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Estado de Minas

Falta cr�nica de pediatras e falta de verbas comprometem atendimento a crian�as

Pediatria, j� afetada pela falta cr�nica de m�dicos, sofre novo impacto Com cortes de verbas federais e dificuldades enfrentadas por prefeituras. h� casos de suspens�o de atendimento


postado em 06/09/2015 11:00 / atualizado em 06/09/2015 10:50

Josiane com a filha Isabelly: diagnóstico depois de um ano de sofrimento e peregrinação(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Josiane com a filha Isabelly: diagn�stico depois de um ano de sofrimento e peregrina��o (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Em um cen�rio de crise generalizada na sa�de, um dos tipos mais vulner�veis de pacientes sofre em dobro com a crise na �rea: as crian�as. Afetada pelo corte de 11,3% no Or�amento federal para o Sistema �nico de Sa�de (SUS), a pediatria, que j� sofria com a falta cr�nica de profissionais – afastados por quest�es salariais e m�s condi��es de trabalho –, teve atendimento ainda mais reduzido. De acordo com entidades que representam o setor no estado, como consequ�ncia, cidades como Betim, Contagem e Uberl�ndia come�aram nos �ltimos meses a reestruturar os servi�os: suspenderam a especialidade em unidades de urg�ncia e emerg�ncia e concentraram atendimento em outros centros. Em Jo�o Monlevade, Santa Luzia e Lagoa Santa, tamb�m h� registro de problemas.

Em Belo Horizonte, apesar de nenhum servi�o ter sido suspenso oficialmente, a popula��o enfrenta um quadro cr�tico. Entre pais e m�es que buscam atendimento, os relatos s�o de peregrina��o e sofrimento at� conseguir chegar ao consult�rio m�dico. O motivo n�o � muito dif�cil de entender: com a popula��o e a demanda em expans�o, o quadro de pediatras na sa�de p�blica de BH soma 345 profissionais, n�mero 6,2% menor que seis anos atr�s, quando eram 368 m�dicos.

Sob impacto do corte de recursos anunciado pelo governo federal, como informou a Secretaria Municipal de Sa�de (SMSA), as interna��es de crian�as por procedimentos cir�rgicos devem fechar 2015 em montante 15,3% menor que em 2009. As cirurgias eletivas pedi�tricas representam 21% do total de opera��es do tipo realizadas pela Rede SUS-BH. J� as interna��es cl�nicas, n�o afetadas pelo contingenciamento de recursos, mant�m tend�ncia de alta: devem fechar o ano com 18.507 registros, contra 17.324 realizados h� seis anos.

Refer�ncia no atendimento infantil, o Hospital Jo�o Paulo II, na Regi�o Hospitalar de Belo Horizonte, tamb�m convive com redu��o no atendimento. O problema � hist�rico, mas neste ano se agravou com a crise provocada pela falta de profissionais. Para piorar, funcion�rios ouvidos pelo Estado de Minas denunciam problemas de infraestrutura f�sica, aparelhos estragados e escassez de insumos b�sicos para casos de urg�ncia.

Nesse contexto de crise, a m�dia hist�rica de atendimentos (ambulatoriais e de interna��es) despencou, tornando-se a mais baixa da �ltima d�cada. Em curva decrescente, a unidade, antigo Centro Geral de Pediatria (CGP), registrou m�dia di�ria de 151 atendimentos de janeiro e julho deste ano, enquanto o �ndice alcan�ado em 2005 foi de 313 crian�as a cada dia.

Raio-X da pediatria: Hospital João Paulo II(foto: Arte EM)
Raio-X da pediatria: Hospital Jo�o Paulo II (foto: Arte EM)
VIA-SACRA O resultado da falta de profissionais e da desestrutura��o da pediatria tem revelado uma verdadeira peregrina��o entre unidades de sa�de da capital. A falta do especialista em algumas escalas de UPAs de BH, especialmente nos fins de semana, chegou a ser admitida pela Secretaria Municipal de Sa�de. “Os servi�os est�o sendo mantidos em BH. N�o piorou, mas a situa��o j� era ruim e n�o melhorou”, afirma o secret�rio-geral do Sindicato dos M�dicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), o pediatra Fernando Luiz de Mendon�a. Segundo ele, o atendimento nas unidades � desfalcado, e m�es precisam recorrer a outras unidades para conseguir atendimento para os filhos. “H� fim de semana em que BH chega a ter somente duas ou tr�s UPAs com pediatras, principalmente � noite”, afirma.

Na quinta-feira, a moradora da Regi�o Leste Priscila Kelly Batista e suas filhas Luise, de 1 ano e 11 meses, e Catarina, de 2 anos e 10 meses, experimentaram na pr�tica os efeitos da crise. As meninas, que estavam indispostas, tossindo, com v�mito e febre, conseguiram atendimento no Hospital Jo�o Paulo II s� depois de procurar consulta na UPA Leste e no centro de sa�de do Bairro Santa Efig�nia, onde moram. “Pediatra � dific�limo. � preciso ter mais postos, mais assist�ncia e, principalmente, mais facilidade para as crian�as”, diz Laide Correa Huguet, de 77 anos, av� das meninas, que tamb�m as acompanhava. Diante da dificuldade, a fam�lia cogitou pagar consulta particular. Por causa do pre�o, desistiu. “Ter�amos que pagar R$ 280 para cada uma delas. N�o tem como”, disse a av�.

H� quem venha de mais longe e tenha esperado por mais tempo. Depois de quase um ano de idas e vindas em unidades de sa�de, Josiane Cristina Gon�alves de Castro, de 18, conseguiu no Jo�o Paulo II diagnosticar o problema que incomoda a filha Isabelly Eduarda, de 1 ano: dermatite. A jovem veio do Bairro Icaivera, em Betim, na Grande BH, para conseguir uma consulta com pediatra. De acordo com a Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), respons�vel pela unidade, a queda cont�nua nos atendimentos no hospital est� relacionada � abertura de unidades de pronto-atendimento em Belo Horizonte e � falta de pediatras no mercado de trabalho.

Segundo a SMSA, n�o houve redu��o de recursos federais na alta e m�dia complexidade. Segundo a Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), a escala de pediatras na emerg�ncia do Jo�o Paulo II foi normalizada no dia 1º, com a contrata��o provis�ria de equipe terceirizada, at� efetiva��o de concurso p�blico – j� autorizado. Informou ainda que, “para preservar a assist�ncia, est�o sendo remanejados recursos de �reas administrativas para manter o abastecimento de material e equipamentos”. (Colaborou M�rcia Maria Cruz)


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