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Estado de Minas

Antigo CGP sofre com obras que se arrastam e presen�a de escorpi�es

Retrato da falta de recursos humanos e materiais, Hospital Infantil Jo�o Paulo II, unidade de refer�ncia em atendimento a crian�as, sofre com obra inacabada, infraestrutura insuficiente e at� invas�o de aracn�deos


postado em 22/06/2015 06:00 / atualizado em 22/06/2015 12:37

(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)

Os problemas que colocam a sa�de p�blica em estado cr�tico em Minas aparecem em lugares diferentes, que juntos contribuem para uma situa��o pr�xima do caos. A reportagem do Estado de Minas ouviu de m�dicos e pacientes queixas de falta de profissionais, infraestrutura prec�ria para atendimento, burocracia da gest�o p�blica no momento de resolver as pend�ncias e escassez de insumos b�sicos para garantir consultas e casos de urg�ncia. Faltam desde roupas para cirurgias a medicamentos; aparelhos importantes estragam e ficam sem conserto; nas unidades que deveriam primar pela limpeza e assepsia h� obras se arrastando, paredes sem reboco e cadeiras rasgadas. A situa��o chega ao c�mulo de escorpi�es invadindo salas de atendimento no maior hospital infantil do estado.


O Hospital Infantil Jo�o Paulo II, antigo Centro Geral de Pediatria (CGP), � refer�ncia em Minas Gerais para o atendimento de crian�as. Mas, nele, praticamente todas as salas apresentam o mesmo tipo de transtorno. O ambiente abafado incomoda tanto que foi necess�rio colocar ventiladores em v�rios lugares, mesmo com recomenda��es contr�rias da Vigil�ncia Sanit�ria, pelo risco de dissemina��o de doen�as. No ambulat�rio do pronto-socorro, outra dificuldade � a falta de espa�o para os m�dicos colocarem seus pertences. Bolsas, mochilas e objetos pessoais se amontoam at� por cima de monitores, pois n�o h� onde colocar nada.


Paredes est�o danificadas, portas est�o velhas e a t�o sonhada obra de expans�o e requalifica��o do hospital est� parada, contribuindo para piorar o quadro de calor e abafamento. A situa��o � t�o cr�tica que o ambiente � h�bitat de escorpi�es, encontrados com frequ�ncia inclusive onde m�es e filhos esperam pela consulta. Gestores e m�dicos j� encaminharam repetidas vezes memorandos � administra��o da Funda��o Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) pedindo provid�ncias, mas as solu��es s�o apenas paliativas. “H� mais de 10 anos um novo CGP � prometido e essa obra j� se arrasta h� tr�s anos. Durante muito tempo a gente tinha que andar uns 100 metros para conseguir beber �gua”, conta uma m�dica que trabalha no hospital e pediu para n�o ser identificada.


Segundo integrantes do corpo cl�nico, h� 10 anos um plant�o no hospital – que se tornou famoso pela superlota��o, especialmente durante o inverno – chegava a ter 10 pediatras para dar conta da demanda. Hoje, h� dias com apenas um m�dico. “As condi��es de trabalho e o sal�rio baixo desencorajam os jovens pediatras a seguir a carreira aqui”, afirma a profissional. Ela lembra ainda que essa situa��o de poucos m�dicos sobrecarrega consideravelmente os demais. “J� dei um plant�o sem almo�ar e bebendo pouqu�ssima �gua, e os gestores s� se preocupam com a produtividade”, afirma.
Um segundo m�dico diz que a press�o tamb�m vem do lado dos pacientes, que cobram o direito de serem atendidos. “Chegou um paciente com apendicite e n�s n�o temos o bloco cir�rgico. Temos o cirurgi�o, mas n�o temos onde operar. A� temos que transferir e isso gera um estresse muito grande. Na hora em que o menino est� passando mal, se voc� est� atendendo o problema � seu. O pai n�o quer saber quem pode ajudar. Muitos ficam em cima de voc� e dizem que os filhos est�o morrendo por culpa sua”, afirma.

Hospital Infantil João Paulo II: ampliação incompleta e queixas quanto a escorpiões(foto: Divulgação)
Hospital Infantil Jo�o Paulo II: amplia��o incompleta e queixas quanto a escorpi�es (foto: Divulga��o)



PROMESSA E OBRAS

A Fhemig informa quevai elaborar um plano diretor de obras para readequa��o das �reas assistenciais e administrativas do hospital, que vai resolver todos os problemas estruturais, incluindo a falta de ventila��o nas salas. A funda��o diz ainda que est� discutindo com uma empresa especializada em controle de pragas um m�todo para tentar controlar os escorpi�es, antes das solu��es estruturais. Sobre a falta de pediatras, a institui��o reconhece um d�ficit de 50 profissionais, mas argumenta que o problema � generalizado no Brasil. Para ameniz�-lo, as escalas est�o sendo readequadas, com manuten��o de valores diferenciados para plant�es estrat�gicos desde setembro de 2014. Al�m disso, 14 novas vagas foram abertas para contrata��o via Prefeitura de Belo Horizonte e outras 30 est�o dispon�veis via contrato administrativo com a Fhemig.
A funda��o conta hoje com 28 m�dicos residentes em pediatria no Hospital Infantil Jo�o Paulo II e a expectativa, com abertura de novas vagas, � chegar a 72 profissionais em 2018. Mesmo com o d�ficit, a Fhemig lembra que o hospital tem mais de 120 leitos de interna��o e CTI, registrando mais de 5 mil interna��es por ano e fechando 2014 com 23 mil consultas especializadas em sua unidade de doen�as complexas.


