
A Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) aprovou ontem o uso da primeira vacina contra a dengue no Brasil, mas isso n�o significa que o combate ao mosquito Aedes aegypti, vetor da doen�a, deva ser deixado de lado. Em primeiro lugar, porque o medicamento s� imuniza contra a dengue e n�o tem nenhum efeito sobre o zika v�rus e a febre chikungunya, as outras duas doen�as transmitidas pelo inseto. Em segundo, a vacina s� ser� aplicada em pessoas entre 9 e 45 anos, o que deixa grande parte da popula��o sem cobertura.
Tamb�m n�o h� prazo para a comercializa��o das doses de imuniza��o, pois a C�mara de Regula��o do Mercado de Medicamentos n�o definiu o valor de cada dose. Al�m disso, a prolifera��o do mosquito � mais intensa no per�odo do ver�o, que est� apenas no come�o, gra�as � combina��o de temperatura alta e chuva intensa, criando condi��es favor�veis � reprodu��o do Aedes aegypti.
Em Minas Gerais, o governo estadual lan�a hoje o Comit� Gestor Estadual de Pol�ticas de Enfrentamento � Dengue, Chikungunya e Zika V�rus, para coordenar as a��es de combate �s tr�s doen�as. No estado, o n�mero de casos de dengue confirmados quase triplicou neste ano em rela��o a 2014. De acordo com o balan�o divulgado ontem pela Secretaria de Estado da Sa�de, 148.123 pessoas tiveram a doen�a em 2015, contra 49.360 no ano passado.
Nos �ltimos oito anos, apenas 2013 (368.387 casos) e 2010 (194.636) superam 2015. O n�mero de mortos tamb�m teve aumento neste ano na compara��o com o ano anterior. At� o momento foram confirmados 67 �bitos no estado, contra 51 em 2014. Com nove mortes pela doen�a, Uberl�ndia, no Tri�ngulo Mineiro, foi a cidade com o maior n�mero de registros em Minas, seguida de Uberaba, com cinco. Em rela��o � febre chikungunya, o estado teve sete casos confirmados neste ano, al�m de 129 descartados. Vinte e tr�s seguem sob investiga��o. N�o h� ainda registro de circula��o de zika em territ�rio mineiro.
Em raz�o da gravidade da situa��o epidemiol�gica, o governo federal determinou a vistoria em 100% dos im�veis do pa�s para eliminar criat�rios do mosquito transmissor das tr�s doen�as. Em Minas, essa ser� uma das miss�es do comit� gestor que ser� implementado hoje. A circula��o do zika v�rus s� serviu para agravar a situa��o, pois a doen�a est� relacionada ao surgimento de casos de microcefalia e da s�ndrome de Guillain-Barr�, que leva � paralisia dos m�sculos.
Pelo menos um caso de s�ndrome de Guillain-Barr� est� em investiga��o em Minas. Um adolescente de 16 anos, morador de Pedra Bonita, na Zona da Mata, teve a doen�a confirmada pela Santa Casa de Carangola, onde foi atendido. Trata-se de uma rea��o do sistema imunol�gico ao contato com o v�rus. Dependendo da gravidade, pode causar a morte do paciente, pois, ao levar � paralisia dos m�sculos, pode impedir batimentos card�acos e a respira��o.
Em Belo Horizonte, onde a administra��o municipal decretou situa��o de emerg�ncia por causa do Aedes aegypti, o quadro tamb�m � preocupante. O n�mero de casos de dengue quintuplicou este ano em compara��o com 2014, passando de 3.307 para 15.645. Entre as linhas de combate tra�adas pelo Prefeitura de BH para combater os focos do mosquito transmissor est� uma parceria com o Minist�rio P�blico de Minas Gerais para intimar os donos de casas fechadas e de lotes vagos que n�o forem limpos. O decreto de situa��o de emerg�ncia tem validade de seis meses. At� l�, a administra��o municipal espera vistoriar todos os im�veis da capital.
IMUNIZA��O A vacina contra a dengue ser� oferecida inicialmente na rede particular de Sa�de. Depois que o pre�o do medicamento for definido, a Comiss�o Nacional de Incorpora��o de Tecnologias do Sistema �nico de Sa�de avaliar� se vale a pena incorporar o produto ao sistema p�blico de vacina��o. Para essa defini��o ser�o analisados os crit�rios de custo, efetividade e impactos epidemiol�gico e or�ament�rio da incorpora��o da vacina ao SUS.
A vacina � indicada para pessoas entre 9 e 45 anos e protege contra os quatro tipos do v�rus da dengue. A promessa do fabricante � de prote��o de 93% contra casos graves da doen�a, redu��o de 80% das interna��es e efic�cia global de 66% contra todos os tipos do micro-organismo. A subst�ncia deve come�ar a ser vendida no pa�s no primeiro semestre de 2016 e a capacidade de produ��o do laborat�rio � de 100 milh�es de doses por ano.
Ser� aplicada em tr�s doses, com intervalo de seis meses, mas, segundo Sheila Homsani, diretora m�dica da Sanofi Brasil, grupo farmac�utico que produz a vacina, “o medicamento tem efic�cia a partir da primeira dose, protegendo em torno de 70% dos imunizados”. “A necessidade das outras doses ocorre porque a prote��o vai caindo com o tempo, n�o se mant�m sem as outras duas. A prote��o s� se efetiva por muitos anos quando s�o tomadas as tr�s doses”, explicou Sheila.
O Brasil � o terceiro pa�s a aprovar a vacina contra a dengue. No come�o do m�s, o M�xico autorizou o registro do imunizante. Em seguida, foi a vez das Filipinas. O desenvolvimento cl�nico do produto envolveu mais de 20 estudos e mais de 40 mil participantes, entre crian�as, adolescentes e adultos, em 15 pa�ses.