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Estado de Minas

Combust�vel e pe�as de carros acidentados n�o recolhidas alimentam queimadas em estradas

Inc�ndios transformam drasticamente a paisagem �s margens das rodovias que cortam Minas Gerais. Nascentes de c�rregos e rios tamb�m e fortemente afetada


postado em 16/08/2015 06:00 / atualizado em 16/08/2015 07:54

Bombeiros combatem incêndio em mata à beira da BR-381, próximo a Sabará: flagrantes de perigo aumentado pelas armadilhas remanescentes de acidentes na estrada(foto: Leandro Couri/EM/D. A. Press)
Bombeiros combatem inc�ndio em mata � beira da BR-381, pr�ximo a Sabar�: flagrantes de perigo aumentado pelas armadilhas remanescentes de acidentes na estrada (foto: Leandro Couri/EM/D. A. Press)
O �leo de lubrificantes de pe�as partidas, a gasolina dos tanques retorcidos e a borracha de restos de pneus transformaram a queimada na beira da rodovia BR-381 num inferno. Labaredas com mais de tr�s metros de altura consumiam as �rvores e o matagal numa �rea de dois hectares em Sabar�, na Grande BH, bloqueando a vis�o dos motoristas com cortinas de fuma�a escura e se alastrando em dire��o aos coqueiros, ing�s e jatob�s de uma mata de cerrado. Bombeiros civis num caminh�o-pipa foram os primeiros a combater as chamas. O mato alto os cobria por completo, o que dificultava o desenrolar da mangueira ligada ao tanque do ve�culo e camuflava armadilhas remanescentes de acidentes, como latarias afiadas e outras pe�as enferrujadas que ao menor descuido poderiam ferir os combatentes. O deslocamento de ar de caminh�es e �nibus munia de oxig�nio as chamas, que se agigantavam e queimavam o mato em v�rias dire��es. Quando os bombeiros j� estavam no interior da mata, o fogo foi direcionado pelo vento para a retaguarda dos homens, que, se n�o fossem avisados pelos colegas do caminh�o, poderiam ter sido cercados. Por pouco, uma trag�dia n�o ocorreu.


“N�o bastasse o mato seco, temos muito material combust�vel espalhado na vegeta��o que cresce na beira da estrada, como borrachas e �leos. O vento dos ve�culos faz o fogo se tornar imprevis�vel. Essa � uma combina��o que dificulta demais o nosso trabalho. O acesso tamb�m � muito complicado por conta da sucata dos acidentes. Tem muito vidro e metal cortante”, desabafou o bombeiro civil Alex Maur�cio, que foi chamado por funcion�rios de um aterro sanit�rio �s margens da BR-381 para combater as chamas. “O perigo aqui �, primeiro, de acidentes. A fuma�a pode atrapalhar a vis�o dos motoristas. Depois, se n�o formos r�pidos, com a seca, o mato queima muito r�pido e as chamas podem atingir c�rregos, nascentes e a mata que fica no alto do morro. Fogo subindo morro � um dos mais dif�ceis de se debelar”, afirma o tamb�m bombeiro civil Andr� dos Santos. Todos esses obst�culos ilustram como medidas preventivas poderiam minimizar o n�mero de inc�ndios nas estradas e tamb�m reduzir a exposi��o dos bombeiros a situa��es de perigo.


Mesmo depois de os inc�ndios serem extintos, a destrui��o deixada transforma drasticamente a paisagem natural. Na BR-381, que ganhou o nome de “Rodovia da Morte” por causa do grande n�mero de v�timas de acidentes, a destrui��o da vegeta��o pelas chamas abre caminho para eros�es que tornam dif�cil a recupera��o das matas. � o que se observa no munic�pio de S�o Gon�alo do Rio Abaixo, onde as queimadas, que eram frequentes a partir de outubro, v�m ocorrendo ao longo de todo o ano.

Conhecida por abrigar in�meras nascentes, a regi�o de M�e d’�gua vem sofrendo com um processo de eros�o que se iniciou com as queimadas que expuseram o solo e foi acelerado pela falta de um sistema adequado de drenagem, o que permite que as enxurradas das chuvas des�am o morro escavando sulcos na terra desprotegida. “� gente que quer limpar pasto que chega na beira da rodovia e outros que jogam bitucas de cigarro. O fogo veio sapecando tudo que tem pela frente e acabou aos poucos com a mata que tinha aqui. N�o fossem as pedras, tinha acabado tamb�m com a �rea de prote��o que fica no alto”, disse o aut�nomo Desid�lio Epit�cio de Freitas, de 33 anos, que reside na regi�o e trabalha na beira da rodovia com o irm�o. S� no trecho onde ele atua s�o 26 hectares erodidos. Da mata atl�ntica, s� sobraram tocos estorricados ainda fixos ao solo.


Por causa do fogo, v�rias nascentes que corriam na regi�o de M�e D’�gua pararam de minar �gua. Algumas delas, segundo Desid�lio, foram soterradas pelo desbarrancamento de encostas provocado pela eros�o que foi aberta pelas enxurradas que descem da estrada. A regi�o pertence � Bacia Hidrogr�fica do Rio Piracicaba, um dos principais afluentes do Rio Doce. “A gente peleja quando v� que o fogo est� vindo, mas pode fazer pouco. O certo mesmo era n�o deixar que ningu�m come�asse o inc�ndio. Precisava de ter mais gente vigiando, pol�cia multando”, disse.

Chamas consomem a vegetação: retrato do desleixo com o ambiente(foto: Leandro Couri/EM/D. A. Press)
Chamas consomem a vegeta��o: retrato do desleixo com o ambiente (foto: Leandro Couri/EM/D. A. Press)


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