
Centenas de fieis foram at� a Igreja de S�o Francisco de Assis, em Sabar�, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, para acompanhar a cerim�nia de abertura do Sepulcro do Senhor, tradi��o religiosa realizada durante as celebra��es da semana santa. Ao som de uma matraca e, ap�s a apresenta��o de um coral, padre Rog�rio Messias abriu a cerim�nia e descerrou a enorme cortina negra que impedia as pessoas de verem ao fundo a imagem de Cristo. O cheiro de manjeric�o, que j� podia ser sentido do lado de fora da igreja, se misturava ao de incenso, cuja fuma�a dava um tom l�gubre ao cen�rio.
“� uma cerim�nia paralit�rgica, ou seja, fora da liturgia, que pode ser realizada com ou sem o padre e que j� se tornou tradi��o na cidade. Estou em Sabar� h� cerca de seis anos e tenho observado que o interesse da popula��o pela cerim�nia s� cresce. � uma manifesta��o de f� e esperan�a para todos, portanto, deve ser preservada, como tantas outras”, esclarece o padre Rog�rio.
“H� muitos anos temos procurado manter e preservar as tradi��es da cidade. Sabar� � hist�rica, colonial e, embora seja pr�xima de Belo Horizonte, conserva ainda muitas tradi��es, como outras cidades do interior. V�rias solenidades s�o realizadas de uma forma barroca, com muita tradi��o e f�, por cerca de 200, 300 anos. Uma das coisas que a nossa equipe vem sempre trabalhando � a preserva��o desses valores, n�o s� religiosos, mas culturais. Hoje, aqui na abertura do Santo Sepulcro, temos tamb�m a vig�lia, que � uma linda tradi��o e tudo isso faz parte da hist�ria do sabarense”, ressalta Jos� Bousas, historiador e presidente da Comiss�o de Semana Santa.
Cerim�nia
Para a engenheira qu�mica Nath�lia Silva, de 25 anos, � uma tradi��o que deve ser mantida. “Venho aqui desde crian�a. Naquela �poca j� vinha acompanhando minha v�. “Para mim, significa a realiza��o da f�. “Venho � cerim�nia por mais de 15 anos. N�o perco uma, pois este � um momento de reflex�o, ora��o e perd�o. Acho que todos deveriam comparecer e elevar seu momento de f� e esperan�a”, diz a bab� Sara Frutuoso da Silva. “Venho � cerim�nia h� mais de 30 anos. � que ela significa muito para mim, procuro manter a tradi��o. E posso garantir que j� alcancei muitas gra�as. Aqui renovo minha f�, minha religi�o, minha esperan�a. Essa cerim�nia representa muito para todos n�s sabarenses”, ressalta a aposentada Maria L�cia dos Santos.
O matraqueiro oficial de Sabar�, Francisco D�rio dos Santos, de 43, participa da cerim�nia de abertura do Santo Sepulcro h� mais de 40 anos. “Venho � cerim�nia desde pequeno. Bater matraca era um projeto do meu pai, que j� havia herdado do meu av�. Ambos fizeram isso por muitos anos. Quando era pequeno, eu vinha com uma matraquinha feita por meu pai com latas de �leo. Depois, ele decidiu parar e passou a vez para mim, que continuo mantendo a tradi��o da fam�lia. A cerim�nia de abertura sempre me emociona, pois, al�m de ser linda, nos traz, a cada ano, mais f�, mais religiosidade, mais esperan�a. � muito importante e gratificante. � uma cerim�nia que o pr�prio povo criou e n�o a Igreja, dentro do templo de Jesus, perto do corpo de Jesus, numa quinta-feira de muita tristeza e solid�o. � quando a gente sente o perfume dos manjeric�es, que as pessoas trazem para perfumar a igreja e depois levam de volta os ramos bentos. � uma tradi��o que n�o pode acabar nunca.”
Abaixo-assinado
Ao mesmo tempo em que celebravam a abertura do Santo Sepulcro, os fi�is sabarenses pediam a Deus pela perman�ncia do padre Rog�rio, que dever� ser transferido da cidade, no fim de abril. Insatisfeita, a popula��o at� organizou uma abaixo-assinado, j� com mais de 1 mil assinaturas. “H� uma vontade muito grande da popula��o de que o padre Rog�rio permane�a entre n�s, pois ele d� muito apoio � tradi��o religiosa da cidade. Posso garantir que houve um crescimento a partir da chegada dele a Sabar�. Agora, em plena semana santa, receber a not�cia de que ele ser� transferido � muito triste. A popula��o est� inconformada. Ele � um padre que procura preservar as tradi��es mineiras”, lamenta o historiador Jos� Bousas. “Vamos rezar para que ele fique entre n�s”, salienta a bab� Sara Frutuoso. “Estamos muito chateados com isso. Padre Rog�rio fez com que muita gente voltasse a frequentar as tradi��es da Igreja”, conta Maria L�cia dos Santos.