
"A lama � a coisa ruim”, traduz, com a voz embargada, o presidente da Associa��o dos Moradores local, Jos� do Nascimento de Jesus, mais conhecido como Zezinho do Bento. Na hora do rompimento da Barragem do Fund�o, Jos� estava em casa com a mulher, Maria Irene de Deus, e diz que escapou por pouco de morrer. “Veja s� nossos sobrenomes...", afirma com a voz firme da esperan�a e da f�.
A �nica palavra que Maria Irene encontra para explicar o volume de lama que desceu da barragem � tsunami, que ela viu na tev� e ficou impressionada tal a viol�ncia ocorrida na �sia, na d�cada passada. Ela se enrola um pouco com a palavra e resume: "Foi assim mesmo, uma onda enorme de lama".
Com seu jeito quieto e reservado, caracter�stico do mineiro do interior, o aposentado S�lvio Liberato Pereira se mostra ainda impressionado com o lama�al no qual se transformou a localidade onde viveu por mais de 30 anos. Fazendo desenhos no ar, como se fosse o ataque de um monstro alien�gena, ele conta que a lama “veio rolando, de forma esquisita, arrastando tudo que encontrava pela frente".
A dona de casa Terezinha Cust�dio Quint�o, nascida e criada em Bento Rodrigues, teve sucessivos pesadelos com a movimenta��o de rejeitos de min�rio. “Sonhei que a lama arrastava minha m�e e eu lutava para resgat�-la”, revelou a ex-moradora da localidade, fundada no s�culo 18 pelo bandeirante Bento Rodrigues, que chegou em busca de ouro. Hoje, se viajasse no tempo, o desbravador encontraria um “cen�rio de horror”, conforme Terezinha