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Estado de Minas

Fim da estiagem no Norte de Minas pode garantir reserva de �gua para a seca

Depois de uma prolongada crise h�drica, chuvas deste in�cio de ano elevam n�veis das barragens da regi�o e garantem abastecimento na estiagem. Algumas chegaram a verter


postado em 18/02/2016 06:00 / atualizado em 18/02/2016 07:47

Responsável pelo abastecimento de 70% da população de Montes Claros, a barragem do Rio Juramento deverá atingir sua capacidade total até o fim do mês(foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press)
Respons�vel pelo abastecimento de 70% da popula��o de Montes Claros, a barragem do Rio Juramento dever� atingir sua capacidade total at� o fim do m�s (foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press)
As chuvas de janeiro mudaram o cen�rio no Norte de Minas, levando alento para moradores de munic�pios que at� o fim de dezembro enfrentavam o racionamento de �gua decorrente de tr�s anos seguidos de estiagens prolongadas. Agora, os mananciais foram recuperados e algumas barragens, antes esturricadas, chegaram at� a verter. O “milagre” da recupera��o traz a expectativa de que, no per�odo cr�tico da seca, n�o seja mais necess�rio o uso de �gua de qualidade ruim de po�o tubular nem lan�ar m�o de rod�zio no abastecimento ou ter que esperar por mais de um dia pela chegada do caminh�o-pipa, situa��es impostas pela crise h�drica nos �ltimos anos.

Forte mudan�a ocorreu na barragem do Rio Juramento, do Sistema Verde Grande, que abastece 70% da popula��o de Montes Claros, cidade p�lo da regi�o, de 394 mil habitantes. Devido � crise h�drica, a Copasa implantou o rod�zio no abastecimento em outubro de 2015, medida adotada pela primeira vez na hist�ria da cidade. Com tr�s anos seguidos de estiagem prolongada, o volume do reservat�rio baixou muito e, em 3 de janeiro chegou a 16% de sua capacidade. Com os temporais deste in�cio de ano, entretanto, o n�vel saltou na segunda-feira para 72% da capacidade. “A gente esperava a recupera��o, mas ela ocorreu de uma forma surpreendente”, afirma o t�cnico em meio ambiente e recursos h�dricos Jos� Ponciano Neto, respons�vel pela manuten��o da barragem do Rio Juramento.

Segundo ele, a expectativa � de que o reservat�rio venha a atingir sua capacidade total (640,25 milh�es de metros c�bicos) at� o fim deste m�s, levando-se em conta a previs�o de que S�o Pedro vai continuar colaborando. A barragem verteu pela �ltima vez em dezembro de 2013. Ponciano salienta que o reservat�rio teve seu volume aumentado rapidamente devido �s fortes chuvas de janeiro. Em Montes Claros, foram registrados no primeiro m�s do ano 637,23 mil�metros de chuva, volume superior �s quantidades anuais do munic�pio de 2015 (468,25 mil�metros) e 2014 (469,4 mil�metros). Em janeiro do ano passado, a densidade pluviom�trica foi 100 vezes menor, ficando em 6,09 mil�metros.

O gerente do distrito regional da Copasa em Montes Claros, Ant�nio C�mara, ressalta que a recupera��o da barragem do Rio Juramento vai garantir o abastecimento de �gua do munic�pio durante todo o ano de 2016 sem a necessidade de recorrer ao volume morto, medida que a empresa se viu obrigada a implantar desde agosto de 2015. Para isso, teve que instalar novo sistema de capta��o no reservat�rio, com a instala��o de boias, que foram usadas at� 22 de janeiro.

C�mara destaca que o volume de chuvas em janeiro em Montes Claros foi mais de quatro vezes superior a m�dia hist�rica do m�s, que � de 142 mil�metros. “Pelas informa��es que levantamos, a �ltima vez que tinha chovido tanto em janeiro na cidade foi em 1945”, afirma o gerente da Copasa. “A grande quantidade de chuvas deste m�s trouxe mais alegria e esperan�a para a popula��o, que poder� passar o per�odo cr�tico da seca sem a amea�a da falta de �gua”, assegurou C�mara. Ele disse que ainda nesta semana a empresa vai rever o rod�zio adotado no de abastecimento de �gua no munic�pio, pelo qual a �gua chega �s torneiras todos os dias, mas em hor�rios alternados, nas diferentes regi�es da cidade. Com o aumento do volume do reservat�rio, o rod�zio dever� ser suspenso em algumas �reas, o que depende de autoriza��o da ag�ncia reguladora do servi�o (Arsae).

Em Francisco S�, de 23,4 mil habitantes, vizinha a Montes Claros (42 quil�metros de dist�ncia), durante quase todo o ano passado, a popula��o sofreu com a escassez h�drica. Ainda em fevereiro de 2015, a prefeitura decretou estado de calamidade p�blica e come�ou o rod�zio no fornecimento de �gua tentando “segurar” a �gua na barragem do Rio S�o Domingos, respons�vel pelo abastecimento da popula��o. Mesmo com o racionamento, em agosto, a barragem do S�o Domingos secou completamente e os moradores passaram a consumir �gua de po�o tubular, fornecida de forma racionada. O reservat�rio permaneceu esturricado at� dezembro.

