
Sheilla Prado, que est� no quarto m�s de gravidez e mora no Bairro Floramar, na Regi�o Norte da capital, redobrou a preocupa��o com o mosquito. Desde a descoberta da gravidez, Sheilla se protege com muito repelente e, ao sair de casa, sempre opta por roupas compridas. “Entrei em p�nico. A cada ultrassom, pe�o para medir a cabe�a, n�o estava preocupada com o sexo do beb�”, afirma ela, que ter� um menino. Al�m do estoque de produtos, Sheilla usa uma raquete el�trica para matar mosquitos. Os cuidados com o filho Jo�o Guilherme, de 1 ano e nove meses, tamb�m foram aumentados e uma nova medida deve ser a instala��o de mosquiteiros nas janelas do apartamento nos pr�ximos dias.
A dona de casa reduziu as sa�das e deixou de frequentar parques e espa�os com grama, por acreditar que o Aedes aegypti prefira esses locais. “Antes, �amos pelo menos uma vez por semana a parques. Agora, evito ficar ao ar livre”, conta Sheilla, que mesmo no clube n�o esquece de se proteger. “Uso protetor e depois o repelente.”No �ltimo m�s, os gastos da fam�lia com repelentes e inseticidas chegaram a R$ 200. O filho � alvo constante desse tipo de prote��o. “A pediatra falou que poderia passar repelente at� tr�s vezes por dia, mas, como o efeito � de quatro horas, passo at� cinco vezes”, lembra. Antes do surto do zika e de outras doen�as, o repelente era usado esporadicamente, apenas nas idas a s�tios ou lugares com muitos mosquitos.
Com 21 dias de vida, a pequena Isabela e o irm�o Th�o, de 4 anos, est�o sempre sob os olhos atentos da m�e, a dona de casa Luciane Cavalcante, que teve dengue um m�s antes de engravidar. Mesmo com poucos mosquitos circulando no apartamento onde vive, em Betim, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, Luciane optou por colocar cortinado no ber�o e vigiar a situa��o de perto. O uso de repelente ainda � uma d�vida que ela vai esclarecer com o pediatra da filha. “Sempre que vamos a um lugar, onde acredito que ter� mosquitos, passo repelente no Th�o. No caso da Isabela, quando a pediatra liberar, eu usarei”, diz.
Entre as recomenda��es para aqueles que podem ter complica��es a partir da contamina��o pelo Aedes aegypti, o professor e pesquisador �lvaro Eduardo Eiras, do Departamento de Parasitologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), lembra a necessidade de “estar em alerta o tempo todo”, independentemente das prefer�ncias do mosquito – que na teoria age com mais frequ�ncia entre as 7h e as 8h, no fim da tarde e no in�cio da noite, entre as 18h e as19h, e deposita seus ovos em locais com �gua limpa. “O mosquito vem h� v�rios s�culos acompanhando a vida do homem e pode atuar em situa��es al�m dessas. A divulga��o � feita como se houvesse um padr�o para o comportamento do mosquito, e n�o h�”, avalia.
No caso dos rec�m-nascidos e pessoas doentes, a indica��o � usar mosquiteiros. O especialista lembra que, al�m de se adequar a diversos ambientes, o vetor tem batimento das asas inaud�vel pelo homem, ao contr�rio do pernilongo comum, o Culex pipiens. Entre as caracter�sticas do Aedes, est�o ainda voos que chegam a 2 metros de altura, a possibilidade de picar outras regi�es do corpo, como o rosto e pesco�o, e a prefer�ncia por picar pessoas que estejam vestindo roupas escuras. Sobre as complica��es da doen�a, Eiras explica que a situa��o pode ser agravada, principalmente, entre pessoas que tenham imunidade baixa ou outras doen�as associadas, como diabetes e problemas card�acos.
COMBATE AOS FOCOS A aposentada Herm�nia Teixeira de Rezende mora literalmente ao lado do inimigo e se desdobra para conviver com a amea�a da dengue e de outras doen�as. Uma cobertura pr�xima ao apartamento dela, no Bairro Gutierrez, Regi�o Oeste de Belo Horizonte, se tornou um risco para a vizinhan�a desde que foi abandonada, h� pelo menos oito anos, segundo ela. “A piscina est� cheia de �gua, os toldos arrebentados e sabe-se l� o que tem debaixo do madeiramento do deck”, denuncia.
A idosa, que tem diabetes e hipertens�o, teme pela sa�de e por poss�veis complica��es caso contraia a doen�a. “Se j� � permitida a entrada for�ada, por que n�o fazem isso aqui?”, questiona. Com o pre�o alto das telas antimosquitos nas janelas, ela opta pelo uso do repelente e por inseticidas, al�m de manter as janelas fechadas durante todo o dia. Procurada pelo Estado de Minas, a Regional Oeste informou que uma vistoria no local foi feita e o propriet�rio do im�vel, identificado e notificado. Uma nova vistoria foi programada para amanh�. Caso a vistoria n�o tenha �xito, nova notifica��o ser� emitida, o que respalda o poder p�blico a entrar no im�vel na pr�xima semana.
Embora haja grande esfor�o para eliminar focos de dengue, Eiras pondera que as medidas de combate s�o equivocadas, uma vez que, al�m dos criadouros, � necess�rio “matar as f�meas adultas com inseticidas, miscigena��o com insetos geneticamente modificados e armadilhas.”