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Estado de Minas

BH vai estudar �rea para proteger im�veis na Lagoinha e Bonfim, mas muitos foram demolidos

Diretoria de Patrim�nio Cultural da PBH delimita per�metro de estudo para definir quais im�veis poder�o ser tombados no bairro e no vizinho Bonfim. Objetivo � evitar demoli��es


postado em 24/07/2015 06:00 / atualizado em 24/07/2015 07:41

A Casa da Loba, de 1920, chamava a atenção pela estátua do animal amamentando Rômulo e Remo: peça não está lá e imóvel é o retrato do abandono(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
A Casa da Loba, de 1920, chamava a aten��o pela est�tua do animal amamentando R�mulo e Remo: pe�a n�o est� l� e im�vel � o retrato do abandono (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)

Um casar�o sem n�mero da Rua do Serro, no tradicional Bairro da Lagoinha, Regi�o Noroeste de BH, preserva em sua fachada, em algarismos romanos, o ano da sua constru��o: MCMXXVII (1927). Ningu�m mora no im�vel e, apesar de haver arame farpado nas janelas para evitar invas�o, a porta lateral est� aberta e d� acesso a um dos c�modos. Na regi�o, v�rias outras casas e palacetes antigos, alguns com mais de um s�culo, j� foram derrubados, deram lugar a empreendimentos comerciais, como garagens de �nibus. Outros s�o o pr�prio retrato do descaso, abandonados e amea�ando desabar.

Ontem surgiu uma esperan�a de preserva��o desse patrim�nio cultural que marcou o in�cio da nova capital mineira. A Diretoria de Patrim�nio Cultural (DIPC), da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), estabeleceu o per�metro de estudo para realizar a prote��o do conjunto urbano dos bairros Lagoinha e Bonfim, que tiveram como base de ocupa��o os imigrantes italianos que ajudaram a erguer os primeiros alicerces da cidade. Entretanto, para muitos moradores, essa preocupa��o veio tarde demais. “Ainda d� para salvar um pouco das casas antigas. Se a prefeitura tivesse tomado essa iniciativa antes, muitos im�veis ainda estariam de p�”, lamenta o aposentado Edgar Teixeira, de 82 anos, que desde os 10 mora no Lagoinha.

Um dos im�veis mais suntuosos da regi�o, a Casa da Loba, na Rua Itapecerica, 579, � o retrato do abandono. O palacete foi constru�do em 1920 e a sua fachada chamava a aten��o pela est�tua de uma loba amamentando os g�meos R�mulo e Remo, s�mbolo de Roma. “Era uma casa maravilhosa”, conta a comerciante Ros�ngela Silva, de 60, mostrando uma fotografia antiga do lugar. “Antes de morrer, o antigo dono, seu Fernando, foi embora para o Rio de Janeiro e levou a est�tua da loba junto”, conta. Para ela, a PBH decidiu tarde pela preserva��o. “A hist�ria arquitet�nica da cidade poderia estar mais completa hoje”, reclama.

Para moradores como Eust�quio Jos� de Castro, de 68, dos quais 30 morando na Rua do Serro, ainda resta a esperan�a de o lugar se tornar ponto tur�stico, assim como a Lapa, no Rio Janeiro. � o que tamb�m deseja Neliane Reis, de 39, funcion�ria de um bar e restaurante da Rua Al�m Para�ba com Jequery, que se orgulha de trabalhar num im�vel do in�cio do s�culo passado. “O tombamento vai trazer vida para a Lagoinha e mais clientes para o bar.”

Neliane Reis, funcionária de um bar na Além Paraíba, se orgulha de trabalhar num imóvel do século passado:
Neliane Reis, funcion�ria de um bar na Al�m Para�ba, se orgulha de trabalhar num im�vel do s�culo passado: "O tombamento vai trazer mais clientes" (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)


PROPRIET�RIOS NOTIFICADOS Entretanto, muitos moradores torcem o nariz quando falam em tombamento de im�veis. “N�o quero. Reformei todo o telhado e se ela for preservada vai dificultar a venda”, reclama a professora aposentada Leda Garcia, de 79, herdeira de um casar�o de mais de 100 anos, na Rua Al�m Para�ba. Entretanto, ela se gaba por proteger o im�vel. “O assoalho � todo original”, disse. A comerciante Cristiane Maia, de 51, tamb�m � contra o tombamento. “A Lagoinha j� � atrasada e isso vai emperrar ainda mais o progresso”, afirma.

A equipe t�cnica da DIPC vai fazer o invent�rio de toda a �rea para defini��o dos im�veis a serem protegidos e das diretrizes de prote��o, que ser�o encaminhados para an�lise e aprova��o do mesmo Conselho de Patrim�nio. Segundo a PBH, toda a �rea delimitada j� vinha sendo estudada pela DIPC e qualquer interven��o nos im�veis deveria ser precedida da emiss�o da carta de grau de prote��o, emitida pelo �rg�o. “Demoli��o, nova constru��o ou reforma nessa �rea devem ser autorizadas pela DIPC”, informou. N�o h� prazo definido para conclus�o do invent�rio. Quando houver o tombamento, cada propriet�rio ser� notificado. Hoje, apenas seis im�veis s�o tombados na Lagoinha e no Bonfim.

Para a presidente do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG), Michele Arroyo, a defini��o do per�metro de prote��o e o invent�rio da �rea e tombamento de mais casas � importante porque pressup�e participa��o da comunidade na formula��o do invent�rio, o aprimoramento das diretrizes de prote��o e, principalmente, o reconhecimento formal da Lagoinha como patrim�nio cultural da cidade. “A Lagoinha � um pouco a Lapa do Rio e deve ser valorizada tanto com esse uso bo�mio e cultural quanto com o residencial.”


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