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Estado de Minas

Liberdade de colombiano que causou acidente com morte revolta fam�lia da v�tima

Colombiano deixa pris�o ap�s fian�a de R$ 39,4 mil. Ele � acusado de dirigir embriagado e provocar a morte de engenheiro. Para Justi�a, crime n�o � de "extrema gravidade"


postado em 02/09/2015 06:00 / atualizado em 02/09/2015 08:23

César Augusto Martinez Loaiza, de 29 anos, acumula 16 infrações de trânsito, que somam 72 pontos na carteira(foto: Paulo Figueira/EM/D.A.Press)
C�sar Augusto Martinez Loaiza, de 29 anos, acumula 16 infra��es de tr�nsito, que somam 72 pontos na carteira (foto: Paulo Figueira/EM/D.A.Press)

“Por que, meu Deus, por qu�?” Tr�s dias depois do acidente que tirou a vida do engenheiro eletricista Daniel de Oliveira Lacerda, de 40 anos, um dos ocupantes da van atingida pelo carro do comerciante colombiano C�sar Augusto Martinez Loaiza, de 29, que dirigia embriagado, a mulher da v�tima n�o se conforma com a trag�dia e o tempo todo busca entender o que aconteceu. Val�ria Ribeiro Lacerda permanecia internada na tarde de ontem no Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII (HPS), aguardando transfer�ncia para um hospital particular. O que Val�ria n�o sabia � que o respons�vel pela morte do seu marido conseguiu sair da pris�o antes mesmo dela receber alta m�dica. A fam�lia quis preserv�-la de mais um sofrimento, por entender que esse ser� “mais um crime de tr�nsito que sair� impune”.

C�sar Loaiza deixou o Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) Gameleira, na Regi�o Oeste da capital, na noite de segunda-feira. Ele recebeu liberdade provis�ria ap�s pagamento de fian�a no valor de R$ 39,4 mil (equivalente a 50 sal�rios m�nimos) � Justi�a, segundo informou a assessoria de comunica��o do F�rum Lafayette. A liberdade provis�ria foi concedida pela ju�za Paula Mur�a Machado Rocha Moura, que considerou que ele � prim�rio e que o crime n�o � de extrema gravidade, tendo em vista que “perpetrado sem viol�ncia ou grave amea�a � pessoa”. O comerciante colombiano foi autuado por homic�dio culposo.

Daniel, Val�ria e v�rios outros parentes voltavam do baile de formatura em direito da sobrinha e afilhada, Luisa Lamaita, de 25, que ocorria numa casa de eventos do Bairro Jardim Canad�, em Nova Lima, Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. De madrugada, a van fretada pela fam�lia foi violentamente atingida pelo carro do colombiano, que dirigia embrigado, em alta velocidade, e avan�ou um sinal na Avenida Nossa Senhora do Carmo, no Bairro S�o Pedro, Regi�o Centro-Sul da capital. O engenheiro morreu na hora.

Luisa acompanha a tia e madrinha no hospital e ficou revoltada com a soltura do acusado. “Ele � uma pessoa inconsequente”, reagiu. A rec�m-formanda n�o se conforma com a morte do tio. “Eles voltavam do meu baile de formatura. Eu tentei fazer tudo certinho e contratei duas vans para transportar meus parentes e amigos, uma saindo de madrugada e outra �s 10h, quando terminaria a festa. Na primeira van, estavam meus pais, Daniel, Val�ria, meus sogros, minha cunhada, o noivo dela e meus amigos. Minha festa n�o chegou ao final. Acabou”, disse.

Segundo ela, a fam�lia est� tentando transferir Val�ria para outro hospital de Belo Horizonte. “H� dois dias estamos tentando vaga para minha tia e esse irrespons�vel (o colombiano) sacou R$ 40 mil da carteira e saiu da cadeia. Ele tirou a vida de um pai de fam�lia maravilhoso, um profissional maravilhoso, que deixou dois filhos pequenos e que tinha planos de morar com a fam�lia na Irlanda”, disse a sobrinha. Os filhos da v�tima, uma menina de 9 anos e um menino de 11, est�o com parentes em Pouso Alegre, Sul de Minas, e tamb�m n�o entendem a morte do pai. “A Val�ria ainda n�o sabe que o motorista foi solto. Ela est� emocionalmente abalada, com duas costelas quebradas, e sente muita dor quando chora”, contou a sobrinha.

Impunidade

Rec�m-formada em direito, Luisa disse que n�o pode misturar o sentimento profissional com o emocional, mas que ela e outras parentes advogados v�o acompanhar o inqu�rito do acidente e lutar para que o comerciante seja punido, embora esteja consciente de que a legisla��o de tr�nsito � falha e precisa ser mudada. O temor da fam�lia � que o motorista saia impune como tantos outros que pegaram o volante embriagados, como ocorreu com o franc�s Olivier Rebellato. Em 2009, � �poca com 20 anos, ele avan�ou um sinal na Savassi e provocou um acidente que deixou cinco feridos, incluindo uma jovem em estado vegetativo. Olivier ganhou liberdade provis�ria. Com o passaporte devolvido, ele voltou para a Fran�a. O processo foi arquivado e ele saiu impune (veja Mem�ria).

