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Estado de Minas

Pacientes do SUS enfrentam riscos na peregrina��o em busca de vagas

Equipes incompletas, equipamentos inoperantes e falta de leitos e medicamentos submetem pacientes do SUS a peregrina��o em ve�culos de socorro em BH para conseguir atendimento


postado em 22/06/2015 06:00 / atualizado em 22/06/2015 07:10

Ambulância chega ao João XXIII, onde médicos afirmam receber pedidos de colegas para acolher pacientes(foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Ambul�ncia chega ao Jo�o XXIII, onde m�dicos afirmam receber pedidos de colegas para acolher pacientes (foto: T�lio Santos/EM/DA Press)


A busca pelos servi�os de sa�de em Belo Horizonte e em outras cidades da Grande BH � um drama que n�o termina nas unidades de urg�ncia e emerg�ncia e gera outro movimento na rede p�blica: o vaiv�m de ambul�ncias pela capital. Com equipes m�dicas desfalcadas, equipamentos quebrados ou em manuten��o, al�m de falta de leitos e medicamentos – como mostrou ontem reportagem do Estado de Minas –, pacientes s�o obrigados a transitar entre as diferentes unidades para conseguir o primeiro atendimento, interna��o ou exames essenciais para um diagn�stico seguro. Uma corrida que em muitos casos segue na dire��o contr�ria � do tratamento, pois piora o quadro dos pacientes e aumenta os desafios de m�dicos j� sobrecarregados. “Como os casos que chegam �s unidades de pronto atendimento s�o de maior complexidade, nesses deslocamentos o quadro cl�nico do paciente s� se agrava”, afirma o presidente da Associa��o M�dica de Minas Gerais, Lincoln Lopes Ferreira. Ele ressalta ainda que o problema � geral no estado. “Basta ir � Regi�o Hospitalar, no Bairro Santa Efig�nia (Centro-Sul de BH), para ver como � enorme o n�mero de prefeituras que procuram a capital para atender seus pacientes”, diz.


Na semana passada, a usu�ria do Sistema �nico de Sa�de (SUS) S., que prefere n�o se identificar, sentiu na pele o drama da desassist�ncia m�dica em BH. Ela chegou �s 7h ao Centro de Sa�de Santa Terezinha, na Regi�o da Pampulha, levando o filho com suspeita de dengue. A crian�a recebeu indica��o de transfer�ncia para uma unidade de urg�ncia e emerg�ncia, mas n�o p�de ser levada � UPA de sua regional porque n�o havia pediatras de plant�o na �ltima quarta-feira. De ambul�ncia, m�e e filho seguiram para a UPA Norte, onde o menino foi atendido no fim da tarde. Durante todo esse tempo, S. segurou um recipiente de soro ligado a um cateter venoso que havia sido colocado na crian�a ainda no posto de sa�de. “O que fazem com a gente � um desrespeito, mas temos que nos sujeitar, porque n�o posso ir pra casa com ele sem uma consulta”, disse a m�e, enquanto cuidava da crian�a, revelando a ang�stia da espera no olhar.


De acordo com m�dicos que trabalham nas UPAs de Belo Horizonte, o vaiv�m de ambul�ncias motivado por falta de estrutura em unidades � comum. “Isso gera atraso para o atendimento do paciente, desconforto, al�m de aumentar o risco de agravamento do quadro cl�nico”, afirma uma m�dica de uma das unidades de urg�ncia e emerg�ncia, que tamb�m pede anonimato. Ela ainda critica a forma como os pacientes s�o transportados: “Andam em ambul�ncias pequenas e superlotadas, e ficam expostos ao risco de acidentes”, disse.


Apesar de ser referenciado para casos graves de traumas e atendimentos complexos de urg�ncia, como acidentados do tr�nsito e baleados, o Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII tem sido porta de entrada para pacientes que n�o encontram retaguarda nas UPAs ou outros hospitais da capital. Integrante da Comiss�o de Mobiliza��o da unidade, o cl�nico-geral Carlos William Delfim diz serem frequentes os pedidos de colegas que trabalham em unidades de pronto-atendimento para aceitar pacientes que precisam de interna��o urgente. “Eles ligam pedindo at� ‘pelo amor de Deus’; como s�o casos graves, n�o h� como negar”, afirma. Carlos William cita exemplos como os de pacientes com pneumonia grave, que precisam de ventila��o mec�nica. Como o servi�o n�o existe na UPA e n�o h� vaga nos hospitais, acabam indo parar no Jo�o XXIII. “Vejo a sensa��o de impot�ncia em que o colega fica, porque ele sabe que existe o tratamento, que algo pode ser feito, mas ele n�o tem o recurso dispon�vel. Isso gera um estresse muito grande para o profissional, que acaba sendo tamb�m v�tima desse sistema”, afirma o m�dico.

Pacientes se espremem em veículo na busca de tratamento que não encontraram em UPA de BH: além de sofrimento, risco de acidentes(foto: Divulgação)
Pacientes se espremem em ve�culo na busca de tratamento que n�o encontraram em UPA de BH: al�m de sofrimento, risco de acidentes (foto: Divulga��o)


At� aparelhos
Outro problema que alimenta a movimenta��o de ambul�ncias pelas ruas de Belo Horizonte � a quantidade de aparelhos para a realiza��o de exames que ficam inoperantes por longos per�odos, � espera de conserto e manuten��o. M�dicos do Hospital Infantil Jo�o Paulo II, antigo Centro Geral de Pediatria (CGP), denunciam que o colonosc�pio, aparelho usado para exames no intestino, ficou cerca de um ano estragado antes de ser encaminhado para a manuten��o. J� o broncosc�pio, bastante usado nas crian�as com traqueostomia para fazer a varredura da traqueia e dos br�nquios, ficou cerca de seis meses com problema e ainda aguarda o retorno da manuten��o.


A Funda��o Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) informa que o colonosc�pio e o broncosc�pio est�o passando pela manuten��o devida e ser�o entregues ao Hospital Jo�o Paulo II em 45 dias. A Secretaria Municipal de Sa�de da capital alega que s� h� registro de equipes incompletas na rede p�blica no setor de pediatria. Para tentar contornar o problema, foi feita uma escala de atendimento para a especialidade. Segundo o �rg�o, pacientes com pulseira verde ou amarela, escalas de prioridades menos graves, s�o direcionados a outras UPAs, enquanto os que recebem a pulseira laranja ou vermelha, que correspondem a casos mais complexos, s�o estabilizados pelo cl�nico geral de plant�o. Depois, s�o encaminhados, de ambul�ncia, a uma unidade que tenha pediatra de plant�o.

Tomografia


Uma das apostas da Funda��o Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) para diminuir o tempo de espera dos pacientes em suas unidades de sa�de deve come�ar a funcionar nos pr�ximos 45 dias. O Hospital J�lia Kubitschek vai substituir um tom�grafo antigo, cuja vida �til se esgotou em outubro do ano passado, por um novo aparelho, com previs�o de realizar 350 exames por m�s nas cl�nicas de pneumologia, tisiologia, cl�nica m�dica, cl�nica cir�rgica, maternidade, neonatologia, terapia intensiva, unidade de emerg�ncia e cirurgia tor�cica. O problema obriga a sa�da de pacientes para serem examinados em outras unidades da rede e, consequentemente, aumenta a necessidade de transporte pela cidade. O servi�o de tomografia computadorizada vai beneficiar tamb�m outros exames de contratos com o SUS, demarca��o para radioterapia do Hospital Alberto Cavalcanti e solicita��es de outros hospitais da Fhemig. O investimento no novo equipamento foi de R$ 1,6 milh�o.


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