
Dona de uma loja de a�a� no Centro, Adriana Matias, de 44 anos, sentiu al�vio ao abrir a torneira ontem e perceber que a �gua disponibilizada pelo Servi�o Aut�nomo de �gua e Esgoto (SAAE) voltou a abastecer seu com�rcio. Mas ela n�o est� convencida da qualidade do l�quido. “N�o vou filtrar essa �gua para fazer meus sucos, igual eu fazia antes do problema do Rio Doce. Ainda n�o tenho confian�a suficiente para isso. Vou continuar com �gua mineral”, afirma, reclamando que o l�quido est� mais branco que o normal e com cheiro de cloro. Por outro lado, o al�vio. “S� de poder dar uma descarga, tomar um banho e fazer a limpeza das coisas, melhora demais.”
No Garfo Clube, que fica na Ilha dos Ara�jos, a segunda-feira foi de manuten��o. Dessa vez foi poss�vel usar a �gua do SAAE para tratar as piscinas. A gerente do clube, Val�ria Cerqueira, explicou que havia um rod�zio, usando o l�quido de uma para limpar a outra. “Por conta disso, conseguimos manter o clube funcionando. Agora, a situa��o vai se normalizar”, diz ela. Entretanto, o cen�rio que ainda persiste no Rio Doce, � beira do clube, � desolador. O tom amarronzado da lama toma conta de toda a calha, mas, mesmo assim, o SAAE garante que a �gua tratada tem total condi��o de uso, com laudos da Copasa ratificando as condi��es de potabilidade. No pr�dio do produtor rural Adivam Vunha, de 44, no Centro, uma das caixas j� estava quase cheia. “Voltou ontem (domingo). N�s demos sorte porque muitos moradores viajam bastante e alguns estudantes foram embora, diminuindo o consumo e evitando o desabastecimento”, conta.
Se nas �reas mais baixas a situa��o vai melhorando, nos morros, a dificuldade persiste. Ontem, cerca de 2 mil pessoas aguardavam o in�cio da distribui��o de um carregamento de �gua mineral, na porta do Centro Esp�rita Nosso lar, no Bairro Turmalina, um dos 14 pontos de entrega. A aposentada Maria das Gra�as Soares, de 68, disse que na casa dela at� chegou a entrar uma quantidade m�nima de �gua, mas que n�o deu praticamento para nada. “Mesmo assim, voc� acha que vou beber uma �gua dessas? Ela veio amarelada, n�o tem jeito”, reclama. O torneiro mec�nico Edson Bispo, de 42, ficou quatro horas e meia na fila at� conseguir um fardo com seis garrafas de 1,5 litro.
Na resid�ncia da dona de casa Rosineia Martins, de 24, as torneiras continuam secas. Por volta das 12h30, ela estava impaciente na fila da �gua mineral. “Estou aqui desde as 8h30. Somos sete pessoas onde moro e est� todo mundo dizendo que a �gua n�o presta”, protesta. A aposentada Neuza Batista, de 61, promete continuar pegando �gua mineral no Turmalina todos os dias enquanto ainda tiver disponibilidade. “� a garantia que poderemos beber sem passar mal ou ficar doente”, diz ela.
POT�VEL Segundo a Prefeitura de Governador Valadares, laudo emitido pela Copasa garante que a �gua � pot�vel, de acordo com os padr�es nacionais exigidos. A prefeitura tamb�m informa que n�o foram identificados metais pesados nas amostras colhidas. “N�o h� como distribuir �gua para toda a popula��o sem a garantia de que a �gua tem condi��es ideais para consumo humano. O abastecimento s� foi reestabelecido quando tivemos a garantia de que era poss�vel tratar a �gua. Portanto, a �gua que come�ou a chegar �s torneiras � pot�vel e de qualidade, sim”, diz o texto.
A prefeitura tamb�m informou que naturalmente os primeiros atendidos ser�o moradores de partes mais baixas, para, em seguida, os bairros altos terem o atendimento completo, com previs�o de quatro dias para regulariza��o. Sobre a �gua mais amarelada, o SAAE informou que � normal que isso ocorra por conta de res�duos nas caixas vazias e tamb�m na rede de tubula��o parada.
BARRAGENS Segundo a prefeitura, a situa��o das barragens da Samarco em Mariana, “ainda � inst�vel e outros preju�zos podem ser causados ao Rio Doce”. Em nota, informa ainda que junto com o Minist�rio P�blico “mant�m o contato permanente com a empresa respons�vel pra garantir que a obra se efetive o mais r�pido poss�vel” e que o Rio Sua�u� Grande passar� a ser segundo manancial respons�vel por abastecer a cidade.
