
Estudos conflitantes mant�m a d�vida sobre a qualidade da �gua no Rio Doce, ap�s o impacto resultante do rompimento da Barragem do Fund�o, em Mariana, na Regi�o Central de Minas, em 5 de novembro. Enquanto as an�lises de �gua e sedimentos do Servi�o Geol�gico do Brasil (CPRM) mostram que os n�veis de metais est�o dentro dos limites aceit�veis, mesmo acima das marcas registradas em 2010, uma pesquisa independente mostra, premilinarmente, �ndices de contamina��o por ars�nio, mangan�s e chumbo muito acima do permitido pela legisla��o brasileira.
Segundo o CPRM, as an�lises v�m sendo feitas desde 6 de novembro, sendo que o monitoramento da qualidade da �gua � realizado a cada dois dias e o dos sedimentos, a cada quatro. Os �ltimos dados, de ontem, demonstram que houve eleva��o nos n�veis de metais em �gua nos oito pontos de monitoramento localizados em cidades mineiras em que foi poss�vel fazer uma compara��o com os registros feitos em 2010 . No entanto, nos dois pontos situados em munic�pios do Esp�rito Santo, foram encontradas varia��es para cima e para baixo na concentra��o para diferentes metais.
J� an�lises realizadas por um grupo de cientistas das universidades de Bras�lia (UnB) e Federal de S�o Carlos (UFscar), de S�o Paulo, em amostras de �gua e sedimentos coletados em 10 pontos ao longo do Rio Doce e afluentes indicou presen�a de metais pesados acima dos limites admitidos pela Resolu��o 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) em alguns locais, inclusive em �gua coletada para abastecimento humano. Esses pesquisadores formam o Grupo Independente de An�lise de Impacto Ambiental (Giaia), que est� avaliando os impactos causados pelo rompimento da Barragem do Fund�o, em Mariana, na Regi�o Central de Minas, em 5 de novembro. A coleta foi feita entre os dias 4 e 8 deste m�s.
Al�m das �reas afetadas pelo desastre, o cont�gio tamb�m foi detectado em n�veis superiores ao indicado pela legisla��o nacional em pontos acima daqueles a que os res�duos de minera��o contidos na barragem chegaram e na �gua captada e tratada em Governador Valadares. O valor encontrado em cada litro, de 0,04mg/l, � quatro vezes maior que o toler�vel. O m�ximo permitido � de 0,01mg/l, de acordo com os crit�rios de potabilidade estabelecidos na Portaria 2.914, do Minist�rio da Sa�de.
Segundo o professor Andr� Cordeiro, da UFScar, os n�veis encontrados na �gua est�o acima do padr�o. “Teoricamente, se continuar neste n�vel, a �gua n�o pode ser servida. N�s fizemos uma an�lise s�, pontual. � preciso ver se esse n�vel vai persistir. O ideal � amostragem di�ria, mais amostras precisam mostrar se (a contamina��o) � permanente”, pontua.
Integrante do grupo e um dos respons�veis pela coleta de �gua, Cordeiro informou que amostras foram feitas dentro do sistema de capta��o de �gua de Governador Valadares. “Uma subst�ncia, para ser considerada t�xica, depende da concentra��o e do tempo de exposi��o. Ars�nio � cancer�geno se voc� tiver contato constante com ele. O problema � o consumo a longo prazo”, alerta.
Ainda no caso do ars�nio, a concentra��o mais significativamente aumentada foi detectada entre o distrito de Bento Rodrigues, onde a barragem estava localizada, e da vizinha Barra Longa. “Nos pontos subsequentes, a concentra��o de ars�nio n�o foi detectada pelo m�todo de instrumenta��o anal�tica utilizado nessas an�lises. Em Valadares, a concentra��o de ars�nio voltou a estar elevada, em n�vel quatro vezes acima do permitido”, disse o pesquisador.
O estudo concluiu tamb�m que os n�veis de mangan�s estavam elevados em pontos n�o impactados pelo desastre e que, em locais atingidos pela onda de lama, a concentra��o est� ainda mais acima do admitido pela lei. Quanto ao chumbo, os resultados demonstraram anormalidade em pontos do Rio Gualaxo do Norte, em Paracatu de Baixo e na cidade de Rio Doce.
O grupo analisou as concentra��es de 10 metais: alum�nio dissolvido, ferro dissolvido, ars�nio, mangan�s, sel�nio, c�dmio, chumbo, l�tio, n�quel e zinco. As quantifica��es de antim�nio, b�rio, c�lcio, c�sio, cromo, cobalto, cobre, magn�sio, merc�rio, rub�dio, prata, estr�ncio, ur�nio e van�dio ser�o disponibilizadas brevemente.