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Estado de Minas

Ap�s morte de universit�rio em calourada, vizinhos e PUC criticam excessos nos eventos

Rapaz de 22 anos � morto a tiro por causa de esbarr�o em calourada perto da universidade. Moradores do bairro reclamam que as festas estudantis s�o o inferno para a vizinhan�a. Em nota, a PUC lamentou a banaliza��o da viol�ncia e afirmou que desestimula tais eventos nas imedia��es


postado em 09/08/2015 06:00 / atualizado em 09/08/2015 07:17

Marcada pela violência que vitimou Daniel Vianna, festa provocou sujeira e confusão, que a comunidade denuncia como frequentes (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Marcada pela viol�ncia que vitimou Daniel Vianna, festa provocou sujeira e confus�o, que a comunidade denuncia como frequentes (foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)

Uma festa para calouros da Pontif�cia Universidade Cat�lica de Minas Gerais (PUC Minas) se transformou em baderna e terminou com um assassinato, al�m de brigas e acidente com motorista alcoolizado, entre a noite de sexta-feira e madrugada de ontem. Os estudantes que organizaram o encontro fecharam a Avenida 31 de Mar�o, diante da unidade do Bairro Cora��o Eucar�stico, na Regi�o Noroeste de BH, em evento que contou com farto consumo de bebidas alco�licas e gerou muito lixo. Por volta da 1h30 de ontem, em meio � festa, o estudante Daniel Adolpho de Melo Vianna, de 22 anos, do �ltimo per�odo de direito da Faculdade Pit�goras, se desentendeu com o soldador Pedro Henrique Costa Louren�o, de 29. Segundo testemunhas, Pedro Henrique tinha um rev�lver na cintura e atirou no rosto de Daniel, que morreu na hora. Amigos do universit�rio morto entraram em luta com o atirador e o imobilizaram. Horas antes, um calouro de 19 anos, do curso de ci�ncias cont�beis da PUC, que havia sa�do da festa, bateu em pelo menos cinco carros estacionados. A pol�cia fez o teste do baf�metro e constatou que o rapaz apresentava mais de tr�s vezes o teor alco�lico limite para crime de tr�nsito.

O rapaz assassinado durante a festa deixou de viajar com a fam�lia da m�e para passar o Dia dos Pais em Belo Horizonte, com o pai. Tio materno de Daniel, o comerciante S�rgio Luiz Perp�tuo de Melo, de 54, disse que a fam�lia est� devastada. “Est�vamos em Caranda� (137 quil�metros de BH), no meu s�tio. Por volta das 4h30, nos deram a not�cia. Voltamos na hora. A m�e dele ainda n�o acredita. A irm�, de 17, est� muito abalada. Ningu�m entendeu como algu�m pode destruir uma fam�lia de uma forma t�o est�pida”, desabafou.

 

Segundo o comerciante, Daniel era um rapaz de fam�lia e muito reservado. “Tinha come�ado um escrit�rio de advocacia com amigos e todo dinheiro que ganhava usava para comprar algo para casa. Ele era o sonho da minha irm�, que teve de lutar muito em tratamentos para engravidar dele. A ficha dela ainda n�o caiu”, conta. O pai, em estado de choque, n�o falou sobre o epis�dio. O corpo do rapaz deve ser sepultado hoje, �s 10h, no Cemit�rio do Bonfim, na capital.

De acordo com uma engenheira ambiental de 26 anos, que participava da festa e pediu para n�o ser identificada, o homem apontado como assassino chegou ao evento com um grupo que se destacava por um aspecto que ela classificou como “t�pico de marginais”. “Esse pessoal esquisito mal chegou e a confus�o come�ou, em frente ao banheiro feminino. Escutei um tiro e fiquei apavorada. Fui embora imediatamente. Antes, estava tudo pac�fico, com as pessoas dan�ando e conversando numa boa. Foi s� esse pessoal chegar que ocorreu essa trag�dia”, conta.

"Amor da minha vida, meu filho t�o amado e querido. Voc� agora est� com Deus, onde um dia iremos nos encontrar. Meu cora��o est� partido, despeda�ado. Mas voc� foi um anjo que Deus me emprestou, para poder ser sua m�e por 22 anos. N�o sei como vou viver com sua aus�ncia aqui na Terra, mas jamais te esquecerei. Te amo, te amo, te amo e assim para sempre ser�." - W�nia L�cia Melo Vianna, m�e de Daniel Adolpho de Melo Vianna, em depoimento postado em rede social (foto: Instagram/Reprodu��o de internet)
Pelo relato feito � Pol�cia Civil por seis testemunhas, que s�o amigas da v�tima, Daniel e outro colega estavam de passagem pelo interior do bar, quando o estudante de direito esbarrou na perna de Pedro Henrique e pisou no seu p�, por descuido. O soldador, segundo essa vers�o, teria se irritado e gritado com Daniel, que abriu os bra�os, esbo�ando n�o ter entendido o que se passava. Nesse momento, o homem teria sacado um rev�lver da cintura e atirado no rosto da v�tima, que morreu na hora. “Pedro correu por 10 metros e os amigos da v�tima entraram em luta corporal com ele. Um deles � lutador de jiu-j�tsu e conseguiu imobilizar o agressor, que ainda tentou atirar nele, mas a arma caiu”, contou o delegado Sidney Aleluia, da Central de Flagrantes. A Pol�cia Militar chegou ao local e prendeu o homem, mas a arma desapareceu. “Acredito que algum colega do acusado tenha escondido o armamento”, disse o delegado.

