Falhas e desrespeito de motoristas de ve�culos de carga levam perigo a bairros de BH

A trag�dia na Rua Centauro, no Bairro S�o Bento, Centro-Sul de Belo Horizonte, deixou os moradores da regi�o apreensivos e revelou a press�o por mudan�as no local, iniciada muito antes do acidente. Um comerciante da Pra�a das Constela��es, onde come�a a Centauro, acredita que a atual configura��o da pra�a coloca os caminhoneiros em uma esp�cie de pegadinha. “A placa de proibi��o deveria estar na esquina da BR-356 com a Rua Medusa. Depois que o caminh�o desce, o motorista fica meio encurralado e acaba seguindo”, afirma ele, que prefere n�o se identificar. Outro comerciante que tamb�m pediu anonimato avalia que a solu��o seria colocar radares para ve�culos de carga, como os que j� existem nas avenidas do Contorno e Nossa Senhora do Carmo. “Semana passada, agentes de tr�nsito estavam aqui multando, mas como n�o ficam sempre, n�o � uma fiscaliza��o que iniba a circula��o de caminh�es”, afirma.

Dados fornecidos pela Prodabel mostram que a rua por onde o caminh�o carregado desceu desgovernado na quarta-feira, matando duas pessoas, tem inclina��o de 19,22% e desn�vel de 79 metros. A cota mais alta est� a 1.006 metros de altitude e a mais baixa a 927 metros. Ontem, investigadores da Delegacia Especializada de Acidentes de Ve�culos (Deav) solicitaram as imagens gravadas pelas c�meras da casa da advogada Elen Fernandes, de 67 anos, que mostram o ve�culo desgovernado acertando os muros de uma quadra de peteca e de uma casa que serve de garagem para caminhonetes de uma empresa. Morando h� 30 anos na Avenida C�nsul Ant�nio Cadar, ela conta que j� viu cinco batidas nos �ltimos seis meses, e acredita que a trag�dia s� n�o foi pior devido ao hor�rio.

“Nossa demanda � para que a Rua Centauro tenha m�o s� para subir. Quem n�o conhece o local, �s vezes n�o consegue parar na descida, pela configura��o da rua. Se o acidente fosse depois das 18h, a trag�dia seria maior, pois o tr�nsito costuma parar e v�rios carros ficam retidos onde o caminh�o passou”, afirma. Ela acredita que, com o registro das imagens, talvez agora as autoridades tomem provid�ncias.

Risco em mais endere�os

Belo Horizonte tem hoje 108 ruas com proibi��o do tr�fego de caminh�es, a maioria na Regional Oeste (37). Essas vias �ngremes, onde a proibi��o de circula��o de ve�culos de carga nem sempre � respeitada, levam perigos a muitos bairros da cidade. Isso continua ocorrendo mesmo em locais em que j� houve registros de acidentes graves, como a Rua Paula C�ndido, no Bairro Graja�, Regi�o Oeste. Em 30 de julho do ano passado, um caminh�o perdeu os freios, arrastou tr�s carros e se chocou de frente com o muro de uma escola. Por sorte, como era per�odo de f�rias, nenhum aluno ou pai foi ferido. Contudo, as professoras da escola contam que ainda � comum descerem caminh�es pela via, apesar da placa que pro�be esse tipo de tr�fego. “N�o respeitam as regras e com isso a gente fica pensando se vai acontecer de novo uma situa��o perigosa como aquela. Os caminh�es que descem por aqui t�m muita dificuldade de controlar e o freio pode n�o segurar. E nossa escola fica bem no fim da descida”, afirma a diretora Maria C�lia Luz Dias.

A inclina��o da Rua Paula C�ndido � de 21,6%, acima, por exemplo, do que � considerado adequado para a coleta de lixo, que � de no m�ximo 20%. Ainda assim, na via s�o vistos, mesmo em dias de chuva, ve�culos de carga cometendo abusos. “Na semana passada, mesmo debaixo de chuva, desceu um caminh�o grande por aqui. O motorista teve muita dificuldade para frear. Acho isso um risco para a seguran�a de moradores, de pessoas em outros carros e dos pr�prios condutores desses caminh�es”, afirma o aposentado Jo�o Bosco Fontoura, de 73, que uma vez por semana a esposa na porta de um pr�dio no alto da via.

A equipe do EM percorreu ainda as ruas Daniel de Carvalho, no Gutierrez, na mesma regi�o, Congonhas, no Bairro S�o Pedro, Regi�o Centro-Sul, e Professor Anibal de Matos, no Santo Ant�nio, tamb�m na Centro-Sul. Em todas elas, apesar da proibi��o, motoristas e moradores confirmam o tr�fego de ve�culos de carga e situa��es de perigo por esse motivo.