(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Confira a entrevista com o fundador da Fraternidade Kayman, no Bairro Ipiranga

Fundador da fraternidade que alia rituais da umbanda e do santo-daime fala sobre Chico Xavier, a descoberta da ayahuasca e como recebeu do Sol o presente para criar a Kayman


postado em 28/06/2015 06:00 / atualizado em 28/06/2015 07:41

Médium e pai de santo, Pierry fundou a Fraternidade Kayman há 13 anos, após ter uma visão estimulada pela ayahuasca(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
M�dium e pai de santo, Pierry fundou a Fraternidade Kayman h� 13 anos, ap�s ter uma vis�o estimulada pela ayahuasca (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)

Robespierry Caetano, o Pierry, fundador da Fraternidade Kayman, que une a umbanda ao santo-daime em Belo Horizonte, planeja criar uma comunidade, ou uma ecovila, em alguma �rea rural pr�ximo � capital. Quer erguer uma igreja e um terreiro. “Um local em que as pessoas possam plantar e produzir aquilo que consomem”, vislumbra. A segunda parte do plano � transformar o espa�o da Fraternidade Kayman, no Bairro Ipiranga, em local para realiza��o de cirurgias espirituais.

Pierry diz ter descoberto sua mediunidade ainda crian�a, quando vivia com os pais em uma fazenda, em Ouro Verde de Goi�s. Aos 21 anos, decidiu procurar o m�dium Chico Xavier, em Uberaba, no Tri�ngulo Mineiro. Ele lembra que entrou na fila para conversar com Chico diversas vezes, mas n�o conseguia, devido ao grande n�mero de pessoas e � velocidade do andamento da fila.

“Na s�tima vez, eu tinha acabado de passar por ele quando recebi o Pai Jo�o. Foi ent�o que o Emmanuel (um dos esp�ritos incorporados por Chico Xavier) nos chamou. Ele disse que eu tinha um dom e uma miss�o muito grandes”, relata Pierry.

No ano seguinte, ap�s a morte do deputado Ulysses Guimar�es, em 12 de outubro de 1992, Pierry diz ter recebido um recado espiritual do pol�tico, informando sobre a localiza��o do helic�ptero, que havia ca�do no litoral sul do Rio de Janeiro. “Meu pai vendeu umas vacas e me deu o dinheiro viajar. Cheguei a Parati (RJ) e fui at� o local onde a Marinha fazia as buscas. Disse que sabia onde estava o helic�ptero, mas todos riram e me mandaram embora”, recorda.

REVELA��ES Quando estava saindo, Pierry diz ter incorporado Pai Jo�o, que come�ou a conversar com um tenente: “Voc� � filho da dona Marta de Mogi Mirim e tem um irm�o que est� sofrendo muito, mas vai conseguir sair do v�cio das drogas”, disse. Segundo Pierry, o militar ficou assustado e aceitou a ajuda. Com a localiza��o indicada pelo m�dium, foi encontrado o primeiro destro�o do helic�ptero, o tanque de combust�vel. A ajuda se tornou not�cia e foi destaque em todos os jornais do pa�s. Pierry ficou famoso, foi personagem de uma reportagem do Fant�stico, na TV Globo, e entrevistado por J� Soares, � �poca no SBT.

“No dia em que chegou, mergulhadores desceram num ponto indicado por ele e encontraram o tanque de combust�vel do aparelho acidentado”, destacou a edi��o do Estado de Minas. O corpo de Ulysses nunca foi localizado.

CIRURGIAS Em 1996, quando Pierry conheceu Belo Horizonte, tamb�m foi not�cia no EM. Uma foto na capa da edi��o de 13 de fevereiro mostrava o m�dium com uma faca de cozinha na m�o e tratando o p� de uma senhora. “Centenas de pessoas, das mais diferentes cren�as, enfrentam diariamente uma longa fila em frente ao Exoteric Center, na Avenida Augusto de Lima, para serem atendidas pelo m�dium”, publicou o jornal, na capa.

Segundo Pierry, nessas cirurgias, ele trabalhava com os m�dicos – j� desencarnados – Cust�dio Vilela Ribeiro e Lazarino, este �ltimo um mexicano com apar�ncia feminina. Em apenas um dia, Pierry atendeu 700 pessoas. “Minha vinda a BH foi determinada pelo plano espiritual, a fim de que eu pudesse resgatar uma miss�o. A cidade tem muita energia espiritual e aqui me sinto bem”, explicou ao EM, h� 19 anos.

No ano seguinte, em janeiro de 1997, Pierry voltou �s p�ginas do EM. Ele estava atendendo em Montes Claros, no Norte de Minas. A reportagem destacava que as filas chegavam a dois quarteir�es. A oper�ria Maria Isaura Lopes procurou o atendimento porque tinha um problema no �tero. “Vim e estou curada”, disse.

