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Estado de Minas

"Ecoc�dio" atinge �rea de preserva��o maior que per�metro da Avenida do Contorno

Se considerado todo o estrago, sem levar em conta apenas as �reas de preserva��o permanente, o total � de 1,6 mil hectares


postado em 21/11/2015 06:00 / atualizado em 21/11/2015 07:52

Na região de Ponte Queimada, no Parque Estadual do Rio Doce, uma das unidades de conservação mais afetadas, vários animais foram mortos(foto: Elvira Nascimento/Revista Caminhos Gerais)
Na regi�o de Ponte Queimada, no Parque Estadual do Rio Doce, uma das unidades de conserva��o mais afetadas, v�rios animais foram mortos (foto: Elvira Nascimento/Revista Caminhos Gerais)
 

Pelo menos 1 mil hectares de �reas de Preserva��o Permanente (APP’s) nas margens dos rios por onde passou a lama de rejeitos oriunda do rompimento da barragem do Fund�o, da Samarco, foram afetados. A an�lise, ainda preliminar, foi feita por t�cnicos do Ibama que acompanham os estragos da cat�strofe provocada pelo rompimento da barragem da mineradora controlada pela Vale e BHP Billiton, no dia 5 deste m�s. A �rea devastada � maior do que o per�metro da Avenida do Contorno, em Belo Horizonte (8,9 km²), mas se considerado todo o estrago, sem levar em conta apenas as APP’s, o total � de 1,6 mil hectares (16 km²).

De acordo com a coordenadora geral de emerg�ncia ambiental do Ibama, Fernanda Pirillo, os funcion�rios do �rg�o federal seguem trabalhando no salvamento de peixes, especialmente das esp�cies nativas da bacia. Para Pirillo, a recupera��o � poss�vel, mas ela n�o estima um prazo. J� a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, estimou que o processo de recupera��o deve levar cerca de 10 anos.

“Se n�o foi m�-f�, foi uma estimativa desonesta, ou um uso ilus�rio de um prazo”, avalia o doutor em bot�nica, Reinaldo Duque Brasil, sobre a estimativa da ministra. Reinaldo, que � professor do c�mpus de Governador Valadares, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e especialista na Bacia do Rio Doce, classifica a cat�strofe como um “ecoc�dio”.

Uma das principais unidades de conserva��o afetadas pela lama foi o Parque Estadual do Rio Doce. “Um ref�gio de v�rias esp�cies de peixes e com trecho de mata atl�ntica preservada. � a unidade de conserva��o mais importante da bacia”, destaca Reinaldo. O professor lembra que grande parte das imagens de tartarugas, aves e peixes mortos foram feitas na regi�o da Ponte Queimada, dentro da �rea do parque.

O Parque Estadual de Sete Sal�es, entre as cidades de Resplendor e Conselheiro Pena, tamb�m foi afetado. Reinaldo destaca que o parque � uma �rea montanhosa, com v�rias cavernas e pinturas rupestres, al�m de ser considerado uma �rea sagrada para os ind�genas da etnia Krenak. O povoamento da regi�o come�ou em 1808, quando uma carta r�gia declarou guerra ao povo Borum (chamado pejorativamente de botucados) e as primeiras cidades foram criadas como divis�es militares da coroa portuguesa. “Os portugueses tinham muito medo dos ind�genas e cometeram um genoc�dio”, relembra o professor.

Al�m desses dois, outra unidade de preserva��o afetada foi o parque municipal de Governador Valadares, que fica no sop� do Pico do Ibituruna; uma reserva ambiental de propriedade da Vale do Rio Doce, em Linhares e as �reas recuperadas pelo Instituto Terra, em Aimor�s, projeto comandado pelo fot�grafo Sebasti�o Salgado. “� um dano irrepar�vel, incalcul�vel. A flora vai ser muito afetada e a fauna aqu�tica nem se fala. V�rias esp�cies v�o ser exterminadas”, afirma Reinaldo.

Reinaldo pontua que ap�s a matan�a dos �ndios teve in�cio do ciclo da madeira e do gado. “A ideia era limpar as paisagens e com o tempo o Rio Doce se tornou um rio moribundo pelo hist�rico projeto de devasta��o. O que aconteceu com a chegada dessa lama foi o cap�tulo final de um ecoc�dio”, avalia o professor.

DANOS NA FAUNA
Al�m de avaliar os danos ambientais ao longo do Rio Doce, as equipes do Ibama tentam reduzir os impactos no estu�rio, em Reg�ncia (ES). J� foram transferidos 33 ninhos de tartarugas marinhas para �reas que n�o dever�o ser atingidas diretamente pela onda de rejeitos de minera��o.Tamb�m foram colocadas barreiras conten��o para atenuar o poss�vel avan�o da lama para �reas de desova.

O Ibama alerta que � preciso cuidado no resgate de peixes para que o problema n�o seja aprofundado por a��es precipitadas, ainda que bem-intencionadas. O instituto listou alguns dos poss�veis problemas na transfer�ncia indiscriminada de peixes do rio para as lagoas. Entre eles, a preda��o maci�a de peixes jovens em desenvolvimento em lagoas que tenham papel de ber��rio; transfer�ncia indiscriminada de esp�cies ex�ticas invasoras presentes no Rio Doce, como o bagre africano e o tucunar� concorr�ncia intensa com os peixes residentes das lagoas, por comida e ref�gios.


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