Est� nas m�os de peritos da Aeron�utica esclarecer se falha humana, mec�nica ou combina��o de fatores foi o que causou a morte de tr�s pessoas, em acidente com o avi�o bimotor King Air prefixo PR-ABG, que caiu pouco depois de decolar, �s 15h20, do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, na Pampulha, em Belo Horizonte. Em uma din�mica que intriga especialistas, a aeronave despencou sobre a casa de n�mero 105 da Rua S�o Sebasti�o, no Bairro Minasl�ndia, Regi�o Norte da capital, explodindo em seguida. Surpreendentemente, os dois moradores da resid�ncia escaparam ilesos. Eles estavam na horta do im�vel, cuidando de galinhas, quando tiveram a garagem destru�da pelo avi�o em chamas. Uma mulher que estava nos fundos do im�vel vizinho, onde tamb�m funciona uma igreja evang�lica, sofreu ferimentos. Desde agosto de 2014, foi a s�tima ocorr�ncia de pouso for�ado ou queda na Regi�o Metropolitana de BH, a primeira com mortes.
De acordo com o Registro Aeron�utico Brasileiro, o bimotor estava com a Inspe��o Anual de Manuten��o (IAM) e o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) em dia. O primeiro tinha data de validade de 30 de janeiro de 2016. J� o CA tinha validade de 16 de julho de 2020. O avi�o era operado pela Atl�ntica Exporta��o e Importa��o, empresa especializada em gr�os de caf� cru. A empresa faz parte da Montesanto Tavares, uma holding mineira que j� foi dona das marcas Caf� Tr�s Cora��es e Sucos Mais – as duas foram vendidas para grupos internacionais. A propriedade da aeronave � de um banco.
PARAFUSO Por pouco o acidente n�o fez mais v�timas. A aeronave caiu a apenas 50 metros do Centro de Refer�ncia de Assist�ncia Social, conhecido como Campo da Provid�ncia, onde ocorria uma partida de futebol amador, com torcida formada por moradores do bairro. A aten��o dos jogadores e de outras testemunhas do acidente foi despertada antes mesmo de a aeronave bater no solo e se incendiar. O barulho forte de motor falhando causou curiosidade dos que observavam a aeronave, que repentinamente iniciou uma queda r�pida, em espiral.
“Eu moro exatamente de frente para a casa onde caiu o avi�o. Foi um susto muito grande; custei acreditar no que via”, relatou Syllas Valad�o. “O avi�o come�ou a falhar e parece que o piloto tentou algo para estabilizar e n�o conseguiu. Ele caiu de ponta na garagem e explodiu”, contou. Segundo ele, a explos�o p�de ser sentida em v�rias casas da regi�o. Com o tremor, telhas de resid�ncia pr�ximas se desprenderam e voaram.
“Tinha gente na casa em que ele caiu, mas como ele acertou s� a garagem, eles conseguiram sair. Alguns tentaram at� voltar e entrar para salvar algo, mas foram impedidos por quem estava perto”, disse Syllas. “Eu mesmo tentei me aproximar do fogo, mas n�o consegui, estava muito quente. Infelizmente, n�o dava para salvar ningu�m ali”, lamentou.

MILAGRE Quem viu de perto a morte n�o acredita que tenha escapado ileso. O empres�rio Isael Franco, de 57 anos, morador da casa n�mero 125, vizinha � resid�ncia atingida, diz que a mulher Ros�ngela da Rocha Diniz, de 50, e seu filho Vitor Hugo estavam em casa na hora em que o avi�o caiu. Com o grande barulho e a intensidade da fuma�a, eles deixaram o im�vel correndo, sem entender o que se passava. A casa foi interditada, mas teve apenas as vidra�as quebradas, em raz�o do choque da aeronave no solo. “Eu tinha ido buscar minha filha e um vizinho me avisou que o avi�o caiu ao lado da minha casa. Fiquei louco e avancei um sinal fechado na Avenida Cristiano Machado, porque n�o sabia como estavam minha mulher e meu filho”, contou.
Sem poder voltar para casa, que est� interditada, Isael estava at�nito e s� conseguiu acolher a mulher e o filho em seu Fiat Uno, estacionado a poucos metros do local do acidente. “Apesar do susto, estou feliz, porque meus vizinhos, Zezinho (Jos� Maforte Knupp), aposentado da Aeron�utica, e Maria Geralda (Estanislau), que tiveram a casa atingida, escaparam ilesos. Eles estavam no fundo do quintal, cuidando da horta. O avi�o passou por cima deles e caiu na garagem”, conta, aliviado. “Lamentamos mesmo s� pela vida das pessoas que estavam dentro do avi�o”, conclui.
P�NICO O metal�rgico Gleyson Fernando, de 21, foi a primeira pessoa a entrar na casa atingida pela aeronave, acompanhado do filho dos moradores. “Ele estava jogando bola e se desesperou. Como tinha muito fogo na entrada, em raz�o da explos�o, passamos pelo telhado e vimos que os dois estavam bem, no fundo do quintal” conta. Gleyson disse que a explos�o provocou inc�ndio no interior da casa.