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Estado de Minas

Universit�ria mineira rebate cr�ticas ao cabelo afro e v�deo se espalha pela internet

Depois de saber que colegas reclamaram do visual e sugeriram que ela cortasse as madeixas, jovem de 20 anos desabafou sobre o preconceito e recitou poema contra o racismo


postado em 24/02/2016 13:15 / atualizado em 24/02/2016 13:20

ESSA � MINHA RESPOSTA PARA VOC� QUE TENTOU ME RIDICULARIZAR. Um grupinho de alunos da minha sala se juntou na quinta para me ridicularizar. Falar coisas do tipo "Fulana j� que voc� � amiga dela, diz pra ela que o cabelo dela n�o ta legal, que ela est� levando a s�rio dms essa coisa de deixar cabelo natural" "ela poderia passar creme ne" "e se ela cortasse aquele cabelo" entre outros absurdos ...Eu poderia responder esse grupo de v�rias formas, mas escolhi a arma mais poderosa para jogar, as palavras. E ent�o, al�m de explicar algumas coisinhas para esse pessoal, finalizei meu discurso de feminista negra, tentando incorporar um poema do Thiago Yuri. MEU CABELO NAO � RUIM. RUIM � VOC� QUE FALA MAL DE MIM, E NAO TEM A CORAGEM DE OLHAR NOS MEUS OLHOS PARA ESCUTAR A RESPOSTA. � incr�vel a capacidade do ser humano em ser mesquinho. Mas sem problemas, eu sempre irei argumentar.Tirem essa caga��o de regras do meu caminho, pq eu vou passar com meu black, livre, leve, solto, pra cima e grande, SIM! LEMBREM... Faculdade nenhuma te ensina a respeitar os outros. Vamos ter mais empatia? Talvez esteja na hora de levar essas discuss�es para sala! Nunca deixem que lhe digam que seu cabelo � ruim. Ruim s�o eles que n�o sabem respeitar. Aproveitei a filmagem que algumas pessoas fizeram para mostrar que n�o estamos s�. Espero que chegue at� voc� !#naomecalo #aloinstituicoes #cadeorespeito?

Publicado por Brunielly Keith em Segunda, 22 de fevereiro de 2016
O desabafo contra o preconceito em rela��o ao cabelo afro feito por uma estudante de jornalismo de 20 anos est� repercutindo nas redes sociais. Moradora de Divin�polis, na Regi�o Centro-Oeste do estado, Brunielly Keith discursou na sala de aula ap�s ser alvo de cr�ticas. At� o in�cio da tarde desta quarta-feira, o v�deo com a resposta da universit�ria j� contava com mais de 150 compartilhamentos.

O epis�dio aconteceu na �ltima quinta-feira. Segundo Brunielly, ela havia faltado � aula quando uma amiga foi procurada por um grupo de colegas de sala. “Ela estava sentada no intervalo, mexendo no celular, quando um grupo de quatro pessoas come�ou a falar do meu cabelo com ela. Era �bvio que ela ia me contar. Eram coisas do tipo 'Ah, d� um toquinho nela que precisa passar um creme, cortar aquele cabelo, que ele n�o � bom', v�rias cr�ticas”, explica. A estudante soube do caso na manh� seguinte, quando havia acabado de ler o poema “O meu cabelo n�o � ruim”, de Thiago Yuri, e achou que poderia usar aquelas palavras para conscientizar os colegas.

Como n�o teve aula na sexta-feira, ela resolveu abordar a situa��o na �ltima segunda, 22 de fevereiro, quando o v�deo foi gravado por uma colega. “Foi quando eu pedi cinco minutinhos ao professor, antes do intervalo. Uma amiga minha filmou e postou no Facebook”, diz.

“Essas pessoas t�m que escutar esse poema pra entender que o meu cabelo n�o � ruim. Que voc�, voc�, e voc�, todo mundo aqui, � da forma que tem que ser. Eu n�o preciso ser magra, n�o preciso ter o cabelo liso pra ser um padr�o que eu sou bonita”, diz a estudante nas imagens gravadas dentro da sala de aula. Brunielly conta que duas das pessoas envolvidas nos coment�rios estavam presentes no momento do discurso. “Eu consegui ver pouco a rea��o deles, mas ficaram bem envergonhados, pelo que os meus amigos me contaram”, diz.

Brunielly assumiu o cabelo natural há quase dois anos(foto: Reprodução internet/Facebook)
Brunielly assumiu o cabelo natural h� quase dois anos (foto: Reprodu��o internet/Facebook)
Brunielly ficou incomodada com esse tipo de rea��o dentro do ambiente acad�mico. Ela est� no 6º per�odo do curso. “Uma turma de comunica��o social, jornalistas s�o formadores de opini�o. Que tipo de profissionais s�o esses que fazem esse tipo de inj�ria? Se a gente v� isso dentro da faculdade, o que ser� que est� acontecendo nas escolas?”, questiona. “O pessoal fala essas coisas sem pensar, e inj�ria racial � crime, n�o � brincadeira. A gente n�o pode falar sobre o outro julgando. � uma sala de comunica��o. No m�nimo o que se espera � mente aberta”.

A jovem ainda n�o sabe se vai denunciar o caso � Justi�a. “� complicado porque n�o sou testemunha, minha amiga que viu”, comenta. “Eu acho que o v�deo por si s� foi uma li��o de moral”.

ENGAJAMENTO
Brunielly conta que assumiu o cabelo afro h� quase dois anos e em outubro de 2015 criou um canal no Youtube voltado para pessoas que est�o em transi��o capilar – processo de abandonar as qu�micas de alisamento para recuperar a estrutura natural dos fios – e que t�m cabelo cacheado.

Ela conta que n�o � a primeira vez que foi alvo de coment�rios maldosos. “O que mais me marcou foi quando entrei em um �nibus e me sentei ao lado de uma senhora que disse que eu era bonita. Falou que eu tinha olhos bonitos, boca bonita, nariz bonito, mas que era uma pena eu ter esse cabelo. Na hora eu disse 'A senhora me d� licen�a porque n�o vou sentar ao lado de uma pessoa preconceituosa'”.

Para as pessoas que enfrentam o mesmo tipo de situa��o, ela aconselha. “N�o se calem jamais, nunca. Quem disser que o cabelo � ruim est� mentindo. Que conceito � esse de cabelo ruim? Ruim � ter que escutar piadinhas sem gra�a todos os dias e ter que ficar calada. N�o se cale”, diz.


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