
A dona de casa K�sia Sousa, de 23 anos, moradora do Bairro Tupi, na Regi�o Norte de Belo Horizonte, j� teve dengue duas vezes nos �ltimos meses, a segunda delas hemorr�gica – quando h� altera��es na coagula��o sangu�nea e risco de morte. H� 15 dias, ela teve um beb� e os cuidados para evitar a doen�a agora s�o redobrados. A amiga e vizinha dela, Ana Cristina Tomaz Ara�jo, de 40, que tamb�m deu � luz h� tr�s semanas, come�ou a sentir os sintomas da dengue na sexta-feira e ontem foi parar numa Unidade de Pronto-atendimento (UPA). “Estou apavorada, com medo de pegar dengue de novo. A dengue volta cada vez com mais for�a e n�o desejo as dores que senti a ningu�m”, disse K�sia.
A preocupa��o da dona de casa tem fundamento. De acordo com a professora do Departamento de Microbiologia da UFMG, Erna Kroon, novas infec��es imp�em efeitos mais graves. “Os anticorpos contra um v�rus n�o protegem contra o outro e podem exacerbar os sintomas para um quadro hemorr�gico. A pessoa tem anticorpos, mas esses anticorpos n�o a protegem. Se ela tiver dengue 1, fica protegida contra dengue 1, mas n�o contra dengue 2, 3 e 4. O quadro sintom�tico vai se complicar”, alerta.
Na semana passada, o ministro da sa�de, Arthur Chioro, admitiu que o Brasil vive uma epidemia de dengue. At� 18 de abril, j� haviam sido registrados 745,9 mil casos no pa�s, 234% a mais se comparado ao mesmo per�odo do ano passado (223,2 mil).
Em Minas, 17 pessoas j� perderam a vida neste ano (uma em BH) por causa da doen�a, segundo balan�o da Secretaria de Estado da Sa�de. O n�mero de �bitos � maior na regi�o do Tri�ngulo Mineiro, com tr�s mortes em Uberaba e duas em Uberl�ndia. De janeiro a maio, foram 32.323 registros no, contra 43.093 do mesmo per�odo de 2014. A situa��o � mais preocupante na capital. A Secretaria Municipal de Sa�de de Belo Horizonte j� confirmou 2.702 casos da doen�a, de um total de 11.676 notificados, contra 1.079 entre 7.278 notifica��es de janeiro a maio de 2014.
Para a professora Erna, dengue � um problema mundial, mas o Brasil j� est� convivendo com epidemias desde 1996. O problema, segundo ela, � que a doen�a est� afetando regi�es mais povoadas, como S�o Paulo, onde os n�meros de casos s�o altos. “Acho que dengue saiu do controle h� muitos anos e as medidas tomadas hoje n�o est�o surtindo os efeitos esperados. Isso n�o indica necessariamente a inefici�ncia de ningu�m, mas estamos diante de uma doen�a emergente que nos traz novos desafios a cada dia”, comentou.
De acordo com a professora, os quatro sorotipos da dengue j� est�o circulando no pa�s h� mais tempo, mas ocorre que um sorotipo sobressai em alguma epidemia e no pr�ximo ano j� � outro. “Agora, temos uma complica��o, pois o chikungunya est� por a� tamb�m e ainda h� relatos da circula��o do zika v�rus”, alerta.
O medo da dona de casa Kesia � tanto que ela refor�ou ainda mais os cuidados em casa para evitar criadouro do mosquito Aedes aegypti, o transmissor. “Cheguei a ficar internada por dois dias. A dor � muito forte. A vontade � s� de ficar na cama. Acho que se eu pegasse dengue de novo eu n�o ia ter condi��es de cuidar do beb�. A gente j� sabe os procedimentos para evitar o mosquito, ainda mais agora que fiquei doente duas vezes e estou calejada”, disse. A amiga dela, Ana Cristina, conta que come�ou a sentir fortes dores de cabe�a e no corpo na sexta-feira, com febre muito alta. “Eu logo desconfiei que era dengue. Meu pai teve dengue hemorr�gica e ficou quase um m�s internado”, disse Ana. Ela diz que tomou cuidados preventivos. “Meu marido mant�m o nosso lote sempre capinado e n�o deixamos nada que acumule �gua. A caixa d’�gua sempre � mantida fechada. O problema � que os vizinhos n�o tomam os mesmos cuidados”, reclama. O mosquiteiro no ber�o do filho agora tem sido a maior prote��o, segundo ela.
Baixa ades�o na antigripe
A apenas cinco dias do fim da Campanha Nacional de Vacina��o Contra a Gripe, Minas Gerais est� longe de alcan�ar a meta de imuniza��o contra o v�rus no estado. Segundo dados do Minist�rio da Sa�de divulgados ontem, pouco mais de 1 milh�o de pessoas foram vacinadas at� sexta-feira, o que representa apenas 25,15% do p�blico-alvo da campanha. Em Belo Horizonte, a situa��o � ainda mais grave: 537.007 se enquadram no grupo priorit�rio, mas apenas 76.639 doses foram aplicadas at� agora, o que representa pouco mais de 14% do previsto. No pa�s, o total chega a 29,24%.
A apenas cinco dias do fim da Campanha Nacional de Vacina��o Contra a Gripe, Minas Gerais est� longe de alcan�ar a meta de imuniza��o contra o v�rus no estado. Segundo dados do Minist�rio da Sa�de divulgados ontem, pouco mais de 1 milh�o de pessoas foram vacinadas at� sexta-feira, o que representa apenas 25,15% do p�blico-alvo da campanha. Em Belo Horizonte, a situa��o � ainda mais grave: 537.007 se enquadram no grupo priorit�rio, mas apenas 76.639 doses foram aplicadas at� agora, o que representa pouco mais de 14% do previsto. No pa�s, o total chega a 29,24%.