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Estado de Minas

Desmatamento avan�a pelos arredores de BH

Reportagem do EM localiza nada menos que 41 �reas de desmatamento em parques nacionais pr�ximos a BH. Falta de plano de manejo e de fiscais facilita a��o criminosa


postado em 26/07/2015 06:00 / atualizado em 26/07/2015 09:22

Homem usa motosserra para derrubar mata atlântica na Serra do Gandarela. resultado é o desmatamento cada vez maior na região(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Homem usa motosserra para derrubar mata atl�ntica na Serra do Gandarela. resultado � o desmatamento cada vez maior na regi�o (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Santa B�rbara – De longe, quase escondidas pelas linhas sim�tricas das copas de eucaliptos, as folhagens de �rvores de madeiras de lei da mata atl�ntica sacodem, depois envergam e com um estalo desaparecem, como que engolidas pela floresta. A cada acelera��o das motosserras, exemplares da vegeta��o que abriga a mais rica biodiversidade nacional – e tamb�m a mais amea�ada – v�o abaixo para se tornar carv�o de churrasco ou para alimentar autofornos de sider�rgicas, n�o estando a salvo nem sequer nos espa�os de parques e �reas de prote��o. Comparando fotografias de sat�lites dos �ltimos oito anos, a reportagem do Estado de Minas encontrou 41 clareiras abertas por lenhadores e empreendimentos em �reas florestais que devastaram cerca de 380 hectares do Parque Nacional da Serra do Gandarela e da �rea de Preserva��o Ambiental da Serra da Pedreira, em volta do Parque Nacional da Serra do Cip�. Para abrir pastagens, plantar eucalipto ou fazer carv�o, reservas ambientais federais pr�ximas a Belo Horizonte v�m sendo derrubadas por fazendeiros e silvicultores que n�o temem a fiscaliza��o em propriedades lim�trofes com as unidades, nas �reas de amortecimento que as circundam e dentro dos parques.

Mais recente parque nacional mineiro, demarcado em 13 de outubro do ano passado, o Serra do Gandarela tem 31 mil hectares e abriga a segunda maior mancha cont�nua de mata atl�ntica do estado, com 20 mil hectares, menor apenas do que o Parque Estadual do Rio Doce. Cont�m tamb�m forma��es de cerrado e cangas ferruginosas, sob as quais se encontram reservas h�dricas de grande import�ncia para a Grande BH, sobretudo por injetar �gua no Rio das Velhas, respons�vel por 60% do abastecimento da regi�o. Devido � sua import�ncia, o Gandarela tem sido raz�o de embates entre ambientalistas, mineradores e poder p�blico por causa de projetos de extra��o de min�rio de ferro que ficaram de fora dos limites do per�metro original do parque, proposto em 2010. Mas a amea�a mais imediata, por enquanto, � o desmatamento provocado por carvoeiros que derrubam a mata atl�ntica e a misturam aos eucaliptos plantados sobretudo nas partes sul e sudeste do espa�o de preserva��o.

As �reas desmatadas s�o de dif�cil acesso, bem na transi��o entre os eucaliptos e a floresta nativa confinada entre vales e precip�cios rochosos, pr�ximos ao distrito de Cruz dos Peixotos, em Santa B�rbara, na Regi�o Central do estado. � preciso transpor estradas rurais abertas em antigas trilhas de animais e carro�as e ainda penetrar nos labirintos formados pelos eucaliptos. Mas, ao se aproximar de uma fazenda que tem atividades dentro do parque, o som das motosserras e dos tratores trabalhando ajudou a orientar o caminho at� o desmate. Dois homens usavam as correntes afiadas das motosserras para derrubar a madeira plantada e avan�avam mata atl�ntica adentro, fazendo desmoronar grossos troncos de jacarand�, cedro e andira. Com uma garra de a�o na dianteira, um trator segurava os troncos junto com o eucalipto e tudo era transportado at� um caminh�o. O ve�culo de carga ent�o seguia at� as baterias de fornos de tijolos de barro espalhados pelo terreno e descarregava a madeira, que ent�o alimentava os fornos para se tornar carv�o.

“FOI ENGANO” A rea��o dos desmatadores ao ser contestados pela reportagem foi primeiro dizer que n�o estavam dentro do parque, apesar de o GPS confirmar a localiza��o e de a mata atl�ntica ser protegida por lei, n�o podendo ser derrubada sem licen�a espec�fica. “Essas estradas fomos n�s que abrimos. Esse eucalipto n�s plantamos. Agora vem o governo e fala que vai virar parque e n�o vai pagar para a gente nada?”, protestou o propriet�rio da fazenda, que n�o quis se identificar. Sobre as madeiras de lei cortadas, o fazendeiro primeiro disse que se tratavam de �rvores que ca�ram e que eles apenas as partiram. Depois, em vista da grande quantidade de esp�cimes espalhados pela clareira, sugeriu que o desmate foi feito por engano, por um “funcion�rio mal instru�do”. Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad), em nenhum dos pontos de desmatamento encontrados pela reportagem dentro do Gandarela h� licen�a para retirada de eucalipto ou de qualquer outro tipo de �rvore.

Para Paulo Baptista, membro do Movimento pela Preserva��o da Serra do Gandarela, os atrasos na implanta��o de uma estrutura administrativa e de vigil�ncia no parque permitem que a devasta��o continue. “A gente v�, pelos outros parques, que mesmo onde h� um plano de manejo e fiscais ocorrem danos ambientais. Onde n�o tem ent�o, a situa��o fica mais grave”, compara. O ambientalista projeta problemas futuros se as quest�es fundi�rias n�o forem resolvidas. “Muitas �reas dessas (dentro do parque), com planta��es de eucaliptos, precisam ser desapropriadas e recuperadas, j� que o impacto ali � muito grande. Uma coisa que tememos � que, aproveitando que o parque foi demarcado, mas n�o h� cercas nem fiscais, esses produtores avancem suas ocupa��es para dentro da mata, derrubando as �rvores, plantando eucalipto e construindo estruturas para depois pedirem indeniza��es”, alerta.

31 mil - hectares � a �rea do Parque Serra do Gandarela

380 - hectares j� foram devastados na rec�m-criada �rea de preserva��o ambiental

V�deo: Mata Atl�ntica � derrubada para produzir carv�o na Serra do Gandarela


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