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Estado de Minas

Acidente com carro turbinado evidencia risco de ve�culos alterados

Minas n�o tem oficinas homologadas para transforma��o e carros circulam ilegalmente nas ruas.


postado em 05/08/2015 06:00 / atualizado em 05/08/2015 07:30

O gol com motor 'mexido' , dirigido por José Almério (no detalhe), decolou ao bater no canteiro central e capotou sobre o Palio onde estavam Kátia e Paulo, matando-os na hora(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press/ Marcos Vieira/EM/D.A Press/TV Alterosa/Reprodução)
O gol com motor 'mexido' , dirigido por Jos� Alm�rio (no detalhe), decolou ao bater no canteiro central e capotou sobre o Palio onde estavam K�tia e Paulo, matando-os na hora (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press/ Marcos Vieira/EM/D.A Press/TV Alterosa/Reprodu��o)

O acidente que envolveu um carro com motor turbinado, em alta velocidade, causando a morte de um casal em Belo Horizonte, evidenciou mais que a viol�ncia no tr�nsito. Uma combina��o de irregularidades constatadas por autoridades policiais nas horas seguintes � trag�dia chama a aten��o para um problema s�rio que envolve carros com motores transformados em Minas. De acordo com o Departamento Estadual de Tr�nsito (Detran), o ve�culo Gol (placa GQO 9823), fabricado em 1996 e licenciado em nome do motorista Jos� Alm�rio de Amorim Neto, de 35 anos, n�o passou pelos tr�mites legais para mudan�a das caracter�sticas do motor, e n�o tinha autoriza��o prevista no licenciamento para circular em via p�blica com pot�ncia alterada. Mais que isso, todos os carros que passam por esse tipo de altera��o em qualquer oficina do estado e rodam pelas ruas tamb�m est�o irregulares, j� que n�o h� em Minas estabelecimentos homologados pelo Denatran para altera��o de pot�ncia de motores.


A informa��o � do chefe da Se��o de Vistorias do Detran-MG, Fl�vio de Andrade, que explica o problema: “O turbo pode ser feito, desde que em oficina credenciada pelo Denatran e que atenda a todas as exig�ncias para rodar em via p�blica”. Segundo ele, isso n�o significa que as oficinas que prestam esse servi�o no estado estejam irregulares. “Mas os carros transformados nesses locais s� podem rodar em espa�os pr�prios para competi��es de velocidade, e devem sair das oficinas em ve�culos de reboque”, afirma.

Ainda de acordo com Fl�vio, os pedidos para altera��o de ve�culos envolvem principalmente mudan�as no sistema de suspens�o, para rebaixamento, no sistema de ilumina��o, al�m do tipo de mudan�a contratada por Jos� Alm�rio em uma oficina da Avenida Am�rico Vesp�cio, onde ele “testava” a nova pot�ncia do carro quando matou o casal K�tia Aisten de Assis, de 27 anos, e Paulo Guilherme Medeiros Meireles, de 29.

A informa��o sobre o teste foi dada justamente pelo condutor a policiais militares, minutos ap�s o acidente, e foi confirmada em cart�rio durante depoimento � Pol�cia Civil, segundo informou a delegada do Detran Ros�ngela Sousa Pereira Tulher, respons�vel pela ocorr�ncia. No boletim lavrado pela PM consta a informa��o de que havia cilindros no interior do ve�culo, que foram enviados para per�cia. “O perito que esteve no local constatou que o Gol sofreu uma transforma��o e foi nitroglicerinado, ou seja, recebeu um sistema de explos�o que o torna altamente potente”, afirma a delegada.

Segundo ela, o motorista chegou a desmentir o depoimento inicial, sobre a realiza��o de testes no carro. “Depois de orientado, ele disse que estava em baixa velocidade, dirigindo em segunda marcha, e que o acelerador teria travado. Mas isso n�o muda em nada as declara��es iniciais”, destacou a policial. Ele foi preso na hora do acidente e na noite de ontem seria transferido para um pres�dio da Grande BH. A delegada explica que foram v�rios os fatores que a levaram a enquadrar o motorista no crime de duplo homic�dio com dolo eventual. “Al�m de o ve�culo n�o ter a altera��o homologada, testemunhas disseram que Jos� Alm�rio trafegava em velocidade muito acima do limite permitido para a via. Tamb�m descobrimos que ele j� havia passado duas vezes pela avenida e o pr�prio condutor admitiu estar testando o motor do carro, rec�m-alterado”, afirmou.

