Ainda � muito dif�cil se aproximar da casa onde vivem os c�es, pois a lama ainda n�o tem consist�ncia suficiente para suportar o peso de uma pessoa. Em outros pontos, o ch�o de rejeito de min�rio j� secou e parece intensificar ainda mais o calor do sol. Ontem, apenas um dos cachorros estava de sentinela.
Ao perceber a presen�a de pessoas do outro lado c�rrego, ficou em estado de alerta. Em pouco tempo, o animal deixou os escombros e fugiu cabisbaixo para dentro de um antigo pomar, onde vivem galinhas e patos que se alimentam de carambolas, mangas e outros frutos maduros que caem.
Pr�ximo dali, nos fundos de uma casa destru�da, um gato buscava prote��o debaixo do telhado de um galinheiro, onde a lama n�o chegou. Assim como ele, galinhas e os galos se afastam diante da aproxima��o de pessoas que eles sabem n�o ser suas donas. � como se fugissem de um predador, talvez de um outro mar de lama.
Solidariedade vai diminuindo
Percorrendo as ruas de Paracatu de Baixo, a sensa��o � de estar numa cidade-fantasma. O sil�ncio s� � quebrado pela cantoria dos p�ssaros e pelo barulho do pequeno c�rrego de �gua lamacenta que passa em frente � igreja. Mais distante, aonde a lama n�o chegou, mora o lavrador Genilvado Teot�nio, de 29 anos. Segundo ele, ainda h� muitos c�es vagando pelas ruas, apensar dos esfor�os para capturar os bichos e e lev�-los para abrigos. Antes, disse, protetores de animais deixavam ra��o para c�es e gatos, mas esse movimento diminuiu e cachorros agora est�o matando galinhas e patos para comer.
“At� as cestas b�sicas sumiram para a gente”, reclama Genivaldo, que vive com a mulher, o filho de 2 anos, a m�e, um irm�o e dois c�es na mesma casa. Fazem parte de uma das cinco fam�lias que permanecem em Paracatu de Baixo. Genivaldo conta que os dois c�es pretos fotografados pelo EM s�o do �nico comerciante do lugar, Carlos Barbosa, que perdeu tudo e est� morando em um hotel em Mariana. “Carlos esteve a�, mas a cadela e o cachorro que � filho dela n�o querem sair de jeito nenhum da casa. Recolheram o gato, mas os cachorros ficam l�. Fizeram at� armadilha para pegar alguns cachorros por a�, mas eles fogem e depois voltam”, disse.