A Secretaria Municipal de Sa�de da capital tamb�m se manifestou sobre as apari��es constantes de escorpi�es no Hospital Jo�o Paulo II, dizendo que n�o h� registro de ningu�m picado e que a regi�o onde fica o hospital � end�mica para a esp�cie. Por isso, � feito um controle permanente do local pela equipe de Zoonoses da Regional Centro-Sul. A pasta tamb�m apontou a necessidade de reforma do primeiro andar do pr�dio para conter a entrada de escorpi�es.

Faixa denuncia problemas no antigo CGP: falta crônica de pediatras(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Faixa denuncia problemas no antigo CGP: falta cr�nica de pediatras (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)


SUS tem menos verba que planos

Mesmo com um salto de 49% no or�amento da Sa�de no pa�s entre 2010 e 2014, quando os recursos para a��es e servi�os do Sistema �nico de Sa�de (SUS) passaram de R$ 62 bilh�es para R$ 92 bilh�es, ainda � discrepante o gasto com pacientes entre a rede p�blica e a particular. Dados da Ag�ncia Nacional de Sa�de Suplementar (ANS) mostram que a receita dispensada com cerca de 50,8 milh�es de pessoas que t�m planos de sa�de foi de R$ 127,3 bilh�es no ano passado, R$ 35,3 bilh�es a mais do que a rede p�blica, que atende aos 150 milh�es de brasileiros sem cobertura particular. � maior tamb�m que os R$ 98,4 bilh�es previstos para 2015. A defasagem nos investimentos, segundo especialistas, � a origem de todos os problemas atualmente enfrentados nas unidades de sa�de de Minas e vistos de forma cr�nica nos servi�os de urg�ncia e emerg�ncia, dos de m�dia e alta complexidade.

Um dos m�dicos ouvidos pelo EM relata que na unidade do Hospital S�o Francisco do Bairro Santa L�cia, Centro-Sul de BH, que tamb�m atende pelo SUS, os problemas acompanham a l�gica dos hospitais p�blicos e unidades das prefeituras. “J� tivemos um caso de cirurgia marcada para as 7h da manh�, mas n�o havia o capote cir�rgico, que � a roupa que o m�dico usa para fazer o procedimento. Nesse caso tivemos que esperar at� meio-dia, quando chegaram roupas da lavanderia”, conta o profissional. Ele lembra tamb�m das dificuldades envolvendo o setor de anestesia, e critica a falta de evolu��o dos medicamentos fornecidos pelo SUS. “Atualmente, h� op��es de anestesia de melhor qualidade. Por�m, o SUS disponibiliza um medicamento que � de qualidade inferior. Com isso, o p�s-operat�rio � mais prolongado, com uma hospitaliza��o maior”, afirma o m�dico.

DEN�NCIAS
O resultado de tantos problemas ecoa em forma de den�ncias no Sindicato dos M�dicos de Minas Gerais (Sindmed-MG). O diretor de comunica��o da entidade, Andr� Christiano dos Santos, afirma que as reclama��es s�o frequentes e sempre relacionadas a m�s condi��es de trabalho, baixos sal�rios e falta de infraestrutura. Nos setores de urg�ncia e emerg�ncia, ele diz que o problema � ainda mais grave, especialmente na pediatria. A falta de medicamentos tamb�m chega em forma de den�ncias. “Recentemente, recebemos uma queixa de uma m�dica de UPA que tinha no consult�rio um caso de fasci�te necrosante, provocada por bact�ria que causa necrose em tecidos, mas n�o havia na unidade nenhum dos tr�s esquemas terap�uticos para tratamento”, afirmou o sindicalista, lembrando que a falta de tratamento agrava o risco de morte nos atendimentos de maior complexidade.

Sobre os problemas relatados por integrante do corpo cl�nico do Hospital S�o Francisco, a Funda��o Hospitalar S�o Francisco de Assis, entidade filantr�pica mantenedora, diz que atende 100% pelo SUS, o que significa depender dos repasses do munic�pio, do estado e da Uni�o. Sobre os medicamentos da anestesia, a funda��o sustenta que a medica��o usada tem registro da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) e � usada sob prescri��o m�dica, garantindo a seguran�a dos pacientes. As alas de anestesia passam por reposi��o constante de equipamentos e contam com aparelhos reservas para emerg�ncias. A institui��o destaca que, mesmo com as dificuldades financeiras de uma unidade que � 100% SUS, o hospital � refer�ncia no setor ortop�dico.


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