(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Moradores relatam noites 'sem lei' na Savassi e cobram policiamento

Moradores e comerciantes criticam falta de seguran�a, de ilumina��o e sujeira na regi�o, principalmente em eventos como Copa do Mundo e carnaval, e cobram pol�ticas p�blicas


postado em 15/02/2016 06:00 / atualizado em 15/02/2016 07:38

Na Rua Levindo Lopes, iluminação é precária(foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
Na Rua Levindo Lopes, ilumina��o � prec�ria (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
Os relatos de furtos, tumultos e arrast�es que assustaram os frequentadores da Savassi, na Regi�o Centro-Sul de BH, durante o carnaval, reacendem o temor de moradores e lojistas preocupados com a seguran�a e com a realiza��o de grandes eventos. Para alguns, o policiamento n�o tem sido suficiente. Outros reclamam da falta de ilumina��o em ruas perif�ricas do bairro e garantem que o espa�o n�o � adequado para receber tantas pessoas. “De madrugada, aqui � terra sem lei”, diz a cantora Marina Ara�jo, de 27 anos, que mora em um pr�dio na esquina da Rua Para�ba com a Avenida Get�lio Vargas e j� teve o carro arrombado e os seus instrumentos musicais roubados. “A falta de seguran�a � constante aqui, n�o � de hoje”, refor�a.


A estudante Nina Flores, de 19, que mora h� um ano em um pr�dio na esquina da Avenida Get�lio Vargas com o quarteir�o fechado da Rua Ant�nio de Albuquerque, afirma que nesse carnaval as mazelas da �rea foram intensificadas. “N�o desci nenhuma vez. Estava muita bagun�a, fica com um cheiro horr�vel e muita sujeira”, conta Nina. Ela curtiu o carnaval em outras regi�es de Belo Horizonte. “Aqui, sempre ouvimos falar de brigas e assaltos. A pol�cia fica at� as 22h e depois some”, comenta a estudante, que diz ter medo de sair ou chegar em casa � noite.

Quando foi revitalizada e entregue � popula��o, em maio de 2012, a ideia era que a Savassi fosse compartilhada entre os frequentadores de forma “gentil e que as pessoas ajudassem a cuidar do espa�o e se sentassem ali para ver a vida passar”, conta a autora do projeto de revitaliza��o, a arquiteta Edwiges Leal, da B & L Arquitetura. Ela lembra que as mudan�as na regi�o n�o foram projetadas para grandes p�blicos. “A estrutura foi pensada para pequenos eventos nos quarteir�es fechados. A Savassi n�o suporta 20 mil pessoas”, afirma.

Edwiges, uma das l�deres do movimento Savassi Criativa, argumenta ainda que a Pra�a Diogo de Vasconcelos n�o � um lugar apropriado para festividades como as ocorridas na Copa do Mundo e no carnaval. “O local � na verdade um cruzamento, que precisa ser fechado para eventos. O modelo ideal de evento � aquele em que o com�rcio pode permanecer de portas abertas e aproveitar o movimento.”

RESPONSABILIDADE Depois de shows, que geralmente t�m palcos montados sobre as fontes, ela garante que parte dos bancos e jardineiras fica em situa��o cr�tica. “Muitas pessoas acham que chiclete e cigarro n�o � lixo e n�o carregam o lixo que produzem. As pessoas devem entender o espa�o p�blico como responsabilidade de todos.” Entre as solu��es para a regi�o, ela destaca a necessidade de conversas constantes com promotores de eventos e reguladores, como a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) e a Belotur, para determinar “que tipo de Savassi a cidade quer”.

