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Estado de Minas

Moradores de povoado lutam por recome�o depois de desastre

Popula��o de Paracatu de Baixo, que perdeu trabalho ou renda ap�s rompimento de barragem, encontra dificuldades para recome�ar vida


postado em 26/11/2015 06:00 / atualizado em 26/11/2015 08:57

Acabou tudo, Não sei o que podem fazer. O pessoal quer continuar morando um perto do outro
Acabou tudo, N�o sei o que podem fazer. O pessoal quer continuar morando um perto do outro". Elias Oliveira trabalhava em uma fazenda, que foi tomada pelo barro. Ele havia comprado uma moto recentemente, que agora est� debaixo da lama (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Paracatu de Baixo (Mariana) – Samuel Geraldo da Silva, de 25 anos, trabalhava em uma empresa terceirizada da Samarco na montagem de andaimes, mas, ap�s o rompimento da Barragem do Fund�o, em 5 de novembro, foi demitido. “N�o consigo encontrar nada agora, pois est� tudo parado”, reclama o morador de Paracatu de Baixo, uma das localidades mais afetadas pelo tsunami de lama, que matou 12 pessoas (quatro corpos ainda sem identifica��o) e deixou 11 desaparecidas, al�m de provocar uma cat�strofe ambiental.

“Tinha acabado de come�ar. Fazia pouco mais de um m�s que estava trabalhando”, lamenta Samuel, que recebia sal�rio de R$ 1,6 mil. Ontem, ele aproveitou o tempo livre e acompanhou o pai, S�rvulo Caetano da Silva, de 65, a uma visita � casa da fam�lia, que foi atingida parcialmente pela lama. Os dois foram tratar das galinhas que restaram no quintal e se espantaram – mais uma vez – ao observar o cen�rio de destrui��o do pequeno distrito, que tinha cerca de 200 moradores.

A onda de rejeitos tamb�m acabou com o emprego de Elias Geraldo de Oliveira, de 43. Ele trabalhava como funcion�rio de uma fazenda, que foi tomada pelo barro. Elias ia trabalhar todos os dias de motocicleta, que havia comprado recentemente. A moto, agora, est� embaixo da lama, assim como a casa de seu pai e todo o terreno da fam�lia Oliveira, com outras seis casas onde moravam seus irm�os. “Acabou tudo. N�o sei o que podem fazer. O pessoal quer continuar morando um perto do outro”, explica Elias.

"Se as coisas piorarem muito, pelo menos eu garanto o b�sico para comer". Luiz C�ssio Gon�alves, pedreiro. Como n�o consegue trabalho, ontem voltou � sua ro�a para plantar milho e feij�o. (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
J� foi aprovado, em uma assembleia realizada no dia 17 deste m�s, que os moradores de Paracatu de Baixo querem a reconstru��o do distrito, mantendo as casas que foram preservadas da lama, pois est�o na parte alta da cidade e construindo os im�veis que foram derrubados em um novo loteamento morro acima. A decis�o, entretanto, n�o � consensual. O pai de Samuel, S�rvulo, diz temer um outro rompimento das barragens. “Fico com medo, pois o pessoal fala que a outra represa � maior ainda”, afirma.

S�rvulo se refere � barragem do Germano, que tamb�m est� com a seguran�a amea�ada. Tanto a estrutura do Fund�o como as do Germano e de Santar�m (tamb�m com �ndice de seguran�a abaixo do recomendado) pertencem � Samarco, mineradora controlada pela Vale e BHP Billinton. Os moradores do subdistrito de Bento Rodrigues, primeiro local arrasado pela lama, decidiram em assembleia que n�o desejam voltar para o local e querem que a comunidade seja reconstru�da em outro lugar.

FIM DO PARA�SO Os empregos gerados pela Samarco e pela Vale em suas minas na regi�o de Mariana sempre foram a esperan�a de muitos moradores das comunidades atingidas conseguirem um trabalho. O pedreiro Luiz C�ssio Gon�alves tem uma ro�a em Paracatu de Baixo e trabalhou em diversas empreiteiras terceirizadas pelas duas mineradoras. “O forte aqui � isso, mas depois dessa trag�dia n�o tem mais nada”, lamenta. Diante da falta de perspectiva, ele decidiu retornar � Paracatu de Baixo ontem e semear feij�o e milho em seu terreno. “Se as coisas piorarem muito, pelo menos o garanto o b�sico para comer”, explicou.

A ro�a de Luiz fica no alto do morro, em um local que a lama n�o chegou, j� os tr�s hectares de Ant�nio El�i, de 62, foram completamente destru�dos, assim como o curral, onde mantinha tr�s vacas leiteiras, 22 galinhas poedeiras e a casa em que vivia. “O que aconteceu aqui foi uma loucura. Uma devasta��o completa. Aqui na frente da casa era tudo gramado. Pintei a casa de verde para combinar com as �rvores”, mostra Ant�nio, levando o rep�rter a imaginar como era o local antes de ser tomado pelo barro.

Na beira do Rio Gualaxo do Norte, a propriedade de Ant�nio era considerada um para�so por quem a conheceu. Repleta de �rvores frut�feras e bem cuidada, era ponto ideal para admirar o rio, que agora est� com �gua imunda pela lama. Ontem, ap�s uma breve chuva, o local ficou repleto de tanajuras. Os insetos, segundo os moradores de Paracatu do Norte, eram a isca ideal para pescar peixes gra�dos. “N�o tem mais nada. A lama matou os peixes”, afirma Ant�nio, que perdeu tamb�m o complemento de renda da aposentadoria, pois vendia ovos e leite.

(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
VAGAS O coordenador de desenvolvimento socio-institucional da Samarco, Estanislau Klein, disse em uma reuni�o com os moradores, na noite de ter�a-feira, que a empresa est� cadastrando os atingidos para avaliar o perfil deles e tentar encaix�-los nas vagas que ser�o abertas nos trabalhos de reconstru��o. Klein destacou que os postos ser�o para os setores de constru��o, manuten��o e limpeza.

Enquanto isso... Sirenes, enfim, s�o instaladas

Ap�s o rompimento da Barragem do Fund�o e de ter ignorado o plano de emerg�ncia, a Samarco instalou alarmes nas comunidades que foram atingidas. Foram colocadas sirenes em Paracatu de Cima, Pedras, Ponte do Gama, Campinas, Gesteira e Camargos. Em Paracatu de Baixo, a sirene foi instalada no alto de um poste de energia el�trica. Na parte alta do distrito, tamb�m foi colocada uma placa indicando o local que os moradores devem se encontrar em caso de um novo rompimento de barragem.


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