Luisa n�o quer que o mesmo aconte�a com o comerciante colombiano. “Queria que esse ele voltasse para a cadeia”, desabafou. Ela lembrou que o comerciante havia acumulado 72 pontos da carteira, por 16 infra��es de tr�nsito e uma administrativa. “Ainda assim, ele continuava com a carteira de motorista dirigindo embriagado. O estado tinha que ter tomado a carteira dele”, reagiu. O motorista fez o teste do baf�metro, que apontou 0,38 miligramas de �lcool por litro de ar expelido. O �ndice registrado pelo equipamento est� acima de 0,34 mg/l, sendo considerado crime de tr�nsito. O advogado de C�sar Loaiza, Fernando Ramos Faria Cruz, n�o foi localizado pela reportagem.

"Ele saiu primeiro da pris�o do que minha madrinha do hospital"

Luisa Lamita, afilhada da vítima(foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)
Luisa Lamita, afilhada da v�tima (foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)
O baile de Luisa Lamaita, que se formou em direito na PUC Minas, era para ser uma grande festa em fam�lia. O roteiro incluiu a contrata��o de duas vans para devolver os convidados em casa, em seguran�a. Mas a data converteu-se em trag�dia. No acidente, morreu o padrinho de Luisa, o engenheiro eletricista Daniel Lacerda, e a madrinha, Val�ria, est� ferida e internada no Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII. Indignada, a fam�lia tenta a transfer�ncia da paciente para outro hospital de BH. A expectativa agora � levar os filhos, de 10 e 12 anos, para visit�-la.

Era a sua festa de formatura?
Sim. A van estava vindo do meu baile de formatura. Como eu tinha muitos convidados, tomei a precau��o de reservar duas vans para deixar as pessoas em casa, depois da festa. A primeira delas saiu por volta das 4h30. Cerca de uma hora depois, ligaram no celular do meu noivo para avisar do acidente.

O que eles contaram para voc�?
A van bateu, mas est� tudo bem. J� falei com seu pai e sua m�e, que est�o bem. Meus pais tamb�m est�o vivos. Mas ele n�o quis me dizer sobre os outros passageiros. Na hora, baixei para l�. Quando cheguei, a� sim me contaram a verdade sobre os meus padrinhos. Minha madrinha � irm� da minha m�e e est� desconsolada com a morte do marido. Ela ainda n�o encontrou com os filhos, que j� sabem o que aconteceu.

Voc� soube que o motorista foi solto?
A indigna��o � muito grande. Ele saiu primeiro da pris�o do que minha madrinha saiu do hospital. Como assim? Vamos cobrar a responsabilidade do estado, que tem culpa nisso porque deixou um inconsequente b�bado continuar dirigindo por a� . Se ele j� tinha 72 pontos, por que n�o tomaram a carteira dele?

Como ficou a sua formatura?
Meu baile � o de menos. Seria at� ego�smo pensar nisso, porque o meu sentimento de dor � muito menor que o da minha madrinha. A data da minha formatura vai ser lembrada como tr�gica, daqui a um ano, cinco anos, sempre.

Mem�ria

"Ref�gio" na Fran�a ap�s deixarjovem em estado vegetativo

Na madrugada de 17 de abril de 2009, o franc�s Olivier Rebellato, ent�o com 20 anos (foto), avan�ou um sinal vermelho em alta velocidade na Rua Sergipe, na Savassi, e bateu em outro ve�culo, onde estavam cinco pessoas. No acidente, todos ficaram feridos, deixando ainda uma passageira em estado vegetativo. O baf�metro constatou que o motorista estrangeiro dirigia embriagado. A habilita��o dele tamb�m n�o era v�lida no Brasil. Olivier foi preso em flagrante no dia do acidente e denunciado pelo Minist�rio P�blico por tr�s crimes de tr�nsito: conduzir ve�culo sob efeito de �lcool, dirigir sem habilita��o e causar les�o corporal culposa nas v�timas. Seis meses depois, a Justi�a concedeu a ele liberdade provis�ria, condicionada ao pagamento de fian�a no valor de R$ 5.935,57. Tamb�m devolveu-lhe o passaporte. Assim que recebeu o documento, o estrangeiro deixou o Brasil e se refugiou na Fran�a, onde est� “a salvo”, j� que o pa�s n�o extradita seus cidad�os. Como o acusado desapareceu, a Justi�a ordenou sua pris�o preventiva, medida que acabou cassada com a prescri��o do crime, mais de tr�s anos depois. O processo foi arquivado.

Veja a reportagem sobre o dia do acidente
 


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