
Depois de dois dias de temperaturas acima dos 37°C em Belo Horizonte, o suficiente para bater o recorde de calor em 105 anos de medi��o na capital mineira, m�dicos alertam a popula��o para os problemas que a combina��o de altas temperaturas e tempo seco pode causar, principalmente em crian�as e idosos. A previs�o dos meteorologistas � que situa��es como a de sexta-feira, quando BH registrou 37,4°C, dia mais quente da hist�ria, podem se repetir ainda este ano, gra�as ao El Ni�o – fen�meno que aquece a temperatura da �gua no Oceano Pac�fico, na costa do Peru e do Equador. Uma massa de ar seco estacionou sobre o Sudeste do pa�s e, al�m de elevar os term�metros, derrubou a umidade relativa do ar. Por isso, � preciso ter bastante aten��o com a hidrata��o e tamb�m com os efeitos do sol, j� que os atendimentos por desidrata��o ou insola��o aumentam bastante nesta �poca do ano, segundo os m�dicos. Ontem, o aumento da nebulosidade melhorou a qualidade do ar e fez com que a temperatura m�xima ficasse em 31,2°C, aliviando um pouco a vida dos belo-horizontinos.
O coordenador m�dico do Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII, Marcelo Lopes Ribeiro, diz que tanto crian�as quanto idosos possuem a massa magra do corpo diferente da dos adultos. “Essa massa magra � uma forma de reservar �gua no organismo. As duas faixas et�rias perdem l�quido muito facilmente e tamb�m s�o as que menos ingerem l�quidos. Por isso, � necess�rio aumentar a hidrata��o”, diz o m�dico. No caso dos idosos, o especialista lembra que a combina��o de calor e tempo seco costuma as pessoas mais fadigadas, e, por isso, os mais velhos acabam ficando prostrados, esquecendo de beber �gua, por exemplo. Ribeiro alerta para a necessidade de redobrar a aten��o para os idosos com algum tipo de dem�ncia, pois eles podem n�o se lembrar de tomar �gua ou n�o conseguem pedi-la, o que facilita a desidrata��o.
“O idoso tem outro ponto muito importante. Ele � o paciente que mais tem doen�as cr�nicas. O asm�tico, por exemplo, sofre com o ressecamento das vias a�reas. �s vezes, a fam�lia entende que, por ser uma pessoa mais velha, o idoso j� sabe o que fazer, mas � preciso ficar atento”, acrescenta o m�dico. Alternativas interessantes, segundo o especialista, principalmente para o caso daqueles com doen�as cr�nicas que indicam algum tipo de restri��o � hidrata��o, s�o medidas como deixar plantas em casa, colocar toalhas molhadas no quarto na hora de dormir ou tamb�m deixar uma garrafa de �gua congelada na frente do ventilador. Todas essas op��es contribuem para aumentar a umidade dos ambientes e previnem os problemas que aumentam os atendimentos nesta �poca do ano.
A pediatra do HPS Jo�o XXIII Marislaine Lumena de Mendon�a lembra tamb�m da import�ncia de redobrar a aten��o com as crian�as neste per�odo de calor�o e tempo extremamente seco. A m�dica ressalta os mesmos cuidados na hidrata��o, principalmente porque as crian�as mais novas ainda n�o t�m autonomia para pegar �gua sozinhas, o que demanda aten��o dos pais. Por�m, ela lembra da necessidade de ingerir alimentos frescos, pois no calor aumenta a chance de comer algo estragado. “Nesse caso, aparecem mais facilmente as diarreias, e a hidrata��o, mais uma vez, se torna muito importante. �gua, sucos e frutas como melancia, laranja e mel�o, que possuem grande quantidade de �gua, s�o boas op��es”, afirma a m�dica.

Atento aos riscos, Cleisson Silva Peres n�o descuidou ontem da hidrata��o do filho Gabriel, durante passeio na Pra�a da Liberdade. Como as fontes e bebedouros n�o estavam funcionando, ele usou �gua mineral tamb�m para refrescar a pele da crian�a. Maria L�cia Wanderley tamb�m n�o se descuidou e abriu uma sombrinha para se proteger do sol durante passeio na mesma pra�a.
RISCO NA �GUA A pediatra Marislaine Lumena faz um alerta especial para o risco de afogamento de crian�as no per�odo de calor intenso, por conta do aumento, por exemplo, do uso das piscinas para aplacar as altas temperaturas. De acordo com ela, a segunda causa mais comum de morte de crian�as de 1 a 14 anos por acidentes no Brasil � o afogamento. Segundo a Sociedade Brasileira de Salvamento Aqu�tico (Sobrasa), 53% dos casos ocorrem em piscinas. “Crian�as at� quatro anos de idade podem se afogar em superf�cies com pouca �gua. Se ela cai de face, n�o consegue levantar e pode se afogar. Perto da �gua tem que haver sempre a supervis�o de um adulto a uma dist�ncia de um bra�o. Outra dica � n�o confiar nas boias infl�veis, pois elas n�o conferem total prote��o. O ideal � usar colete salva-vidas”, completa a pediatra.