(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas DESCENDENTE DA MONARQUIA

Suposto filho bastardo de dom Pedro I viveu na pobreza, mas tornou-se bar�o em Minas

Possivelmente fruto de uma noite de amor com a escrava Faustina Jovita, Anacleto Corr�a de Faria era dono de terras em Minas e no Esp�rito Santo


postado em 01/08/2015 00:12 / atualizado em 01/08/2015 07:53

O historiador Flávio Mateus dos Santos segura a foto da escrava Faustina e de Luciano Corrêa, que assumiu a paternidade de Anacleto(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press)
O historiador Fl�vio Mateus dos Santos segura a foto da escrava Faustina e de Luciano Corr�a, que assumiu a paternidade de Anacleto (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press)


Santo Ant�nio do Manhua�u – O t�mulo mal cuidado pr�ximo ao cruzeiro do cemit�rio de Santo Ant�nio do Manhua�u, pacato distrito de Caratinga, no Vale do Rio Doce, a 350 quil�metros de Belo Horizonte, n�o condiz com a import�ncia da mem�ria do corpo sepultado nele no in�cio do s�culo passado. Trata-se de Anacleto Corr�a de Faria, o bar�o de Itaperuna, t�tulo concedido por Dom Pedro II (1825-1891) poucos meses antes da instaura��o da Rep�blica no Brasil, em 1889.


Historiadores investigam uma hist�ria curiosa: Anacleto seria filho bastardo de Dom Pedro I (1798-1834). O t�tulo de bar�o seria o reconhecimento dele como descendente do monarca, que foi �vido por aventuras extraconjugais. Pedro I teve pelo menos 19 filhos. Desses, sete foram gestados por sua primeira esposa, a princesa Leopoldina. Outro, por sua segunda mulher, Am�lia de Leuchtenber.

Anacleto seria fruto de uma noite de Pedro I com a escrava Faustina Jovita, como acredita o professor universit�rio e pesquisador Fl�vio Mateus dos Santos, autor do livro A Rep�blica do sil�ncio. Para evitar coment�rios na corte, Faustina teria sido levada para a regi�o onde hoje � a Zona da Mata mineira, pr�xima � divisa com o Rio de Janeiro.

L�, ela conheceu e foi amparada por um rapaz chamado Luciano Corr�a de Faria. Os dois viveram o resto da vida juntos. Luciano assumiu a paternidade da crian�a. Tanto que o casal figura como pais biol�gicos no documento que assegura o nascimento de Anacleto no antigo povoado de Merc�s do Pomba, atual Merc�s, em 13 de julho de 1819. A crian�a nasceu numa fam�lia humilde e, por anos, viveu longe da fortuna.

Em algum momento de sua vida, por�m, ele tomou conhecimento – provavelmente pela pr�pria m�e – de que seria filho bastardo do monarca. J� adulto, depois da morte de Pedro I, Anacleto montou no lombo de um burro e viajou a Petr�polis, cidade serrana do Rio de Janeiro fundada por Pedro II e onde a fam�lia real buscava ref�gio nos fins de semana e no ver�o.

T�TULO L�, o suposto filho do monarca foi recebido por Dom Pedro II no pal�cio imperial, hoje o museu que guarda, no pa�s, a maior parte dos objetos que pertenceram � fam�lia real na �poca do imp�rio. Anacleto deixou Petr�polis com o t�tulo de Itaperuna, o que lhe garantiu, al�m de prest�gio, diversas vantagens, como a isen��o de impostos.

“Imagine um homem pobre, criado por uma escrava... Esse homem montou no lombo de um burro, saiu daqui da regi�o e conseguiu uma audi�ncia com o imperador”, diz o historiador.

O ent�o novo bar�o voltou � regi�o com o bolso cheio de dinheiro. “Comprou boa parte do que hoje � o Leste de Minas e (um peda�o) do Esp�rito Santo. Na pr�tica, se transformou num grande empres�rio. Em resumo, chegou pobre em Petr�polis e saiu de l� rico, bar�o”, continuou o professor universit�rio.

A hist�ria � contada por muita gente em Santo Ant�nio do Manhua�u, o pacato distrito de Caratinga em que moram algumas centenas de fam�lias. Mas � bom destacar que, pelo menos por enquanto, a saga do bar�o ainda � uma tese n�o comprovada pelos historiadores.

“A tradi��o oral conta que ele � filho de Pedro I. Esse assunto � forte aqui. O bar�o foi importante fazendeiro. Teria tido 12 filhos”, informa dona Helena Soares, enquanto limpa a cal�ada em frente a sua casa. Ela lecionou na escola p�blica de Santo Ant�nio do Manhua�u, onde alguns alunos fizeram trabalhos na tentativa de buscar novidades sobre o suposto irm�o de Pedro II.

O t�mulo do bar�o est� pr�ximo ao cruzeiro do cemit�rio. H� quase duas d�cadas e meia, a calunga � vigiada por seu Joaquim Jos� Domiciano, de 63. Ele conta que o jagizo de Anacleto j� foi melhor cuidado, mas v�ndalos danificaram a estrutura h� alguns anos. “Foi um homem importante para sua �poca”, reconheceu.

Anacleto recebeu o t�tulo de bar�o em 10 de agosto de 1889. Em 15 de novembro daquele mesmo ano, o golpe militar, liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), derrubou o imp�rio e instaurou a rep�blica no Brasil.

O historiador Fl�vio Mateus acredita que a presen�a de um monarca no Leste de Minas preocupou os republicanos. A regi�o j� foi palco de disputa separatista, como a Rep�blica de Manhua�u. Em 1896, o coronel Joaquim Tib�rcio da Costa liderou um grupo de aproximadamente 800 homens, que invadiram a cidade e decretaram a regi�o como um pa�s independente. A Rep�blica de Manhua�u durou 22 dias, at� ser retomada pelo Ex�rcito.

“Comprovando a identidade do filho de Pedro I na participa��o pol�tica da regi�o, voc� vai ter condi��es de identificar o por que de tantos movimentos de guerrilhas coronelistas no Leste de Minas”, observa o professor universit�rio. Essa, por�m, � outra hist�ria.

 

Linha do Tempo

1819
Nasce Anacleto Corr�a de Faria, no antigo povoado de Merc�s do Pomba, atual Merc�s. A crian�a nasceu numa fam�lia humilde e, por anos, viveu longe da fortuna

 

1889
Dom Pedro II concede a Anacleto o t�tulo de Bar�o de Itaperuna, poucos meses antes da instaura��o da Rep�blica no Brasil

 

1889

In�cio da Rep�blica no Brasil. O golpe militar, liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), derrubou o imp�rio e instaurou a Rep�blica no Brasil

 

1891

Morre Dom Pedro II. O pal�cio imperial de Dom Pedro II na �poca do imp�rio � hoje o museu que guarda, no pa�s, a maior parte dos objetos que pertenceram � fam�lia real

 

1896

� decretada a Rep�blica de Manhua�u. Em 1896, o coronel Joaquim Tib�rcio da Costa liderou um grupo de aproximadamente 800 homens, que invadiram a cidade e decretaram a regi�o como um pa�s independente. A Rep�blica de Manhua�u durou 22 dias, at� ser retomada pelo Ex�rcito.

 

1903

Morre o Bar�o de Itaperuna. Seu corpo est� enterrado em um t�mulo pr�ximo ao cruzeiro do cemit�rio de Santo Ant�nio do Manhua�u, pacato distrito de Caratinga, no Vale do Rio Doce, a 350 quil�metros de Belo Horizonte

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)