Bento Rodrigues - A sujeira nos postes de ilumina��o j� dava ideia da onde a lama de rejeitos de min�rio que vazou das duas barragens da Samarco em Mariana, na Regi�o Central de Minas Gerais, chegou a Bento Rodrigues. Apenas dois palmos acima dos mastros est�o limpos. As folhas verdes das �rvores maiores, como uma mangueira, contrastam com o marrom dos res�duos da minera��o que ficaram nos troncos. A Escola Municipal Bento Rodrigues ficou completamente destru�da. Restaram apenas as lousas brancas e o quadro de calend�rio. Da Igreja de Nossa Senhora das Merc�s sobrou apenas parte das paredes.
A reportagem do Estado de Minas conseguiu entrar em Bento Rodrigues depois que os moradores foram proibidos de voltar ao local por seguran�a, na quarta-feira, e viu de perto a devasta��o provocada pela avalanche. Casas est�o sem telhado, brinquedos de crian�as, roupas e at� dois potes lotados de balas est�o espalhados em meio � lama e ao entulho. Na cidade, o �nico barulho � dos p�ssaros e das m�quinas pesadas que abrem as ruas para os militares poderem acessar os locais para as buscas. Na chegada, na parte alta, j� d� para ter ideia da correria e do desespero dos moradores. No alto, os im�veis est�o com portas e janelas fechadas. Carros foram deixados para tr�s, assim como objetos pessoais. No centro comunit�rio, que est� com as portas abertas, d� para notar as cadeiras espalhadas.
Quando se come�a a descer as ruas do distrito, a cena � de devasta��o e isolamento. Quando se chega perto do rio, as marcas de barro v�o aumentando nas paredes das casas. Come�am a um metro e terminam com quase 10 metros. A sujeira no tronco de �rvores de grande porte impressiona apenas as folhas verdes limpas, o que agu�ou ainda mais a cor.
A Escola Municipal Bento Rodrigues foi invadida pela lama e ficou sem telhado. Paredes foram destru�das, assim como os port�es. Mesmo assim, as lousas brancas usadas pelos professores para passar conhecimento aos estudantes ficaram intactas, talvez, para lembrar que a cidade entrou para hist�ria de Minas Gerais e do pa�s inteiro. Outro quadro verde escrito ‘“calend�rio’ tamb�m n�o sofreu avarias e sobreviveu � enxurrada. Descendo um pouco mais pela rua, d� para notar v�rias casas destru�das. Em uma delas, que tamb�m est� sem telhado, a cena de tristeza � constratada por um quadro, que continua pregado na parede. Em outro im�vel, o banheiro est� exposto. O espelho, parcialmente quebrado, reflete a imagem de um distrito abandonado e destru�do.
Ao virar � esquerda na rua aberta pelo Corpo de Bombeiros, chega-se � Igreja Nossa Senhora das Merc�s. L�, os moradores se encontravam para rezar, conversar e agu�ar a f�. O im�vel n�o existe mais. Apenas um peda�o da parede de aproximadamente 30 cent�metros. Ao fundo, o mar de lama que se formou. Durante aproximadamente uma hora e meia, a reportagem percorreu o local. O cheiro do rejeito de minera��o ainda � forte. A lama j� est� mais firme, o que possibilita andar sobre ela. Por�m, ainda h� risco no local, por isso continua a interdi��o dos bombeiros. M�quinas pesadas abrem caminho.
Os trabalhos em Bento Rodrigues s�o feitos com duas m�quinas pesadas. Uma retroescavadeira e uma p� carregadeira est�o sendo usadas para abrir caminho pela cidade, que est� tomada pela lama. Elas s�o controladas por t�cnicos da Samarco com aux�lio de militares do Corpo de Bombeiros. “Os tratores s� podem passar nos locais onde foram feitas buscas e vistorias. Nestes pontos, n�o foram encontrados corpos, por isso foram abertos”, explica o tenente Philippe Matos. Equipes especializadas dos bombeiros est�o na cidade para fazer buscas por desaparecidos. S�o militares de Conselheiro Lafaiete, na Regi�o Central, al�m de homens do Sul do pa�s. Mesmo assim, os trabalhos s�o demorados, devido aos grandes estragos provocados pela trag�dia. “Tendo em vista a extens�o e a min�cia do trabalho, ele � bastante lento”, afirma Matos.
Bento Rodrigues vira cidade fantasma
C�es farejadores est�o sendo usados. Os militares usam canos PVC para furar a lama. Em seguida, ele � girado para formar uma esp�cie de cone. Se tiver v�timas ou algum animal morto, sobe um odor que � farejado pelos cachorros. Assim, pode-se chegar a poss�veis corpos.
ANIMAIS Al�m das buscas por desaparecidos, bombeiros tamb�m est�o preocupados com a situa��o de animais. Em uma fazenda perto de Bento, cerca de 100 animais, principalmente gado, est�o ilhados. Ontem, bombeiros usaram o helic�ptero da Pol�cia Militar para chegar at� eles e levar mantimentos. Segundo os militares, os bichos est�o magros e abatidos. Uma opera��o deve ser montada nos pr�ximos dias para tentar resgat�-los.
Trinca � descoberta na barragem de Germano