EUF�RICO Na delegacia, S�rgio Luiz, tio do rapaz morto, contou que o soldador n�o demonstrou arrependimento e seus pais chegaram a zombar da fam�lia da v�tima. “Minha irm� estava desesperada e os pais daquele monstro ficaram falando que logo ele estaria solto. Se fosse meu filho, iria chegar de joelhos e pedir perd�o por ele ter tirado a vida do filho de outra pessoa”, criticou. De acordo com o delegado Sidney Aleluia, o acusado aparentava estar muito euf�rico e poderia ter feito uso de alguma subst�ncia entorpecente. Pedro Henrique n�o quis falar sobre o epis�dio e disse aos policiais militares que n�o foi ele quem atirou. O advogado F�bio Pil�, contratado pela fam�lia do acusado para acompanhar a lavratura do flagrante, disse que ainda n�o havia conversado com o cliente sobre o caso. O delegado disse que indiciaria o homem por homic�dio duplamente qualificado, por motivo f�til, impossibilidade de defesa da v�tima e com emprego de arma de fogo, al�m de tentativa de homic�dio contra um dos amigos do rapaz e disparo de arma de fogo em via p�blica. As penas, somadas, em caso de condena��o, podem chegar a 54 anos de reclus�o e multa.

Horas antes do assassinato, ainda pintado de azul, como � tradi��o na recep��o dos calouros, um estudante de 19 saiu da mesma calourada dirigindo seu autom�vel Gol, mas perdeu o controle e bateu em pelo menos cinco carros estacionados na Alameda Guajar�, a menos de um quarteir�o da PUC. Policiais do 34º Batalh�o da PM detiveram o motorista, que concordou em soprar o baf�metro. A quantidade de �lcool medida no ar expelido pelos pulm�es foi de 1,19 miligrama por litro de ar, sendo que o limite para que se configure crime de tr�nsito � de 0,34 miligrama. O caso foi encerrado na delegacia do Detran e o ve�culo, levado pela m�e do calouro.

Vizinhan�a pede fim do transtorno


Moradores do entorno do bar onde ocorreu o homic�dio reclamam que os transtornos relacionados a barulho, sujeira e brigas come�aram desde a abertura do estabelecimento, h� pouco mais de dois anos. E que, inclusive, procuraram o Minist�rio P�blico no fim do ano passado, para relatar os problemas, mas n�o tiveram retorno. De acordo com o presidente da Associa��o de Moradores do Bairro Cora��o Eucar�stico, Walter Freitas, festas marcadas em redes sociais chegaram a reunir cerca de 5 mil pessoas nas imedia��es. “Nas calouradas, v�m alunos da PUC, mas tamb�m muita gente de fora, porque os encontros s�o divulgados na internet. Vira uma verdadeira balb�rdia”, afirma o morador, ressaltando que, ontem, o bar estava aberto. “Est�o funcionando, como se nada tivesse ocorrido”, criticou. Os transtornos na regi�o s�o criticados pela pr�pria PUC, que destacou em nota nada ter a ver com o evento que terminou em morte.

O l�der comunit�rio conta que, com tanta gente, o tr�nsito fica complicado e �nibus das linhas que atendem ao bairro ficam travados entre ve�culos, muitas vezes estacionados de forma irregular. “Vira um caos generalizado. Os frequentadores ligam o som dos carros e fazem muito barulho madrugada adentro. Atrapalham a passagem de pedestres e de quem chega de carro em casa”, lembrou. Segundo Walter, a associa��o vai voltar a procurar o MP, desta vez para pedir que o funcionamento dos bares ocorra somente at� as 23h, al�m de refor�o de policiamento.

Em nota, a PUC Minas informou que o evento n�o era uma calourada da universidade. E, ainda, que o estabelecimento onde ocorreu o confronto � frequentado por um grande n�mero de pessoas, entre elas, alunos, e que os eventos provocam, muitas vezes, transtornos para o tr�nsito e riscos para a seguran�a de toda a comunidade. “Com os moradores da regi�o e a Pol�cia Militar, a universidade tem mantido um permanente di�logo sobre o problema, entendendo que h� preju�zos claros � tranquilidade e � qualidade de vida dos vizinhos do estabelecimento. Al�m disso, por meio de seus professores, gestores acad�micos e funcion�rios, a universidade procura desestimular a ida de seus alunos �quele local, em fun��o, exatamente, das aglomera��es que ali eventualmente se d�o”, diz trecho da nota. A institui��o lamentou o ocorrido, que, de acordo com a nota, “expressa, de modo grave, a banaliza��o da viol�ncia em nossa sociedade”. “A PUC Minas reitera sua determina��o em continuar buscando uma solu��o para o fim dos mencionados transtornos, que resulte de um amplo di�logo, envolvendo toda a comunidade”, conclui o texto.


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