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Estado de Minas

Arquiteto mineiro cria bicicleta que pedala at� na �gua; veja v�deo

Antenado com problemas de mobilidade urbana, Argus Caruso Saturnino desenvolveu ver�o anf�bia da bike


postado em 03/05/2015 07:00 / atualizado em 03/05/2015 07:17

Argus Caruso Saturnino testou a InVenta ontem, na Lagoa dos Ingleses:
Argus Caruso Saturnino testou a InVenta ontem, na Lagoa dos Ingleses: "O mais importante foi flutuar, agora vou fazer ajustes" (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS )

Homem das montanhas, sempre de p�s firmes sobre a terra, mas que n�o consegue viver longe da �gua – pode ser do mar, dos rios ou lagos. Apaixonado pela natureza e preocupado com os problemas urbanos, especialmente a mobilidade, o arquiteto mineiro Argus Caruso Saturnino encontrou uma forma inusitada de viajar, praticar esportes, ajudar a desatar os n�s no tr�nsito e, por que n�o, se divertir? Depois de tr�s anos debru�ado sobre a prancheta e mais quatro meses de execu��o do projeto, ele criou um meio de transporte in�dito no mundo: pedala, no solo, como qualquer bicicleta, mas tamb�m pode navegar com vela e flutuadores. Nascido em Belo Horizonte e radicado no Rio de Janeiro h� uma d�cada, Argus fez o primeiro teste com a “InVenta” na manh� de ontem, no Iate Clube Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, na Grande BH. “O mais importante foi flutuar, agora vou fazer alguns ajustes”, comentou o arquiteto com satisfa��o.

Eram 10h30, quando Argus chegou � sede do clube, �s margens da rodovia BR-040, e come�ou a retirar as pe�as da van rec�m-adquirida. Antes de tudo, fez quest�o de explicar: “H� muitos anos n�o tenho carro. Em qualquer cidade, s� me desloco de bicicleta. S� comprei esse aqui para transportar a InVenta, nome que mistura invento e vento. Precisamos chamar a aten��o, do jeito que for, para o tr�nsito pesado nas cidades”. Em pouco mais de 20 minutos, ele montou a estrutura, composta do quadro de alum�nio, flutuadores de compensado naval, resina de ep�xi e vela de lona branca, e passou a se ocupar da h�lice, localizada perto do pneu traseiro e que gira com a for�a das pedaladas. Concentrado na tarefa – “� a primeira vez que uso h�lice na bike” –, lembrou que n�o fez um barco que virou bicicleta, nem o contr�rio. “� um ve�culo �nico, h�brido, o qual, futuramente, poder� ser mais leve, de fibra de carbono”.


A ideia de construir o ve�culo anf�bio, pr�prio para terra e �gua, come�ou em 2010, durante uma viagem pelos litorais norte e nordeste do pa�s. “Fui de Pernambuco ao Amap� pedalando pela areia das praias, num total de 2 mil quil�metros. Nessa �poca, a bicicleta j� estava com a vela e andou muito r�pido. O tempo todo do trajeto, ficava pensando: seria �timo se minha bicicleta flutuasse”, conta Argus, que, antes de fazer o teste na Lagoa dos Ingleses, passou alguns dias na fazenda da fam�lia em Cordisburgo, na Regi�o Central, mostrando a novidade aos parentes e cuidando de cada detalhe do ve�culo totalmente artesanal.

M�OS � OBRA

Logo depois da viagem ao Norte e Nordeste, Argus deu asas � imagina��o e come�ou a fazer os croquis. “Pesquisei na internet e vi que havia outros conceitos com bicicletas h�bridas, a exemplo de barcos movidos a pedaladas. Mas nada semelhante ao meu projeto”, contou ele, a poucos minutos de testar a InVenta na �gua. Sem vaidade, revelou que n�o se incomoda se copiarem seu invento. “Se isso ocorrer, � porque deu certo, pois ningu�m vai atr�s do que d� errado. Para mim � motivo de orgulho, pois s� de ser a pioneira valeu a brincadeira”, abriu o sorriso.

O vento soprava gelado, as nuvens estavam carregadas e, muito raramente, os raios de sol davam o ar da gra�a sobre a Lagoa dos Ingleses. Argus desceu, pedalando, a rampa em dire��o ao pequeno deque e ganhou as �guas. Em nenhum momento o ve�culo tombou e o arquiteto s� n�o ficou satisfeito com o desempenho da h�lice. Foi obrigado, portanto, a pedalar e remar. Quem estava praticando esporte ficou impressionado com a cena. “Ele conseguiu o mais dif�cil, que � boiar. Achei muito legal”, comentou o administrador de empresas Daniel Ribeiro, de 25 anos.

Com dois metros de comprimento e pesando 30 quilos, a InVenta vai precisar de muita aten��o at� ficar 100% do jeito que Argus quer. “O teste foi bom, mas precisa andar mais r�pido. Tenho que aprimorar a h�lice e os flutuadores, al�m de aumentar a linha-d’�gua, que se traduz, grosso modo, pelo espa�o entre os flutuadores e a superf�cie da �gua”. O arquiteto conta que, antes de usar compensado naval, madeira pr�pria para embarca��es, se valeu de chapas de isopor. “A cada vez, a flutuabilidade fica melhor. Acho que cumpri minha miss�o, pois, � fundamental entrar na �gua e ter estabilidade”.

AVENTURAS


O nome Argus remete aos argonautas – na mitologia grega, eram tripulantes da nau Argo, que, segundo a lenda, sa�ram em busca do velocino de ouro –, mas o arquiteto desconversa e diz que seu pai, o engenheiro agr�nomo Helv�cio Mattana Saturnino, queria apenas um nome diferente. Mas, ao v�-lo pilotando a InVenta, n�o passa batido o verso do poeta portugu�s Fernando Pessoa – “Navegar � preciso”.

Em 2000, durante as comemora��es do descobrimento do Brasil, Argus, ent�o com 25 anos, participou da Regata dos 500 anos, viajando como tripulante de um veleiro ao lado de cinco pessoas. Foram quatro meses e meio no percurso (ida e volta) Venezuela, San Martin, Cabo Verde e Portugal. E de 2001 a 2005, deu a volta ao mundo de bicicleta, passando por 28 pa�ses.
Sempre empenhando em palestras sobre meio ambiente e divulga��o das ciclovias, Argus tem viajado o Brasil divulgando o uso das bicicletas para melhorar o tr�nsito nas metr�poles. “Acho que este ve�culo significa tamb�m uma provoca��o para que as pessoas n�o se rendem aos autom�veis e procurem outras formas de transporte. As cidades est�o polu�das demais. Precisamos criar jeitos pr�prios de nos deslocarmos, usando energia a for�a do corpo”, afirma cheio de convic��o. “A bicicleta, para mim, n�o � um fetiche, mas algo incorporado ao meu cotidiano. J� faz parte do meu dia a dia”, afirma.

A pr�xima etapa da InVenta, desta vez maior do que o roteiro de ontem, ser� a travessia Rio-Niter�i, na qual o arquiteto pretende gastar uma hora. “J� estou planejando, acho que vai ser at� o fim do ano”, adianta. O certo mesmo � que, quando estiver todo pronto, o novo ve�culo sobre duas rodas poder� ser usado em cidades onde as pessoas, para ir ao trabalho ou escola, precisam cruzar estradas e atravessar lagos ou lagoas.

 

 


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