Com chuva de janeiro, o manancial foi recuperado e na �ltima sexta-feira atingiu 30% de sua capacidade. “A barragem do Rio S�o Domingos j� tem �gua suficiente para garantir o fornecimento para a popula��o durante dois anos. Mesmo assim, continuamos com o rod�zio, pois ainda estamos recorrendo aos po�os tubulares”, afirma o prefeito de Francisco S�, Denilson Silveira (PMDB). Ele disse que o Servi�o Aut�nomo de �gua e Esgoto (SAAE) do munic�pio ainda n�o reiniciou a capta��o na barragem porque a �gua do reservat�rio ainda est� com �ndice alto de turbidez. “� preciso esperar a decanta��o”, salientou.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)

CISTERNAS CHEIAS O prefeito de Francisco S� ressaltou que os temporais de janeiro trouxeram n�o somente a melhoria do abastecimento dos moradores da �rea urbana, mas tamb�m melhor qualidade de vida na zona rural, garantindo �gua suficiente para encher as cisternas de capta��o de �gua da chuva, fornecidas � popula��o pelo governo federal, por interm�dio do Programa �gua para Todos. O munic�pio recebeu cerca de 1.100 mil cisternas. Juntas, elas acumulam 17,6 milh�es de litros, considerando que cada uma tem capacidade para 16 mil litros, quantidade suficiente para uma fam�lia ter �gua para beber e cozinhar durante o per�odo cr�tico da seca, sem depender do caminh�o-pipa.

Suspens�o de anos de ‘castigo’


No fim de janeiro, dezenas de pessoas foram at� a Barragem do Estreito, constru�da no Rio Verde Pequeno, na zona rural de Espinosa, de 31,1 mil habitantes, para ver de perto o reservat�rio verter, ao atingir sua capacidade m�xima depois das chuvas. Para a popula��o do munic�pio, no extremo Norte do estado, testemunhar a barragem “sangrar” foi mais do que um espet�culo, mas um sinal do fim do sofrimento imposto pela seca, que historicamente castiga a regi�o.

Nos �ltimos quatro anos, Espinosa sofreu estiagens sucessivas. Um dos piores momentos foi em novembro 2012, quando faltou a �gua na �rea urbana, obrigando escolas e postos de sa�de a interromper o atendimento. Naquele per�odo, a Barragem do Estreito, respons�vel pelo abastecimento da cidade, teve seu volume t�o reduzido (chegou a 12% de sua capacidade), que a capta��o ficou impossibilitada, s� voltando a ser feita alguns dias depois, ap�s a sua mudan�a para outro local. No ano passado, o munic�pio continuou sendo castigado pela estiagem, rios secaram e o n�vel da barragem baixou novamente, chegando a 20% da sua capacidade no fim de dezembro.

A situa��o mudou em janeiro e a Barragem do Estreito atingiu sua cota m�xima, de 100 milh�es de metros c�bicos em menos de um m�s por causa do grande volume de chuvas. De acordo com o gerente da Copasa no munic�pio, Haroldo Martins Santos, o reservat�rio cheio garante �gua para abastecer a cidade por tr�s anos, sem risco de racionamento. Ele lembrou que o reservat�rio, constru�do na d�cada de 1960, tinha atingido sua capacidade m�xima pela �ltima vez em janeiro de 1997. Em Monte Azul, as barragem de Tremendal e Cana Brava verteram.

Esperan�a renovada na agricultura

As chuvas renovaram a esperan�a dos pequenos agricultores e moradores das cidades de Jana�ba e Nova Porteirinha, abastecidas pela Barragem do Bico da Pedra, constru�da no Rio Gorutuba, em Jana�ba (Norte de Minas).

“A recupera��o do reservat�rio representa a renova��o do �nimo e da esperan�a do povo da regi�o”, afirma o gerente do Distrito de Irriga��o do Gorutuba (DIG), Ricardo Carreiro. “Significa n�o somente a garantia de �gua o ano inteiro para o abastecimento humano, mas tamb�m a estabilidade econ�mica e social da regi�o, afastando os riscos de perda de empregos na agricultura”, destaca.

Em 2015,  foi necess�rio racionar a �gua para 345 pequenos agricultores do projeto de irriga��o do Gorutuba, que dependem do reservat�rio para manter suas planta��es. No fim de dezembro, a barragem estava com apenas 17% de sua capacidade. Na sexta-feira, o volume j� era quase o dobro: 33% da capacidade do reservat�rio (560 milh�es de metros c�bicos). Entre primeiro de janeiro e a �ltima sexta-feira, o n�vel do reservat�rio subiu 5,30 metros.

Segundo Ricardo Carreiro, foram registrados 351,8 mil�metros de chuvas na regi�o at� a semana passada, quase a quantidade de todo ano de 2015 (356,8 mil�metros). Em janeiro do ano passado, n�o chegou a ser registrado na �rea da barragem nenhum um pingo de chuva, com o “veranico” daquele per�odo contribuindo  para o seu esvaziamento.

A barragem do Bico da Pedra garante a regulariza��o da vaz�o do Rio Gorutuba na �poca da seca. Como mostraram reportagens do Estado de Minas, durante o per�odo cr�tico da seca, o Gorutuba se resumiu a um filete, pr�ximo de sua nascente, no munic�pio de Francisco S�.


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