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Estado de Minas

Lama de minera��o acelera degrada��o do j� polu�do Rio Doce

Rio Doce, que j� sofria a pior crise da hist�ria com a escassez de �gua associada � degrada��o, agora enfrenta a mancha de rejeitos liberada pelo desastre da Samarco


postado em 10/11/2015 06:00 / atualizado em 10/11/2015 11:58

Ver galeria . 10 Fotos Imagem mostra como era o Rio Doce antes da onda de lama e como ele ficou depois do desastre ambientalElvira Nascimento/ Revista Caminhos Gerais
Imagem mostra como era o Rio Doce antes da onda de lama e como ele ficou depois do desastre ambiental (foto: Elvira Nascimento/ Revista Caminhos Gerais )

Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado e S�o Jos� do Goiabal –
Um manancial que j� � um dos mais degradados de Minas, sofrendo com a estiagem e a superexplora��o, agora � assolado por milh�es de metros c�bicos de rejeitos de minera��o, entulho, galhos, sujeira, animais e peixes mortos. Essa � a dupla agonia enfrentada pelo Rio Doce, historicamente pressionado por esgoto, assoreamento e desmatamento que passa a enfrentar a onda de lama liberada pelo rompimento de barragens da Samarco em Mariana. O rio sofre o impacto desde o in�cio do seu curso, na Zona da Mata, at� o Esp�rito Santo, onde a cheia liberada pelo desastre deve chegar hoje. Especialistas acreditam que o novo epis�dio de degrada��o, que culminou com a suspens�o da capta��o de �gua para abastecimento humano em pelo menos cinco cidades mineiras e causou grande mortandade de peixes, � o golpe de miseric�rdia no curso d'�gua que j� n�o tinha for�as para chegar � foz por seu caminho mais tradicional, conforme mostrou o Estado de Minas na s�rie de reportagens “Amarga agonia”, publicada em julho.



A habitual cor do rio deu lugar a tons de marrom e vermelho-escuro, de aspecto denso, por causa do min�rio. O cheiro forte do barro com reagentes qu�micos piorou nos �ltimos dias, devido aos animais mortos, como cavalos e capivaras, que n�o conseguiram escapar da for�a da avalanche e agora se misturam ao rastro de destrui��o nas margens. “A lama que chegou ao Leste de Minas � o golpe de miseric�rdia no Rio Doce, que este ano atingiu seu n�vel mais baixo”, reagiu, com indigna��o, o professor de agroecologia e bot�nica Reinaldo Duque-Brasil, do c�mpus avan�ado de Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Para ele, mestre em ecologia e doutor em bot�nica, s�o devastadores os efeitos do rompimento das duas barragens da Samarco. “Vivemos um clima de apreens�o, principalmente com a interrup��o no fornecimento de �gua em Valadares. Ficamos s� com o que tem na caixa-d'�gua”, disse.

Ontem � tarde, a Prefeitura de Governador Valadares interrompeu completamente o funcionamento das bombas de capta��o no Rio Doce, que abastecem 280 mil pessoas. A prefeita Elisa Maria Costa (PT) solicitou da Samarco, respons�vel pelo desastre, 80 caminh�es-pipa para suprir a demanda por 800 mil litros de �gua por dia, exclusivamente para locais priorit�rios, como creches, escolas, postos de sa�de e hospitais. "At� o fim da tarde de amanh� (hoje) n�o teremos mais nenhuma �gua armazenada, e o sistema vai entrar em colapso", alertou a prefeita. Para evitar que os moradores fiquem sem amparo, Elisa Costa disse solicitou da mineradora 80 mil litros de diesel, R$ 70 mil para serem usados na comunica��o via r�dios e televis�es, 100 agentes de endemias, 50 reservat�rios de 30 mil litros, um barco a motor e um ve�culo de tra��o 4x4 para transporte de integrantes da Defesa Civil. A empresa n�o havia se manifestado sobre nenhuma das demandas at� o fechamento desta edi��o.

O prefeito de Periquito, Geraldo Godoy (PMDB), chama a aten��o para o desabastecimento que enfrentam os cerca de 7 mil moradores. A Copasa precisou interromper a capta��o no Rio Doce para atender ao distrito de Pedra Corrida e foi impedida de usar o manancial para suprir a seca do Rio Periquito, que normalmente abastece o restante do munic�pio. "Desde ontem (domingo) a popula��o est� sentindo falta de �gua. Tivemos que fechar a prefeitura hoje (ontem) antes do fim do expediente, porque n�o tinha �gua", conta Godoy.

Em Naque, a onda de lama amontoou peixes mortos na beira do Rio Doce e tamb�m causou a suspens�o da capta��o. A Copasa precisou interromper o sistema mesmo se abastecendo do Rio Santo Ant�nio, j� que a mancha de lama invadiu o afluente. Em Resplendor e Tumiritinga, a companhia de saneamento tamb�m teve que desligar as bombas para n�o distribuir �gua sem condi��es de tratamento.

Na avalia��o do professor Duque-Brasil, a biodiversidade foi arrasada no Vale do Rio Doce. “O dano ambiental � irremedi�vel, pois tudo o que respira no ecossistema est� morrendo: peixes, tartarugas, pequenos mam�feros e aves. Houve interrup��o na cadeia alimentar”, diz. Para as matas ciliares, as consequ�ncias foram igualmente nocivas. Com a lama de minera��o, o assoreamento do Rio Doce vai aumentar. “� engano dizer que esta lama n�o � t�xica. S�o res�duos do min�rio que est�o l� e v�o formar uma camada, em todo o curso, liberando, aos poucos, subst�ncias t�xicas. Este ano o rio n�o conseguiu chegar ao mar, no Esp�rito Santo. Imagine uma situa��o dessas em um rio que recebe uma carga desse tipo, de repente”, afirmou.

SETOR PRODUTIVO
Os problemas para os ribeirinhos n�o foram menores. Ao longo do curso d'�gua, diz o bi�logo, h� muitas comunidades que vivem da agricultura e que precisam do rio para produzir. Al�m disso, h� comunidades ind�genas, como o povo krenak. “A situa��o � muito triste para quem precisa da irriga��o. Nesse tempo seco, sem poder usar a �gua do rio, tudo fica invi�vel”, diz o agroec�logo Filipe Fernandes de Souza. Atuando no Centro Agroecol�gico Tamandu�, organiza��o n�o-governamental que d� assessoria a 20 munic�pios no entorno de Valadares, Filipe diz que a lama quebrou a cadeia de produ��o. “Tememos a contamina��o do solo por metais pesados”, afirma.

ESP�RITO SANTO Enquanto a mancha de lama varre o curso do Rio Doce ainda em Minas Gerais, autoridades capixabas tomam provid�ncias para tentar minimizar os impactos da passagem dos res�duos por cidades como Baixo Guandu, Colatina e Linhares. A Defesa Civil do estado vizinho j� removeu comunidades ribeirinhas das margens do rio em Colatina. Ontem, a Prefeitura de Linhares come�ou a abrir passagem para a carga extra na foz, no distrito de Reg�ncia Augusta. M�quinas trabalharam para remover o banco de areia que vinha impedindo o rio de chegar ao mar por seu principal caminho, como mostrou em julho o Estado de Minas.
Fonte: CPRM, Igam, ANA, reportagem(foto: Arte EM)
Fonte: CPRM, Igam, ANA, reportagem (foto: Arte EM)


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