
“N�o bastasse o mato seco, temos muito material combust�vel espalhado na vegeta��o que cresce na beira da estrada, como borrachas e �leos. O vento dos ve�culos faz o fogo se tornar imprevis�vel. Essa � uma combina��o que dificulta demais o nosso trabalho. O acesso tamb�m � muito complicado por conta da sucata dos acidentes. Tem muito vidro e metal cortante”, desabafou o bombeiro civil Alex Maur�cio, que foi chamado por funcion�rios de um aterro sanit�rio �s margens da BR-381 para combater as chamas. “O perigo aqui �, primeiro, de acidentes. A fuma�a pode atrapalhar a vis�o dos motoristas. Depois, se n�o formos r�pidos, com a seca, o mato queima muito r�pido e as chamas podem atingir c�rregos, nascentes e a mata que fica no alto do morro. Fogo subindo morro � um dos mais dif�ceis de se debelar”, afirma o tamb�m bombeiro civil Andr� dos Santos. Todos esses obst�culos ilustram como medidas preventivas poderiam minimizar o n�mero de inc�ndios nas estradas e tamb�m reduzir a exposi��o dos bombeiros a situa��es de perigo.
Mesmo depois de os inc�ndios serem extintos, a destrui��o deixada transforma drasticamente a paisagem natural. Na BR-381, que ganhou o nome de “Rodovia da Morte” por causa do grande n�mero de v�timas de acidentes, a destrui��o da vegeta��o pelas chamas abre caminho para eros�es que tornam dif�cil a recupera��o das matas. � o que se observa no munic�pio de S�o Gon�alo do Rio Abaixo, onde as queimadas, que eram frequentes a partir de outubro, v�m ocorrendo ao longo de todo o ano.
Conhecida por abrigar in�meras nascentes, a regi�o de M�e d’�gua vem sofrendo com um processo de eros�o que se iniciou com as queimadas que expuseram o solo e foi acelerado pela falta de um sistema adequado de drenagem, o que permite que as enxurradas das chuvas des�am o morro escavando sulcos na terra desprotegida. “� gente que quer limpar pasto que chega na beira da rodovia e outros que jogam bitucas de cigarro. O fogo veio sapecando tudo que tem pela frente e acabou aos poucos com a mata que tinha aqui. N�o fossem as pedras, tinha acabado tamb�m com a �rea de prote��o que fica no alto”, disse o aut�nomo Desid�lio Epit�cio de Freitas, de 33 anos, que reside na regi�o e trabalha na beira da rodovia com o irm�o. S� no trecho onde ele atua s�o 26 hectares erodidos. Da mata atl�ntica, s� sobraram tocos estorricados ainda fixos ao solo.
Por causa do fogo, v�rias nascentes que corriam na regi�o de M�e D’�gua pararam de minar �gua. Algumas delas, segundo Desid�lio, foram soterradas pelo desbarrancamento de encostas provocado pela eros�o que foi aberta pelas enxurradas que descem da estrada. A regi�o pertence � Bacia Hidrogr�fica do Rio Piracicaba, um dos principais afluentes do Rio Doce. “A gente peleja quando v� que o fogo est� vindo, mas pode fazer pouco. O certo mesmo era n�o deixar que ningu�m come�asse o inc�ndio. Precisava de ter mais gente vigiando, pol�cia multando”, disse.
