
O caldo espesso de algas verdes e esgoto que toma conta da superf�cie da Lagoa da Pampulha afeta ainda mais do que se imagina o fundo da represa e o todo o ecossistema desse cart�o-postal de Belo Horizonte, candidato a patrim�nio cultural da humanidade. Os micro-organismos que roubam o oxig�nio e a luz da �gua e os lan�amentos de dejetos dom�sticos e industriais fazem de todo o conte�do do lago um meio in�spito, onde somente os animais mais resistentes conseguem sobreviver, ainda que contaminados. Com c�meras aqu�ticas que vasculharam o fundo do reservat�rio e em embarca��es que percorreram sua extens�o, a reportagem do Estado de Minas mostra como � o ambiente degradado, onde se adaptaram para sobreviver jacar�s-do-papo-amarelo, capivaras, c�gados, peixes e aves. Situa��o que, apesar de investimentos que somam R$ 1 bilh�o desde a d�cada de 1990, s� tem piorado, como mostram os �ltimos dados de an�lises da qualidade da �gua. N�o bastassem animais intoxicados, os peixes irregularmente pescados e altamente contaminados est�o sendo vendidos a frigor�ficos, que os comercializam, numa grave den�ncia de crime contra a sa�de p�blica.
Apesar de adaptados ao ambiente encontrado atualmente, at� mesmo os jacar�s, capivaras, c�gados, peixes e aves podem ter sua sa�de deteriorada com a cont�nua piora da qualidade ambiental, caso as promessas de purifica��o do lago mais uma vez n�o saiam do papel. Segundo pesquisa do professor Ricardo Coelho, pelo menos quatro esp�cies de zooplanctons que serviam de alimento a outros animais foram extintas do reservat�rio pela polui��o. Outras seis esp�cies de peixe j� n�o s�o mais encontradas nas �guas. Por todo o espelho d’�gua veem-se boiando aves aqu�ticas e peixes mortos. “Atualmente, s�o animais que est�o contaminados por metais pesados e t�xicos e isso � um ac�mulo que no longo prazo pode trazer outros efeitos e impedir que vivam na Pampulha se a polui��o piorar”, pondera o engenheiro de pesca Luiz Alberto S�enz Isla, especialista em aquicultura e mestre em ecotoxicologia pela USP.
Para especialistas, um dos animais que demonstram adapta��o �s condi��es da Pampulha � o jacar�-do-papa-amarelo. “Esse r�ptil � um predador ativo que est� no topo da cadeia alimentar e n�o aparenta estar enfraquecido pela polui��o. Sua proximidade com os homens e a aparente apatia nos banhos de sol fazem com que se pare�a d�cil e encorajam contatos que podem ser repelidos a mordidas”, alerta o bi�logo respons�vel pelo Setor de R�pteis e Anf�bios da Funda��o Zoobot�nica da capital, Lu�s Eduardo Coura.
O mesmo se repetiu na �rea pr�xima � est�tua de Iemanj�, no Bairro S�o Luiz. Na regi�o da Igreja de S�o Francisco de Assis, a c�mera encontrou um o terreno arenoso no fundo. Na Casa do Baile, localizou os alicerces de pedra da ilha artificial. Pr�ximo ao vertedouro, as rochas de sustenta��o de uma antiga rampa de lan�amento de barcos apareceu nas profundezas.
