Fam�lia de Bruninho, de 5 anos, luta na Justi�a para garantir tratamento contra leucemia

Uma batalha judicial pode colocar em risco a vida do mineiro Bruno Fernandes Lima, de apenas 5 anos, que luta contra leucemia, internado no Hospital S�rio-Liban�s, em S�o Paulo, desde julho. O tratamento come�ou h� cerca de tr�s anos e Bruno j� passou por dois outros hospitais, que esgotaram, segundo a fam�lia, todos os recursos dispon�veis para tentar salv�-lo. Encaminhado para o S�rio-Liban�s, um tratamento alternativo est� dando certo, mas a vida de Bruno continua em risco porque a Unimed-BH, operadora respons�vel pelo plano de sa�de do menino, se nega a pagar o tratamento.

O drama de Bruninho come�ou h� dois anos. O garoto come�ou a sentir os sintomas da Leucemia quando estava com 3 anos. Desde que come�ou o tratamento, foi custeado pela Unimed-BH. “O plano de sa�de indicou o Hospital Vila da Serra para o tratamento. Depois de um ano e meio, ele terminou o processo de quimioterapia e foi considerado curado”, explica o corretor de seguros Ant�nio Lima, de 64 anos, av� da crian�a.

S� que algum tempo depois Bruno voltou a sentir os efeitos da doen�a e retornou ao Vila da Serra, mas a unidade de sa�de teve que interromper o tratamento. “O Vila da Serra esgotou todos os protocolos e jogou a toalha. Disse que n�o conseguiriam salv�-lo e recomendou que ele fosse tratado em Campinas, no Centro Infantil Boldrini, que � refer�ncia em tratamento de leucemia para crian�as. Com muito custo, conseguimos a vaga, mas a Unimed come�ou a colocar obst�culos. Por�m, acabou aceitando”, lembra Ant�nio.

Novamente, com o passar o tempo, a equipe respons�vel pelo tratamento do menino no Centro Infantil Boldrini adotou a mesma medida. Decidiram parar com o tratamento devido � gravidade do caso e encaminhar Bruninho ao Hospital S�rio-Liban�s, refer�ncia em tratamento contra o c�ncer, em S�o Paulo. “O hospital de Campinas tamb�m desistiu do caso, dizendo que n�o tinha condi��es de salvar o Bruno. Conseguimos chegar at� o Hospital S�rio-Liban�s. Eles avaliaram os exames e disseram que havia chance de salv�-lo”, continua o av�. Segundo ele, o garoto chegou no hospital com 70% das c�lulas contaminadas. Com o uso de um tratamento experimental americano, os m�dicos conseguiram zerar as c�lulas malignas.

O pai de Bruno, o ge�grafo Cristiano Figueido Lima, de 36 anos, conta que esta semana ser� decisiva para o tratamento do menino. “Aparentemente a nova medica��o est� fazendo efeito. Os m�dicos est�o bem empolgados e v�o fazer um exame nessa quinta-feira para ver o resultado parcial dessa primeira etapa. O objetivo � ver se j� se alcan�ou a remiss�o da doen�a”, afirma o pai. Se alcan�ada a remiss�o, o pr�ximo passo � fazer o transplante. Caso contr�rio, ter� que ser inciado um novo ciclo de tratamento.

JUSTI�A O problema � que, como se n�o bastasse a ang�stia decorrente da doen�a, a fam�lia enfrenta uma batalha judicial para manter a o atendimento � crian�a. Segundo Cristiano, desde que Bruno foi encaminhado para o S�rio-Liban�s, que a Unimed-BH passou a negar o custeio do tratamento. “Queriam que continu�ssemos no Vila da Serra, mas l� j� disseram que n�o t�m condi��es para isso. Ali�s, em Belo Horizonte, n�o h� um lugar especializado. Nem mesmo exames espec�ficos e importantes para o diagn�stico � poss�vel fazer em Minas Gerais”, afirma.