Cantora Marina Araújo teve carro arrombado(foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
Cantora Marina Ara�jo teve carro arrombado (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
Alessandro Runcini, diretor do Conselho da C�mara de Dirigentes Lojistas (CDL) da Savassi, conta que, para diminuir as ocorr�ncias no carnaval, houve uma sinergia entre entidades de classe e PBH, com esfor�os que resultaram no fechamento de bares e restaurantes �s 23h, suspens�o da venda de bebidas em garrafas de vidro e aus�ncia de um palco no local. As medidas, segundo ele, “sangraram os lucros”, mas trouxeram reflexos positivos. “Tivemos alguns problemas, mas menos que nos outros anos e conseguimos empatar o faturamento com o ano passado.”

De acordo com ele, a reorganiza��o � o primeiro passo para evitar que a regi�o da Savassi, cart�o-postal de Belo Horizonte, seja depredada durante os eventos. “O lugar � um chamariz pela beleza. Um ponto comercial e de conviv�ncia que queremos proteger sem diferenciar.”

MAIS OSTENSIVO O policiamento na regi�o, segundo o comandante da 4ª Companhia da Pol�cia Militar, major Renato Salgado Cintra Gil, ocorreu de forma ostensiva no carnaval, assim como no dia a dia. Ele esclareceu que o policiamento � realizado durante 24 horas. “Tivemos redu��o de 40% nos roubos consumados em dezembro de 2015, na compara��o com o mesmo m�s de 2014. J� no carnaval deste ano tivemos redu��o de 7%, na compara��o com o carnaval do ano passado.”

A rede de comerciantes protegidos � ferramenta importante para garantir a atua��o da PM. No WhatsApp, um grupo de 300 pessoas “s�o os nossos olhos na Savassi e nos ajudam divulgando informa��es de seguran�a p�blica”, diz o major, que lembra que as reuni�es t�m pouca ades�o, apesar do bom relacionamento com comerciantes e moradores. “Na hora de sentar para discutir um tema t�o importante, temos baixa ades�o.” Questionada sobre a ilumina��o, a PBH, por meio da Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), informou que a ilumina��o de toda a Regional Centro-Sul � adequada e preenche os requisitos t�cnicos, mantendo-se dentro dos par�metros aceit�veis.

Estudante Nina Flores tem medo de sair à noite(foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
Estudante Nina Flores tem medo de sair � noite (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
Medo de sair � noite

O paulista Andr� Saglioni, de 34 anos, mudou-se para Belo Horizonte h� cerca de um ano. O engenheiro mora em um pr�dio na Rua Levindo Lopes e critica o barulho e a falta de ilumina��o. “Temos que chamar a pol�cia ou a prefeitura porque a m�sica de um estabelecimento incomoda.”

O ge�logo Celso Frizzo, de 62, que vive na mesma regi�o, tamb�m critica a Lei do Sil�ncio, principalmente no carnaval. “Foi muito mais bagun�ado que o normal. Geralmente, j� temos problemas quanto ao barulho, mas nesse per�odo alguns vizinhos n�o dormiam antes das 3h”, conta. Sobre a sensa��o de inseguran�a, ele conta que diminuiu o n�mero de sa�das com a esposa. “Sa�mos bem menos do que h� alguns anos. Depois das 21h s� ficamos em casa.” Ele diz ter percebido aumento no n�mero de moradores de rua nos �ltimos tr�s anos.

A fot�grafa Telma Terra, de 29, que morava na Regi�o da Pampulha, mudou-se com o marido para a Savassi h� cerca de seis meses, mas acredita que a viol�ncia est� generalizada na cidade. “Na Pampulha, tamb�m tinha arrombamentos e roubos. Aqui, parece que somos rota de passagem de assaltantes. � noite, � comum alarmes disparando.”

Outros, no entanto, discordam da sensa��o de inseguran�a. O advogado Carlos Rodrigues Pereira, de 79, que mora na Rua Levindo Lopes h� 20 anos, afirma nunca ter visto assalto na regi�o. “Aqui � muito agrad�vel e tranquilo”, comenta. Assim como ele, o seguran�a Paulo Roberto Silva, de 60,  n�o se lembra de ter visto confus�es mais graves.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)