No momento do acidente, Jos� Alm�rio perdeu o controle da dire��o. O carro bateu no canteiro central, “decolou” e capotou sobre o Palio que vinha em sentido contr�rio, matando seus ocupantes. A policial contou ainda que a viol�ncia do acidente e o resultado tr�gico das duas mortes se somam para fechar a acusa��o. “Mesmo que o ve�culo fosse autorizado, o motorista jamais poderia usar uma via p�blica para fazer testes, colocando em risco a seguran�a e a vida das pessoas que pasam pelo local”, destacou. O administrador de empresas Pablo Dutra Abrances, de 29 anos, presenciou o acidente. “Ele deveria estar a mais de 150 km/h. Passou duas vezes. Foi e voltou, com um barulho ensurdecedor”, contou.

Entenda como funciona o motor turbinado(foto: Arte EM)
Entenda como funciona o motor turbinado (foto: Arte EM)
Segundo a delegada, o crime � inafian��vel e o dono da oficina respons�vel pela altera��o ser� intimado a prestar esclarecimentos � pol�cia. “Uma mudan�a dessa natureza n�o � compat�vel com um ve�culo antigo, n�o preparado para receber tanta energia. O perito contou que, pela intensidade do acidente, o Gol parecia ter a pot�ncia de uma BMW”, disse a delegada Ros�ngela, referindo-se � marca de ve�culos de alta performance. No decurso da investiga��o tamb�m ser� apurada a informa��o de que o motorista tem registro em competi��es de velocidade. Segundo o site da empresa Mega Space, centro de eventos que sedia esse tipo de campeonato, Jos� Alm�rio estava inscrito para participar de um evento de quil�metro de arrancada, em 5 e 6 de setembro.

O advogado de Jos� Alm�rio, Hermes Vilchez Guerrero, informou ter feito um pedido na Justi�a para que o cliente responda ao processo em liberdade. Sobre a informa��o de que o carro n�o estava regular e que ele estaria realizando testes de velocidade, o defensor se limitou a dizer que ainda n�o conversou sobre esse assunto com o cliente.

O carro de Jos� Alm�rio foi apreendido e levado para um p�tio seguro do Detran no Bairro Engenho Nogueira, na Regi�o da Pampulha. Segundo o Detran, apesar da falta de homologa��o para a mudan�a no motor, os documentos do carro estavam em dia, bem como a habilita��o do motorista, que n�o tinha pontua��o por multas em seu prontu�rio.

 

FALTA DE ESTRUTURA Coordenador da C�mara de Mec�nica do Sindicato da Ind�stria de Repara��o de Ve�culos e Acess�rios do Estado de Minas Gerais (Sindirepa), Carlos Henrique de Morais afirma n�o conhecer nenhuma oficina autorizada ou especializada para fazer este tipo de servi�o na capital. “Aqui em BH n�o conhe�o, pode ser que haja em S�o Paulo”, disse. E reconhece o perigo de acidentes com ve�culos com motores transformados. “Realmente existe risco de fazer a altera��o de engenharia no motor, que deve ser feita por profissionais especializados e depois aprovada pelo Detran, para que o carro possa circular na rua”, afirmou.

O diretor t�cnico da Federa��o Mineira de Automobilismo (FMA), Luiz Fernando Esmeraldo, explica que ve�culos preparados para competi��o devem ser transportados em caminh�es plataforma ou reboque pr�prios at� o local. “� uma quest�o de seguran�a. E, mesmo no local de competi��o, o ve�culo passa por inspe��o t�cnica com rela��o � prepara��o, para verificar se foram adotadas todas medidas de seguran�a”, afirmou.

De acordo com Esmeraldo, nas disputas de arrancadas h� categoria em que carros de uso particular podem ser inscritos. Mas ele refor�a que esses ve�culos alterados n�o podem rodar por vias p�blicas. “Quando se fala em prepara��o do carro, n�o � apenas aumentar a pot�ncia do motor. H� outras altera��es necess�rias, como nos freios e suspens�o, que devem ser observadas. Para rodar em vias p�blicas, s� como a homologa��o do Inmetro e Denatran”, acrescentou Luiz Fernando.


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