
Popular na internet, a “mosquit�rica”, como � chamada a armadilha feita com garrafa PET, microtule, fita adesiva e uma isca j� ganhou uma s�rie de adeptos. A inten��o � atrair o mosquito, que depositar� ovos no local, e capturar a larva, que ficar� presa na garrafa. Mas o bi�logo Rodrigo Monteiro da Mota, consultor em biotecnologia e inova��o que estuda os h�bitos do vetor h� 11 anos, explica que as engenhocas n�o s�o eficientes. “As larvas presas s�o a forma imatura do Aedes aegypti e n�o transmitem doen�as. N�o � s� o combate � larva que precisa ser feito, mas, principalmente, ao mosquito adulto que est� com o v�rus”, considera.
O especialista chama ainda a aten��o para os h�bitos biol�gicos do vetor, que deposita poucos ovos em v�rios locais, e n�o apenas em uma armadilha caseira. Outro problema, para ele, � o esquecimento de armadilhas em quintais, o que pode torn�-las criat�rios potenciais. Al�m disso, ele destaca a falsa sensa��o de prote��o e o consequente descuido com a vigil�ncia de outros poss�veis focos nas resid�ncias. “O ideal � se manter vigilante e fazer uma vistoria pelo menos uma vez por semana, sem usar t�cnicas que n�o foram comprovadas cientificamente”, alerta. “A internet n�o � melhor o canal neste momento. O ideal � procurar ajuda profissional, porque as ferramentas que podem parecer inofensivas na verdade n�o s�o”, acrescenta.
O professor �lvaro Eduardo Eiras, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e respons�vel pelo desenvolvimento de tecnologias usadas no combate ao vetor, entre elas armadilhas profissionais adotadas por prefeituras, refor�a a inefic�cia dos arranjos caseiros. “J� fizemos trabalhos com garrafa PET e percebemos que ela s� coleta o ovo do inseto e n�o funciona para controle da epidemia”, garante. Procurada, a Secretaria Municipal de Sa�de reiterou que a ado��o de m�todos caseiros n�o � recomendada, e que, se mal usados, esses recipientes se tornam ambientes prop�cios � prolifera��o do vetor.

CILADA Falhas na confec��o do recipiente caseiro tamb�m aparecem como preocupa��o e podem se tornar amea�as, ao permitir a libera��o do mosquito, alerta o pesquisador Fabiano Duarte Carvalho, da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Minas. Sobre o uso de armadilhas profissionais, ele explica que parte das estruturas dispon�veis s�o importadas e usadas em experimentos, mas n�o s�o indicadas para emprego dom�stico. O conselho, segundo ele, � canalizar energia para continuar combatendo criat�rios nas resid�ncias. “Mais que tirar os mosquitos de circula��o com as armadilhas, � preciso n�o deix�-los nascer”, ponderou.
A automedica��o, mesmo que natural, � outra medida que vem sendo adotada por pessoas que tentam se proteger da dengue, zika e chikungunya. Entre as iniciativas est� o uso de pr�polis, homeopatia, vitamina B, ch�s e c�psulas � base de alho ou cebola, que teriam efeito repelente. Mesmo sem comprova��o cient�fica sobre receitas do tipo, o aposentado Cl�udio Oliveira aposta no uso di�rio pr�polis e comemora o fato de n�o ter dengue h� oito anos. “Vejo v�rios casos de pessoas pr�ximas que tiveram dengue e me considero um privilegiado”, diz ele, que associa o resultado ao uso cont�nuo da subst�ncia. O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estev�o Urbano, alerta que � bom ficar longe de m�todos sem efic�cia comprovada no momento de epidemia. “N�o existe a comprova��o de que alimentos � base de algum ingrediente ou repelentes caseiros v�o evitar a picada do mosquito”, afirma.
SOLU��ES APROVADAS Entre as alternativas atestadas pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) para o combate �s larvas do Aedes aegypti est�o dois larvicidas biol�gicos, j� dispon�veis no mercado em spray e tabletes. O Denguetech, desenvolvido pela BR3 em parceria com a Fiocruz, funciona com a aplica��o diretamente na �gua ou em locais onde ela possa ficar acumulada, e tem efeito de at� 60 dias. J� o Biovech, segundo o presidente do Grupo FK Biotec, Fernando Kreutz, pode ser aplicado em vasos de plantas, pneus e garrafas e � inofensivo a animais, plantas e ao homem. “Trata-se de uma bact�ria chamada Bacillus thuringiensis var israelen (BTI), que provoca a morte das larvas”, explica. Os produtos custam entre R$ 30 e R$ 40.
A efici�ncia do uso de �leos de or�gano e de cravo para matar larvas, atestada por uma pesquisa da Pontif�cia Universidade Cat�lica de Minas Gerais (PUC Minas) e da Funda��o Ezequiel Dias (Funed), tamb�m � uma op��o para combater a epidemia. O pr�ximo passo do estudo ser� desenvolver a f�rmula para um larvicida, que ser� colocado � disposi��o no mercado. Segundo o estudo, em contato com criat�rios os �leos matam as larvas em at� 24 horas. A expectativa � de que at� o meio do ano a formula��o j� esteja pronta para ser apresentada � ind�stria.
Enquanto isso...
Presos acusados de agir como falsos agentes
A Pol�cia Civil apresentou ontem cinco acusados de assaltar uma casa, em 29 de fevereiro, passando-se por agentes de sa�de em trabalho de preven��o � dengue. O grupo cumprir� pris�o tempor�ria. As investiga��es da opera��o “Todos contra zika” apontaram Wemerson de Souza, de 34 anos, detido logo ap�s o crime, e outras quatro pessoas como os principais envolvidos. Segundo a pol�cia, eles chegaram em dois ve�culos a um estacionamento no Barreiro e dirigiram-se a um pr�dio da Rua Fl�vio Marques Lisboa, onde abordaram uma moradora, que permitiu a entrada deles, todos vestidos com uniforme da Zoonoses. Outras tr�s pessoas foram detidas e ter�o participa��o no crime investigada. Tamb�m foram apreendidos na a��o 11 pinos de subst�ncia semelhante a coca�na, uma bucha de subst�ncia semelhante a maconha, rel�gio importado, celulares e outros produtos.
A Pol�cia Civil apresentou ontem cinco acusados de assaltar uma casa, em 29 de fevereiro, passando-se por agentes de sa�de em trabalho de preven��o � dengue. O grupo cumprir� pris�o tempor�ria. As investiga��es da opera��o “Todos contra zika” apontaram Wemerson de Souza, de 34 anos, detido logo ap�s o crime, e outras quatro pessoas como os principais envolvidos. Segundo a pol�cia, eles chegaram em dois ve�culos a um estacionamento no Barreiro e dirigiram-se a um pr�dio da Rua Fl�vio Marques Lisboa, onde abordaram uma moradora, que permitiu a entrada deles, todos vestidos com uniforme da Zoonoses. Outras tr�s pessoas foram detidas e ter�o participa��o no crime investigada. Tamb�m foram apreendidos na a��o 11 pinos de subst�ncia semelhante a coca�na, uma bucha de subst�ncia semelhante a maconha, rel�gio importado, celulares e outros produtos.