Pierry calcula que nos sete anos dedicados ao atendimento espirituais, entre 1993 e 2000, operou 1,08 milh�o de pessoas  no pa�s, percorrendo 80 cidades apenas em Minas. “Eu chegava a um lugar e procurava um local, geralmente alguma entidade de assist�ncia social, pedindo um espa�o. Em troca, arrecadava alimentos e roupas para distribuir �s pessoas carentes”, relata.

Em 2000, Pierry decidiu se fixar em BH. Fundou a Sociedade Mineira de Amparo Social (Somas), que seguia as linhas kardecista e de umbanda, no Bairro Renascen�a, Regi�o Nordeste de BH. “Eu estava descrente e meu mentor espiritual percebeu. Foi quando o Pai Jo�o me orientou a tomar o santo-daime”, lembra o m�dium.

Veja o v�deo da cerim�nia



Mistura de religi�es n�o � bem vista


A Fraternidade Kayman � a refer�ncia em umbandaime em Minas Gerais. No Brasil, existem dois outros centros conhecidos, o Reino do Sol, na capital paulista e Flor da Montanha, em Lumiar, no Rio Janeiro. Este �ltimo �, inclusive, o pioneiro em umbandaime no pa�s, quando iniciou as cerim�nias na d�cada de 1980 com a M�e de Santo Baixinha. O diretor cultural da Federa��o Brasileira de Umbanda, Jos� Carlos Gentil, entende que a mistura das religi�es n�o � boa. “Com todo o respeito que tenho pelo santo-daime, mas n�o faz parte da umbanda tomar o ch�”, acredita Gentil. Mas ele pondera que todas as religi�es t�m “um elo de liga��o uma com as outras”.



‘Curado’ pelo ch�


Pierry recorda que n�o teve tempo de pesquisar e que, por coincid�ncia, havia no Somas alguns adeptos do santo- daime. “Pai Jo�o sabia que eles eram daimistas, e pediu que fizessem um trabalho de cura para ver se eu voltava a ficar animado”, recorda Pierry. “Passados uns 40 minutos, eu comecei a sentir o daime, mas muito leve. Comecei at� a questionar: 'O que estou fazendo tomando esse ch�? Isso pode ser uma droga'”, lembra Pierry. O presidente da sess�o, por�m, falou para ele esperar mais 15 minutos. “Eu senti o daime muito forte. Achei que ia morrer, pois minha press�o caiu e eu comecei ter a sensa��o de que estava virando �gua. Sa� da cadeira e ca�. Achei que estava tendo um AVC ou algo parecido. Mas a� come�ou uma mira��o”, relata, referindo-se a uma vis�o estimulada pela bebida.

Pierry lembra ter visto um vale de morte e ter ficado com medo. Por�m, segundo ele, Pai Jo�o de Aruanda pediu que seguisse na mira��o. Passou a enxergar um jardim alegre, com muitos p�ssaros. “Tinha uma estrada que chegava a um castelo, em um lugar muito alto. Eu cheguei a esse lugar e vi dois sentinelas vigiando a porta de entrada. Observei a porta e vi que tinha muitos entes queridos, pessoas amigas que haviam desencarnado, quando, de repente, uma voz me chamou e eu olhei. Era o Sol”, detalha.

O Sol, descreve Pierry, tinha olhos, boca e nariz e apresentou a ele a Lua, dizendo que era casado com ela e que as estrelas eram seus filhos e filhas. “De repente, ele me perguntou: ‘Voc� quer fazer um pedido?’”, recorda. Pierry diz ter pedido um espa�o maior para poder trabalhar com a doutrina do santo-daime. “Ele imediatamente disse: ‘Pois n�o’. A� veio uma �nsia de v�mito. Eu consegui levantar e fiz a limpeza, como chamamos”, explica, referindo-se ao fato de ter vomitado. No dia seguinte, segundo Pierry, um conhecido o procurou e contou que tinha sonhado com ele. “Ele disse que sonhou que eu precisava de um espa�o maior e que ele tinha que me trazer aqui nesse lugar (onde funciona a Kayman)”, relembra.

A Fraternidade Kayman foi fundada em 31 de agosto de 2002, sete meses ap�s a vis�o de Pierry. A casa tem 140 filhos batizados na linha de umbanda e capacidade para receber at� 260 pessoas durante as cerim�nias. Quem passa pela Rua Pio X e v� a placa com o nome da Fraternidade e um discreto port�o dificilmente imagina a configura��o do local. No terreno com poucos metros de frente e bem comprido, h� algumas casas, onde Pierry e outras pessoas vivem, e v�rias constru��es com motivos religiosos – Casa de Exu, Senzala (espa�o para atendimento dos preto velhos) e o grande sal�o, com altares e espa�o para as cerim�nias. Entre os filhos da casa, est�o pessoas de diversas classes sociais e profiss�es, incluindo psic�logos, publicit�rios, m�dicos, engenheiros, advogados e muitos estudantes. A maioria do p�blico � formada por pessoas abaixo de 30 anos.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)