
Quando foi revitalizada e entregue � popula��o, em maio de 2012, a ideia era que a Savassi fosse compartilhada entre os frequentadores de forma “gentil e que as pessoas ajudassem a cuidar do espa�o e se sentassem ali para ver a vida passar”, conta a autora do projeto de revitaliza��o, a arquiteta Edwiges Leal, da B & L Arquitetura. Ela lembra que as mudan�as na regi�o n�o foram projetadas para grandes p�blicos. “A estrutura foi pensada para pequenos eventos nos quarteir�es fechados. A Savassi n�o suporta 20 mil pessoas”, afirma.
Edwiges, uma das l�deres do movimento Savassi Criativa, argumenta ainda que a Pra�a Diogo de Vasconcelos n�o � um lugar apropriado para festividades como as ocorridas na Copa do Mundo e no carnaval. “O local � na verdade um cruzamento, que precisa ser fechado para eventos. O modelo ideal de evento � aquele em que o com�rcio pode permanecer de portas abertas e aproveitar o movimento.”
RESPONSABILIDADE Depois de shows, que geralmente t�m palcos montados sobre as fontes, ela garante que parte dos bancos e jardineiras fica em situa��o cr�tica. “Muitas pessoas acham que chiclete e cigarro n�o � lixo e n�o carregam o lixo que produzem. As pessoas devem entender o espa�o p�blico como responsabilidade de todos.” Entre as solu��es para a regi�o, ela destaca a necessidade de conversas constantes com promotores de eventos e reguladores, como a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) e a Belotur, para determinar “que tipo de Savassi a cidade quer”.

De acordo com ele, a reorganiza��o � o primeiro passo para evitar que a regi�o da Savassi, cart�o-postal de Belo Horizonte, seja depredada durante os eventos. “O lugar � um chamariz pela beleza. Um ponto comercial e de conviv�ncia que queremos proteger sem diferenciar.”
MAIS OSTENSIVO O policiamento na regi�o, segundo o comandante da 4ª Companhia da Pol�cia Militar, major Renato Salgado Cintra Gil, ocorreu de forma ostensiva no carnaval, assim como no dia a dia. Ele esclareceu que o policiamento � realizado durante 24 horas. “Tivemos redu��o de 40% nos roubos consumados em dezembro de 2015, na compara��o com o mesmo m�s de 2014. J� no carnaval deste ano tivemos redu��o de 7%, na compara��o com o carnaval do ano passado.”
A rede de comerciantes protegidos � ferramenta importante para garantir a atua��o da PM. No WhatsApp, um grupo de 300 pessoas “s�o os nossos olhos na Savassi e nos ajudam divulgando informa��es de seguran�a p�blica”, diz o major, que lembra que as reuni�es t�m pouca ades�o, apesar do bom relacionamento com comerciantes e moradores. “Na hora de sentar para discutir um tema t�o importante, temos baixa ades�o.” Questionada sobre a ilumina��o, a PBH, por meio da Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), informou que a ilumina��o de toda a Regional Centro-Sul � adequada e preenche os requisitos t�cnicos, mantendo-se dentro dos par�metros aceit�veis.

O paulista Andr� Saglioni, de 34 anos, mudou-se para Belo Horizonte h� cerca de um ano. O engenheiro mora em um pr�dio na Rua Levindo Lopes e critica o barulho e a falta de ilumina��o. “Temos que chamar a pol�cia ou a prefeitura porque a m�sica de um estabelecimento incomoda.”
O ge�logo Celso Frizzo, de 62, que vive na mesma regi�o, tamb�m critica a Lei do Sil�ncio, principalmente no carnaval. “Foi muito mais bagun�ado que o normal. Geralmente, j� temos problemas quanto ao barulho, mas nesse per�odo alguns vizinhos n�o dormiam antes das 3h”, conta. Sobre a sensa��o de inseguran�a, ele conta que diminuiu o n�mero de sa�das com a esposa. “Sa�mos bem menos do que h� alguns anos. Depois das 21h s� ficamos em casa.” Ele diz ter percebido aumento no n�mero de moradores de rua nos �ltimos tr�s anos.
A fot�grafa Telma Terra, de 29, que morava na Regi�o da Pampulha, mudou-se com o marido para a Savassi h� cerca de seis meses, mas acredita que a viol�ncia est� generalizada na cidade. “Na Pampulha, tamb�m tinha arrombamentos e roubos. Aqui, parece que somos rota de passagem de assaltantes. � noite, � comum alarmes disparando.”
Outros, no entanto, discordam da sensa��o de inseguran�a. O advogado Carlos Rodrigues Pereira, de 79, que mora na Rua Levindo Lopes h� 20 anos, afirma nunca ter visto assalto na regi�o. “Aqui � muito agrad�vel e tranquilo”, comenta. Assim como ele, o seguran�a Paulo Roberto Silva, de 60, n�o se lembra de ter visto confus�es mais graves.