A fam�lia ent�o optou por entrar com uma a��o na Justi�a paulista e obteve uma liminar, garantindo o tratamento no Hospital S�rio-Liban�s at� a remiss�o da doen�a. “No mesmo dia, 27 de julho, come�amos o tratamento”, lembra Cristiano. Mas, de acordo com ele, a Unimed-BH passou a tamb�m tentar na Justi�a um meio para n�o bancar o tratamento. Depois de ter negados pedidos de efeito suspensivo da liminar, por meio de Agravos de Instrumento, a operadora teria ajuizado a��o declarat�ria de inexist�ncia de d�bitos contra o Hospital S�rio-Liban�s, com o pedido de liminar para dep�sito em ju�zo do custeio do tratamento. Ainda segundo Cristiano, tal pedido foi negado, mas mesmo assim a Unimed-BH fez o dep�sito em ju�zo e de apenas parte da quantia devida. “O hospital nos classificou como 'alto risco' no que diz respeito ao pagamento”, diz. “E todo tempo mandam assistente social para conversar conosco. Al�m de tudo, ainda � constrangedor”, continua.

Cristiano lembra que, no meio do tratamento, o hospital chegou a tentar interromper o atendimento. “Queriam que f�ssemos embora. N�o queriam esperar nem essa semana. Mas falei que t�nhamos a liminar, bati o p� e conseguimos ficar”, afirma. “Mas j� informaram que mesmo se constatada a remiss�o da doen�a, n�o est�o autorizados a fazer o transplante”. Apesar de toda a batalha, Cristiano observa que o relacionamento com a equipe m�dica � muito bom, mas ressalta que os m�dicos ficam tamb�m pressionados.

Saindo o resultado do exame que pode atestar a remissiva da doen�a, Bruno deve ter alta ou para dar in�cio ao procedimento do transplante ou para reiniciar novo ciclo. A partir disso, Cristiano teme n�o conseguir voltar ao hospital. “Esse resultado deve sair nos pr�ximos dias. E o tempo para n�s � incerto. Se alcan�ada a remiss�o, � preciso fazer logo o transplante”, afirma.

Se fosse arcar com o tratamento, o pai do garoto calcula que at� o momento j� teria gasto R$ 800 mil. E, no entanto, a Unimed-BH teria depositado – em ju�zo – R$ 126 mil. “A verdade � que o hospital n�o recebeu nada. A lei n�o est� sendo cumprida”, constata. Al�m do tratamento, o transplante ficaria em R$ 1,5 milh�o.

Em resposta � reportagem, a Unimed-BH informou que “tem como princ�pio cumprir integralmente os compromissos com seus clientes. Sobre o caso de Bruno Fernandes Lima, o Bruninho, a cooperativa informa que todas as solicita��es do hospital para o tratamento est�o sendo atendidas. A fam�lia j� foi contatada pela equipe de relacionamento com clientes para esclarecimentos. A Unimed-BH reafirma seu compromisso permanente com a assist�ncia aos clientes."

O Hospital S�rio-Liban�s confirmou em nota que Bruno est� em tratamento: "O paciente Bruno Fernandes Lima foi internado no Hospital S�rio-Liban�s em 27 de julho de 2015 para tratamento de leucemia linfoide aguda reca�da e refrataria. O paciente recebeu tratamento quimioter�pico alternativo e terapia com anticorpo monoclonal, t�cnica utilizada em poucas institui��es de sa�de no pa�s. No momento o paciente est� em boas condi��es cl�nicas e laboratoriais, em programa��o de alta, para aguardar resultado de mielograma a ser realizado nessa quinta-feira, o qual definir� os pr�ximos passos a serem seguidos em seu tratamento – incluindo transplante de medula –, que poder� ser realizado em qualquer institui��o capacitada para este procedimento".

Nem a Unimde-BH nem o Hospital S�rio-Liban�s mencionaram a disputa judicial em suas respsotas, apesar dos questionamentos da reportagem.