
A ado��o urgente de pol�ticas p�blicas para lidar com a falta de recursos e de pessoas especializadas diante do crescimento acelerado e desordenado dos munic�pios de pequeno e m�dio porte, conforme o Estado de Minas mostrou na edi��o de ontem, � essencial para evitar consequ�ncias dr�sticas em um futuro pr�ximo, alertam especialistas. Montes Claros, principal munic�pio do Norte de Minas, por exemplo, sofre com a ocupa��o desordenada. “Se esses problemas n�o forem enfrentados agora, daqui a algumas d�cadas ser�o um problema mais grave, j� que a tend�ncia � cada dia mais ocorrer migra��o da �rea rural para a urbana, onde as oportunidades s�o maiores”, diz a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Jupira Gomes de Mendon�a, doutora em planejamento urbano e regional.
Nas d�cadas de 1960 e 1970, devido aos incentivos fiscais da Superintend�ncia de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), come�aram a ser instaladas as primeiras ind�strias na cidade. E, com elas, surgiram tamb�m as favelas, formadas por retirantes da seca da regi�o. O munic�pio teve r�pido crescimento populacional e, na d�cada de 1980, se intensificaram o processo de ocupa��o irregular e o aumento de problemas sociais, como viol�ncia e desemprego.
H� tr�s anos, o casal de catadores Warley Rocha, de 28 anos, e Rosineide Nunes Nunes dos Santos, de 47, saiu de Manga, �s margens do Rio S�o Francisco, em busca de melhores condi��es de vida em Montes Claros. Hoje, mora em um barraco em p�ssimas condi��es em um aglomerado � beira do aterro sanit�rio, antigo lix�o de Montes Claros. No local, distante dois quil�metros da �rea urbana, vivem 13 fam�lias.
Veja depoimento de mulher que mora perto de aterro
Warley conta que, quando chegou a Montes Claros, morava de aluguel no Bairro Itatiaia, outra �rea carente da cidade). “Mas a gente n�o estava aguentando pagar o aluguel e o jeito foi vir para esse terreno aqui”, diz o catador. A fam�lia, formada por nove pessoas, incluindo cinco filhos e dois netos de Rosineide, mora em um barraco de ch�o batido com “paredes” de peda�os de madeira e pl�stico e telhado de amianto. Uma pequena cria��o de porcos que ajuda na subsist�ncia familiar.
Al�m do risco gerado pelo ambiente insalubre e malcheiroso e por animais pe�onhentos, falta �gua, que � “emprestada” por um vizinho e, mesmo assim, costuma demorar 15 dias para chegar. “Eu apanho �gua aqui perto no lombo do meu cavalo”, conta Warley, acrescentando que conseguiu levar o animal numa carroceria de um caminh�o de Manga at� Montes Claros, a 290 quil�metros.
“Meu sonho � sair daqui e morar numa casa em melhores condi��es”, afirma a mulher. Rosineide recebe R$ 217 do Programa Bolsa-Fam�lia. A renda � completada com R$ 400 que o casal ganha catando garrafas PET. Para aumentar o rendimento, eles tentam driblar a vigil�ncia do aterro controlado. “Entramos no lix�o � noite, com uma lanterna, para catar PET. Se entrar durante o dia, os guardas chamam a pol�cia para a gente”, afirma a mulher.