Minas caminha para a pior epidemia de dengue da hist�ria

Minas d� sinais de que pode enfrentar neste ano a pior epidemia de dengue de sua hist�ria, superando, inclusive, a maior dissemina��o do v�rus j� registrada no estado, em 2013. A indica��o vem do n�mero de casos prov�veis (suspeitos e confirmados) da doen�a no primeiro bimestre, que j� � 62% maior que a quantidade registrada no mesmo per�odo de 2013. Segundo dados do �ltimo balan�o epidemiol�gico divulgado pela Secretaria de Estado de Sa�de (SES-MG), em 2013 houve 98.173 casos prov�veis entre janeiro e fevereiro. Neste ano, no mesmo per�odo, j� s�o 159.667 diagn�sticos e 14 mortes confirmadas, al�m de 38 �bitos em investiga��o. O alarme j� disparou antes mesmo da �poca em que � esperado o pico de infec��es, historicamente registrado em mar�o e abril.

Fernando Avendanho, assessor da Superintend�ncia de Vigil�ncia Epidemiol�gica Ambiental e Sa�de do Trabalhador da SES-MG confirma o quadro de epidemia no estado e as indica��es de que a situa��o tende a piorar neste ano. “Provavelmente teremos maior n�mero de casos que em 2013, apesar de todas as campanhas de mobiliza��o, empenho dos munic�pios e agentes de endemias, mas esperamos que isso se reverta de alguma forma”, avalia, lembrando a import�ncia de mudan�a de comportamento do cidad�o comum. Outra causa para o aumento dos casos, segundo a infectologista T�nia Marcial, � a circula��o de novo v�rus, o zika. Muitos casos da doen�a s�o notificados como de dengue, devido � sintomatologia parecida. Ainda de acordo com a m�dica, a tend�ncia � de que a cada tr�s anos, dada a baixa no sistema imunol�gico das pessoas, haja nova epidemia. Minas, segundo a especialista, vive a situa��o de surto da doen�a desde 1998.

Ontem, durante o inicio do servi�o de instala��o de telas de prote��o com inseticida em resid�ncia de gestantes, o secret�rio municipal de Sa�de de Belo Horizonte, Fabiano Pimenta, confirmou a situa��o enfrentada pelos munic�pios mineiros. “Com certeza, os dois primeiros meses fugiram da normalidade e comparativamente s�o maiores do que os da �ltima epidemia, em 2013”, diz ele, lembrando que em outubro de 2015 o munic�pio j� antevia a epidemia, a partir do volume de ovos depositados pelo Aedes aegypti nas armadilhas instaladas pela Prefeitura de Belo Horizonte. “A quantidade de ovos associada aos casos de microcefalia que vimos emergir no Nordeste fez com que decret�ssemos em dezembro a situa��o de emerg�ncia”, afirma.

Prote��o extra para gr�vidas

A confirma��o do v�rus zika em gr�vidas no estado p�e em alerta mineiras que j� esperam beb� e aquelas que querem engravidar. Em Minas, 47 gestantes tiveram diagn�stico confirmado para a doen�a at� 7 de mar�o, segundo a Secretaria de Estado da Sa�de. Em Belo Horizonte, segundo a Secretaria Municipal, s�o quatro casos confirmados em gestantes: tr�s moradoras da Regional Norte, duas delas no Bairro Jardim Guanabara, e uma na Regional Venda Nova. Para proteger esse grupo de risco, a Prefeitura de BH iniciou ontem a instala��o de telas de prote��o com inseticida nas janelas de moradias de mulheres em gesta��o.

Recebem a prote��o as que vivem em bairros em que h� a confirma��o de circula��o do zika v�rus e que estejam no primeiro ou segundo trimestre da gravidez. De acordo com o secret�rio Fabiano Pimenta, o projeto faz parte de estrat�gia da Organiza��o Panamericana de Sa�de, e h� um ano e meio a metodologia de uso da tela vem sendo estudada. “Depois de aplicada, h� a possibilidade de que a proposta complementar de controle do Aedes aegypti seja ampliada para outras cidades e estados”, informa Pimenta, que descreve o equipamento como a uma trama de malha fechada, impregnada por produto inseticida, com validade de cinco anos ou 20 lavagens.

Moradora do Jardim Guanabara – onde 60 pessoas passam pelo centro de sa�de diariamente com suspeita de dengue e h� duas gr�vidas com zika – a monitora de escola integral Izabelle Gomes de Oliveira descobriu h� poucos dias a gravidez, e foi uma das primeiras a receber as telas em casa. Preocupada com o surto de zika no bairro, ela conta que vive um misto de alegria e tristeza. “N�o estou triste pela chegada do meu filho, mas pelo momento que estamos enfrentando”, conta ela, que teme os efeitos do v�rus sobre os beb�s. Cuidadosa, Izabelle se protege com repelente e combate poss�veis criat�rios do mosquito onde mora. “Agora estou tranquila aqui, mas o problema � que n�o fico apenas em casa”, diz. A tela tem certifica��o ISO 9000 e 2000 e � autorizada pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa).