veis est�o sendo barrados na porta de dois shoppings de Belo Horizonte. Os malls adotaram o procedimento de identifica��o de jovens na portaria, depois de uma onda de rolezinhos em 2014. A medida causa indigna��o em pais e filhos na capital. A Comiss�o de Defesa dos Direitos das Crian�as, Adolescentes e Jovens informou que nunca foi chamada para debater o tema e n�o sabia que a situa��o vinha acontecendo na cidade.

O delegado Geraldo Eust�quio viu os filhos serem barrados no s�bado, dia 24 de abril. Ele relata que deixou a adolescente de 13 anos e o rapaz de 17 no Minas Shopping para assistir a um filme. De carro, o pai levou os filhos at� a portaria e seguiu para casa. No entanto, Geraldo Eust�quio precisou voltar porque os adolescentes n�o conseguiram entrar sem a presen�a do respons�vel. O delegado se apresentou, colocou os adolescentes dentro do centro de compras e foi embora, voltando para buscar os filhos cerca de duas horas depois.

“Havia um vigilante patrimoninal na entrada onde as pessoas t�m acesso e n�o os deixaram entrar. Quando questionei, informou que era uma medida contra os rolezinhos no shopping. Segundo o vigilante, eles fazem isso porque h� uma lei em S�o Paulo”, relata o delegado. Geraldo Eust�quio achou estranha a argumenta��o e afirma: “A meu ver foi arbitr�rio. Eles n�o t�m amparo na lei para fazer isso”. Quando voltou para buscar os filhos, o delegado observou que a abordagem aos menores continuava sendo feita na portaria do mall.

Na p�gina do shopping no Facebook, a m�e de um estudante denunciou que o filho foi barrado no dia 14 de abril no mesmo shopping. “Meu filho foi impedido de entrar porque tem 14 anos e estava com colegas da sua escola. Essa atitude pode ser entendida como preconceituosa e quero esclarecimentos da administra��o”.

Por meio das redes sociais, adolescentes tamb�m refor�am a exist�ncia do controle de entrada no centro de compras. “Eu fui barrada no Minas shopping ontem kkkkkkkkkkkkk tava sem identidade”, comenta uma garota, no Twitter. "minas shopping s� entra com os pa�s rasrasrasrsa" KKKKKKKKKKK TEVE UMA EPOCA Q O ESTA�AO TB ESTAVA BARRANDO”. “Esse trem do Minas Shopping barrar � muito zzzz”, reclama outra jovem.

A situa��o tamb�m acontece no Shopping Esta��o BH, em Venda Nova. “Sem crit�rio algum ao discriminar (vulgo 'barrar') alguma pessoa na entrada. Tenho 25 anos e todas as vezes que vou ao shopping sou constrangida na porta”, disse uma jovem em uma postagem de avalia��o no Facebook, publicada no �ltimo domingo, dia 26. “Conhe�o menores de idade que nunca foram barrados. Exijo, pelo menos, uma explica��o para esse tipo de abordagem, pois, al�m de ser mal sucedida � pass�vel de um dano moral bem grande”.

No Esta��o BH, a “fiscaliza��o” acontece todo fim de semana, quando s�o instalados gradis no entorno das entradas da Avenida Cristiano Machado e da Esta��o Vilarinho do metr�. Seguran�as, normalmente em dupla, checam as carteiras de identidade de adolescentes e jovens. Menores de idade desacompanhados de maiores s�o barrados. A medida foi tomada h� mais de um ano, quando o shopping foi cen�rio de tumultos durante rolezinhos.

Segundo um comerciante, que pediu para n�o ser identificado, os adolescentes barrados mostram revolta e saem xingando, mas permanecem no piso L-0 do estabelecimento, que d� acesso � Avenida Vilarinho, conversando e ouvindo funk. “Agora est� mais tranquilo, era pior. Eles sempre v�m em bandos mesmo, muitos de uma vez. S� que ficam seguran�as aqui na porta mesmo, olhando essa quest�o da identidade. Alguns eles n�o deixam entrar”, relata uma lojista que tamb�m pediu anonimato. Ela diz que desde que a medida foi tomada n�o houve mais confus�es ou not�cia de roubo. “(O cliente) quando v� a confus�o vai embora, ent�o � bom barrar, nesse sentido”, afirma.

Por meio de nota, o Minas Shopping informou que realiza a��es estrat�gicas pontuais para garantir a seguran�a. Ainda na nota, o mall afirma: “Importante esclarecer que, em locais p�blicos ou de concentra��o p�blica, todo menor de idade deve estar acompanhado de seu respons�vel legal”.

O Esta��o BH, tamb�m por meio de nota, destaca que o espa�o f�sico de um shopping e seus lojistas “n�o s�o planejados para receber eventos e aglomera��es, que estejam acima da capacidade de p�blico do local”. O empreendimento diz, ainda, que “quando necess�rio, adota medidas preventivas que est�o em conformidade com a lei e com as determina��es do poder judici�rio”.

Invers�o

A presidente da presidente Comiss�o de Defesa dos Direitos das Crian�as, Adolescentes e Jovens, Renata Roman, disse que, pela lei, apenas menores de 12 anos precisam estar acompanhados dos pais em locais p�blicos, mas que at� a presen�a dessas crian�as sozinhas � question�vel dependendo da situa��o. “O shopping � privado e poderia estabelecer normas para que as pessoas entrem. No entanto, as normas s�o colocadas por um perigo que estes adolescentes estariam representando ao entrar no local. Eles restringem porque os menores podem gerar algum risco, mesmo que eles n�o gerem. � um veto antecipado. Eles imaginam que podem cometer algum tipo de infra��o”, afirma Roman.

Segundo ela, quando s�o marcados eventos e rolezinhos pela internet, os estabelecimentos podem conseguir, na Justi�a, autoriza��o para restri��es sob a justificativa de previs�o do evento. Conforme Roman, o que se percebe agora � uma rotina de restri��es adotadas pelos centros de compras.

De acordo com a advogada, n�o h� legisla��o que fale especificamente sobre acesso de menores em shoppings, mas ela considerou as restri��es dos malls “dr�sticas demais”. “Existe uma invers�o neste caso. A legisla��o � para proteger os menores de idades de algo que os amea�a e n�o para proteger os shoppings desses adolescentes. Neste caso � como se o pai e a m�e precisassem estar presentes para proteger o shopping desses adolescentes”, afirma. Para Roman, os shoppings deveriam ter condi��es de manter a ordem estando os adolescentes acompanhados ou desacompanhados.


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