(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Parque e�lico milion�rio que aliviaria demanda por energia est� abandonado

Torres de parque e�lico que deveriam aliviar a press�o por gera��o de energia no rio S�o Francisco custaram uma fortuna e nunca acenderam uma l�mpada. Viraram um "enfeite" monumental na paisagem


postado em 01/06/2015 06:00 / atualizado em 01/06/2015 07:31

(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
 

Casa Nova (BA) - Erguidas no sert�o baiano a 100 metros de altura, 30 torres com turbinas de vento para gerar energia el�trica se tornaram grandes guarda-s�is para aplacar o calor de rebanhos de cabras. As estruturas monumentais com h�lices met�licas gigantescas s�o parte do Parque E�lico de Casa Nova, no Norte da Bahia. Deveriam ter come�ado a gerar eletricidade h� dois anos, mas nunca deram sequer um giro completo. Um monumento ao desperd�cio de dinheiro p�blico, que, quando come�ou a ser implantado, chegou a ser louvado por ambientalistas e por integrantes do Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio S�o Francisco (CBHSF). Representariam, acreditava-se ent�o, menor depend�ncia do setor el�trico em rela��o aos reservat�rios – j� que o modelo atual tem obrigado o Rio da Integra��o Nacional a conviver com altern�ncias de vaz�es que prejudicam os demais usos, como a irriga��o, a piscicultura, o abastecimento humano e de rebanhos.



O investimento at� ent�o foi de R$ 240 milh�es e o valor do contrato, de R$ 635,4 milh�es, mas, devido a uma s�rie de erros, atrasos em cumprimento de licen�as e � fal�ncia de empresas que deveriam construir a planta para a Companhia de Hidro Eletricidade do S�o Francisco (Chesf), nenhum funcion�rio trabalha mais na estrutura. Os equipamentos que seriam usados para implantar as torres, geradores, linhas de alta tens�o e esta��es ficaram abandonados no meio do sert�o. Nas caixas de madeira, o p� e a umidade trouxeram ferrugem a equipamentos el�tricos. Cabos de a�o, vergalh�es e bobinas tamb�m sofrem com a exposi��o ao tempo. Tudo espalhado em cinco canteiros de obra abandonados, entre torres de mistura de concreto e moldes vazios. Apenas um seguran�a solit�rio vigia o patrim�nio esquecido, sendo substitu�do a cada 12 horas por um companheiro. Mas ambos dizem que n�o h� mais perigo de furto, porque por aquelas estradas hoje s� passam bodes, pescadores e colonos.


A grande ironia � que o Parque E�lico de Casa Nova foi instalado pr�ximo ao Lago de Sobradinho. Este, para manter funcionando as turbinas, que t�m pot�ncia instalada de 1.050 megawatts, chegou a baixar ao n�vel �til em 17,8% neste ano. Atualmente, opera com m�dia de 22% da capacidade. A seca � tanta que as �guas do lago recuaram mais de cinco quil�metros, afastando-se das torres de gera��o que ficavam praticamente � beira da represa. Do outro lado do espelho d’�gua, � poss�vel ver outro parque e�lico, o de Sobradinho, onde as h�lices giram e produzem energia el�trica.

Os parques de Sobradinho e Casa Nova, em conjunto com o de Sento S�, constituem um dos maiores complexos de gera��o de energia e�lica do Brasil, que deveria contar com 120 torres e gerar at� 180 megawatts, o que daria para atender a uma cidade com 600 mil habitantes – maior que Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, que tem 550 mil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).

Baiano de Casa Nova, F�bio dos Reis, de 37 anos, foi um dos oper�rios que trabalharam na constru��o do parque e�lico hoje inoperante. Ele conta que, no in�cio, parecia que as oportunidades finalmente estavam chegando por aquelas bandas, onde s� moravam donos de ro�as humildes e criadores de cabras. “Uma por��o de gente se interessou, porque as companhias que estavam construindo a planta alugavam pequenos terrenos e pagavam por m�s para que a torre ficasse l�. Mas a obra atrasou pagamento. Fizemos at� greve, s� que as empreiteiras resolveram tirar os engenheiros. Ficou tudo abandonado”, conta.

MUDAN�A INDISPENS�VEL

Na avalia��o do coordenador do Projeto Manuelz�o,  Marcus Vin�cius Polignano – respons�vel pelo programa de revitaliza��o do Rio das Velhas, localizado em Minas Gerais e um dos principais afluentes do Rio S�o Francisco – o paque e�lico abandonado � mais um caso de boa iniciativa que n�o tem execu��o bem feita. “�, literalmente, mais um caso de dinheiro p�blico jogado ao vento. Quantas obras assim, pulverizadas e feitas sem qualquer planejamento sequencial, vemos pelo Rio S�o Francisco? Uma usina dessas beneficiaria n�o apenas a Bahia, mas toda a bacia hidrogr�fica. Seria um al�vio para o rio”, lamenta. O lago de Tr�s Marias, na Regi�o Central de Minas, tamb�m gera eletricidade, mas sua principal fun��o tem sido manter o fluxo de �gua para Sobradinho. O reservat�rio chegou a 2,8% de seu volume �til em outubro do ano passado e neste m�s est� em 37%.

O presidente do Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio S�o Francisco, Anivaldo Miranda, afirma que, para que o rio atravesse a seca de 2015 e supere outros desafios, � imprescind�vel que o setor el�trico passe por “uma mudan�a de postura”. Para ele, o Velho Chico n�o tem mais como sustentar a gera��o de energia e essa atividade, por si s�, vem reduzindo a vaz�o do manancial, o que afeta a pr�pria produ��o de energia. “A mudan�a � necess�ria. E deve ser uma mudan�a de modelo, seja usando formas alternativas de eletricidade, como a biomassa, os espelhos solares, neste que � um dos pa�ses com maior incid�ncia solar do mundo, ou a energia e�lica”, disse.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)