
Par� de Minas – O fio de �gua escura e barrenta despejado com economia de um jarro de pl�stico precisa remover todo o sab�o do corpo da pequena Helo�sa Ester de Oliveira, de 2 anos, antes que ela v� para a escola. Essa � a por��o que cada um da sua fam�lia disp�e para a higiene di�ria, j� que a �gua, que faltava a cada dois dias no in�cio do ano, agora chega a sumir por quase uma semana das torneiras, no Bairro Padre Lib�rio, em Par� de Minas, no Centro-Oeste Mineiro. “Quero tomar banho de chuveiro quente”, reclama a garotinha, que chora quando seu corpo enruga de frio com o banho que precisa ser r�pido para atender a mais outras cinco crian�as. O munic�pio de 90 mil habitantes enfrenta problemas de abastecimento h� mais de duas d�cadas e neste ano a estatal de abastecimento e esgoto mineira, a Copasa, saiu de cena depois de uma licita��o vencida pela empresa �guas de Par� de Minas, que assumiu em 17 de abril, mas at� agora a popula��o n�o sentiu melhorias. Pelo contr�rio, a reclama��o � de que at� as medidas emergenciais foram reduzidas.
A reclama��o sobre falta de abastecimento � algo que em pouco tempo mobiliza toda a vizinhan�a. Enquanto irm� de Gilene, M�rian de Jesus Floriano, de 50 anos, mostrava as panelas sujas h� 20 dias sobre o fog�o por falta de l�quido para lavar, uma multid�o que perambulava com baldes vazios pela vizinhan�a procurando quem pudesse ench�-los para ajudar logo cercou a reportagem mostrando os vasilhames vazios e cobrando uma solu��o. “Minha m�e tem 104 anos e vive numa cadeira de rodas. � uma covardia deixar uma senhora assim passar por uma situa��o dessas, sem dignidade nenhuma. Sinto-me largado aqui no bairro”, desabafou o aposentado Jos� M�rcio Santos, de 50.
No posto de Sa�de do Bairro S�o Pedro, os pais que levam crian�as para vacina��o e consultas levam consigo garrafinha de �gua para n�o deixar os pequenos e idosos sem hidrata��o. Do bebedouro da edifica��o n�o sai uma gota sequer h� pelo menos 15 dias, segundo funcion�rios que n�o t�m autoriza��o de conceder entrevistas. “Nossa caixa d’�gua est� pela metade e tem vez que at� os banheiros ficam sem funcionar. N�o d� para atender as pessoas idosas, crian�as e doentes com a qualidade que merecem”, disse um dos trabalhadores. “� um absurdo. Nossa situa��o � cr�tica e ningu�m faz nada. Agora, nem os caminh�es-pipa est�o vindo. N�o eram solu��o, mas aliviavam a nossa situa��o antes. Para se ter uma ideia, estamos tendo de ir tomar banho no trabalho porque em casa n�o tem”, disse o a�ougueiro Ramon da Costa Martins, de 27, que levou o filho de 3 para consulta m�dica. “Quem trabalha em casa est� amargando preju�zos. Tenho de usar uma s� panela de �gua cozida para limpar mais de 10 frangos que preparo e vendo. Estou sem �gua e posso ficar sem meu ganha-p�o”, reclamou a aut�noma Zaira Ant�nia Dutra, de 53, moradora do Bairro Padre Eust�quio.
Por meio de nota, a empresa �guas de Par� de Minas informou que “o per�odo de estiagem reduziu severamente o volume de �gua nos mananciais e, por esse motivo, a empresa vem realizando o abastecimento em sistema de rod�zio, por manobras. Nas partes altas dos bairros, onde a �gua demora mais tempo para chegar, a empresa est� atendendo com caminh�es Pipa”. Sobre a falta dos ve�culos, informou que sempre que requisitado esse servi�o atende os consumidores. A concession�ria informou, ainda, que as obras de capta��o adicional no Rio Paraopeba resolver�o os problemas de abastecimento da cidade injetando 1 milh�o de litros por dia. “Dos 28 quil�metros de adutora, 26 j� foram conclu�dos. A capta��o e as esta��es de bombeamento j� est�o na fase de montagem”, disse a nota.